Apocalipse: a origem do Mal



Apocalipse: a origem do Mal

 

            Por Ruy Porto Fernandes

 

            No sábado (shabat), dia 1º de tishrei no calendário hebraico e dia 19 de setembro de 2009 no calendário cristão, os judeus comemoraram o ano novo (rosh hashanah) de 5770 da criação dos céus e da terra (Gênesis 1.1 - em hebraico, ler da direita para a esquerda).

 

בראשית ברא אלהים את השמים ואת הארץ  Gn 1.1

 

(haaretz veet hashamaim et elohim bara bereshit  Gn 1.1)

 

Gn 1.1 No princípio criou Deus os céus e a terra.

 

            Isto, levando-se em conta apenas a cronologia registrada na Bíblia, e sem considerar o registro cronológico da geologia da terra e os registros fósseis que a natureza nos proporciona. Por que a contagem do tempo bíblico e a descrição da criação são simbólicos. Pois a formação dos céus e da terra, bem como tudo que os integra, foi muito mais complexa e levou um tempo bem maior do que o texto descreve. Contudo, o texto bíblico nos dá uma pista importantíssima de dois princípios que Deus revela nesta parte da Escritura: Deus é a origem de tudo, mas não do pecado e do Mal. E que o Mal surgiu no segundo dia da criação.

 

            O verbo criar em Gn 1.1 não possui a mesma conotação que utilizamos. Esta ação deve ser compreendida como transformação. Rearranjo do que eternamente existia, da eterna forma espiritual, em uma nova forma. O universo visível foi formado a partir do simples ao mais complexo. O seu “elemento” formador, que possui uma única essência espiritual é invisível, e se combina para formar novas e maiores estruturas, que ganham estabilidade e dão origem às diferentes formas subatômicas particuladas de matéria ainda informe. Por analogia, tal como as subunidades atômicas que dão origem aos átomos de hidrogênio das primeiras estrelas, e estes dando origem aos diversos átomos da tabela periódica.

 

            O “elemento” que dá formação ao universo visível é o próprio Elohim (אלהים), que também são Espíritos e Deus (Jo 4.24). Esta é uma verdade que muitos não aceitam, pois interpretam o texto de Gênesis 1-11 literalmente. Não consideraram esta tradição oral como uma parábola, como deve ser interpretada.

 

            Este “elemento” são Espíritos que não se multiplicam e possuem existência eterna, um elemento primordial, Espíritos de Deus. Porém, antes do início da formação do universo visível, antes do primeiro dia, todos os Espíritos eram Santos, todos eram Espíritos de Deus. Todos os Espíritos aí coexistiam sem forma material, vegetal, animal, humana ou celestial, mas que posteriormente dariam origem estas formas.

 

            A Unidade procedendo a Diversidade e a Diversidade sendo Unidade. Esta verdade é reforça pela declaração, em Apocalipse 1.4, de Iaveh Elohim (יהוה אלהים), como: Aquele que é (nos dias atuais), e que era (antes que o universo material viesse existir e por todas as formas que Deus tem se revelado à humanidade), e que há de vir (por todas as formas que Deus assumirá até o juízo final em Ap 20.11-15, e depois, eternamente).

 

            Assim, antes que houvesse o primeiro dia (Gn 1.2-5), antes que a nova forma viesse existir, o propósito final já tinha sido estabelecido por Elohim e todos os Espíritos. Foi como um eterno acordo matrimonial dando formação ao universo material visível (o filho) a partir do universo espiritual invisível (o pai) (Hb 11.3). Este acordo é o simbolismo bíblico do primeiro dia quando Elohim disse “Haja a Luz” e que neste dia Elohim viu que sua obra era boa. Sim, a luz foi o acordo entre Elohim e todos os Espíritos para assumirem formas e funções, definitivas ou temporárias, porém eternas que dariam existência aos dois universos entremeados, o invisível e o visível. Céu e Terra, Pai e Filho.

 

            Gênesis 1.3 E disse Deus: Haja luz; e houve luz. 4 E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas.

 

            Portanto, para tal condição existir é necessário a dualidade. O céu e a terra. O invisível e o visível. O negativo e o positivo. A noite e o dia. O frio e o quente. O macho e a fêmea. E apenas o Amor. Ou seja, a força do convívio que produz a vida.  Até este momento o ódio não existia, e também não fazia parte da existência. O ódio também não faz parte da dualidade de Elohim. A verdadeira dualidade se complementa, é criativa e coexiste em paz. Contudo, o amor e o ódio não se complementam, não criam, não podem coexistir e nem viver sob a paz, o ódio é destruidor.

           

             Mas Elohim, mesmo assim, diante dessa adversidade, deu prosseguimento ao seu projeto, com a formação dos céus, a expansão entre as águas divididas. 

 

            Gênesis 1.6 E disse Deus: Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas. 7 E fez Deus a expansão, e fez separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão; e assim foi. 8 E chamou Deus à expansão Céus, e foi a tarde e a manhã, o dia segundo.

 

            Nesse dia, e eis aqui a importantíssima chave para o entendimento da verdade, Elohim não diz que esta obra tinha sido boa. Isto, porque houve a rebelião que deu origem ao Mal e a eterna aliança foi quebrada. Os espíritos rebeldes, agora denominados demônios, liderados por Lúcifer (Is 14.12-15; Ez 28.14) deixaram de ser santos e tornarem-se malignos. O Mal e o Ódio vieram à existência por obra desses espíritos rebeldes que propõem outro sistema. Um ciclo de vida e morte para este universo por toda a eternidade. E, impondo uma coexistência junto à Elohim e aos Santos Espíritos, tanto no âmbito invisível como no visível. Essa parte rebelde, liderada por Satanás, e simbolizadas pela antiga serpente (Gn 3.14; Ap 12.4,9,14,15; 20.2), o dragão, arrastou um terço das estrelas do céu com a sua mentira.

 

            Mas o restante, os dois terços liderados por Iaveh Elohim deram continuidade ao projeto inicial, a vida eterna dos universos, invisível e visível. E as conseqüências desta rebelião perduram até hoje e estão estampadas no pecado e queda do homem, e na sujeição da natureza, que geme em dores de parto (Rm 8.22,23) aguardando a redenção final. Portanto, o projeto inicial, que poderia levar apenas 5770 anos, atingiu a cifra de 15 bilhões de anos, como se estima a idade do universo visível atual. E a terra, que poderia atingir sua plenitude em pouquíssimo tempo, levou 4,5 bilhões anos.

 

            Para a redenção final de tudo Iaveh Elohim providenciou a salvação, que se cumpriu em Seu Filho Jesus Cristo. Isto, por meio do seu nascimento e vida (Jo 1-17), morte (Jo 18-19), ressurreição (Jo 20) e entronização (Ap 4-5), como expôs o mártir Estevão diante de seus algozes, conforme registrado no capítulo 7 do livro de Atos dos Apóstolos.

 

שנה טובה ומתוקה

Shanah tovah, u’metuka!

Um bom e doce ano! E acrescento, na Paz do Senhor Jesus Cristo.

 

Niterói, 21 de novembro de 2009


Autor: Ruy Porto Fernandes


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