SABER OUVIR, SABER ESCUTAR



SABER OUVIR, SABER ESCUTAR

 

Ana Maria do Espírito Santo (Licenciada em Química)

Ivani Acácio (Licenciada em Letras)

Jane Cristina (Licenciada em Pedagogia)

Júnia Santana (Licenciada em Geografia)

Lucimar Geraldi Barteli (Licenciada em Matemática)

Selma Gonçalves Mariotti (Graduada em Administração de

Empresas com Formação Pedagógica em Matemática

 

Segundo Ruben Alves, precisamos exercitar o prazer da “escutatória”. Talvez o leitor mais desavisado esteja imaginando que o termo correto seja oratória, aquela antiga arte que já os gregos antigos exercitavam brilhantemente quando dirigiam seus discursos ao povo ateniense. Mas, não, caro leitor, nosso brilhante educador Ruben Alves fez, realmente, uma apologia à “escutatória”, ou seja, a arte de escutar. Mergulhando na profundidade de suas reflexões, percebemos o quanto estamos distantes do ideal apregoado pelo inspirado escritor.

Na realidade não sabemos ouvir, pelo contrário, sabemos falar e falar, fazendo prevalecer, sempre, nossas idéias, considerações, pensamentos, nossa verdade absoluta...

Quando calamos, se calamos, não estamos refletindo sobre o que o nosso semelhante nos comunica. Nosso silêncio é apenas a “espera pelo momento em que vamos reiterar nossas “verdades”. O ser humano não sabe ouvir. Não sabe alimentar-se das palavras do outro como algo que possa saciar nossa sede de conhecer e aprender. Em sua exímia prepotência, o ser humano fala, expõe idéias, grita, reclama, sem dar ouvidos ao que o com o seu próximo pode contribuir. Somos todos assim, em nossa vida cotidiano, em nossa família, em nosso trabalho, com nossos amigos.

A vida é “barulhenta” é “confusa” quando o silêncio não é permitido.

Nessa perspectiva, percebe-se que na Educação existe, também, muito barulho, todos falam. Desde, as instâncias superiores que conduzem os destinos, passando pelos funcionários, técnicos, coordenadores, diretores, até chegar ao professor que, por sua vez, ergue sua voz, certo que suas incansáveis palavras chegarão aos “ouvidos certos”, tais “ouvidos”, que ouvem muito bem, são os alunos, que, por sua vez, pouco falam, pouco expressam seu pensamento, conscientes de que não têm nada a dizer diante da turbulência das palavras daqueles que detêm o poder da oratória.

É preciso refletir acerca destas sérias questões que surgem latentes no processo educativo.

Escola é vida e assim como precisamos exercitar nossos ouvidos para ouvir e nossa boca para calar, ao longo de nossa existência, devemos deslocar tal pensamento para a realidade da sala de aula. Tentemos, pois, exercitar o poder da escutatória, em um exercício profícuo de respeito ao outro, ao que tem a nos dizer, com o que pode contribuir para o nosso crescimento pessoal. E hora de ouvirmos nossos alunos. Eles já vêm praticando a grandiosa aventura da escutatória é hora de darmos a eles, os instrumentos para que desenvolvam também, o poder da oratória. Quem sabe, assim, mesclando o falar e o ouvir, inicie-se um momento mais fecundo para a educação.


Autor: Selma Gonçalves Mariotti


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