O Imperialismo Norte Americano na América Latina



José Genário Mesquita Bezerra[1]

Resumo

Procurando analisar as relações dos EUA com a América Latina, o império dentro do continente e a dependência criada nessa relação, a resistência criada por alguns países e o apoio de outros na implantação do império na America, a situação do Brasil e da Venezuela, assim como a Colômbia, com as FARCs. Procurando ver o processo desde o inicio da ocupação americana na America Latina até os dias atuas. Analisando as novas faces do imperialismo na e quais as ferramentas que os mantém no controle da situação.

Palavras –chave; imperialismo, intervenção, dependência, hegemonia.

Introdução

No presente artigo procuro analisar as ações imperialistas dos EUA na América Latina, a influência que essa potência vem impondo na região sul do continente, a dependência econômica e financeira dos países latinos em relação à potência americana vista pelos latinos, buscar analisar as decisões de países como a Venezuela de Hugo Chávez e a Bolívia de Evo Morales.

Escrever sobre os EUA nas suas relações com a América Latina é preciso ter muito cuidado com as fontes, uma vez que a literatura desenvolvida pelos países capitalista se apresentam com mais facilidade, assim como nos diz James Petras, que os teóricos do capitalismo tem a maquina produtiva a seu favor, dessa forma as produções desenvolvidas para esse fim chegam com mais facilidade em todos os mercados do planeta. Entrar em contato com o discurso dos latinos americanos é uma oportunidade de ouvir suas perspectivas para a América em enfrente as relações com os EUA.

A expansão americana na América não é recente, entretanto sua artilharia de guerra chega à America assim como já chegou a muitos lugares do mundo, de forma ainda disfarçada ou porque não dizer por meio da terceira via, ou seja, buscam um fato como na Colômbia com a proposta de acabar com o narcotráfico instalou bases militares naquele país, o plano Colômbia é bem mais que uma simples intervenção militar é uma forma de mostrar todo o poderio militar aos outros países da América Latina, como forma de legitimar o poder na região.

Claro que os EUA não querem simplesmente uma base militar, o principal objetivo é a economia, as empresas multinacionais dos EUA precisam de mercado, sendo assim é preciso entrar no país de qualquer forma, como o movimento guerrilheiro na Colômbia é muito grande então há uma possibilidade de perda do poder pela elite, então os imperialistas apóiam as elites para barrar possíveis movimentos de esquerda e assim tendo a oportunidade de entrar com suas empresas multinacionais.

O olhar voltado para a América lançado pelos norte americano não é recente, desde a sua fundação como país que esse vem buscando uma completa e total subordinação dos latinos americanos a seu julgo, no entanto, as resistências vem crescendo a cada momento e como afirma autores como James Petras, atualmente há uma configuração nova na América e uma ótima oportunidade para uma economia latino americana livre de dependência Norte americana.

A origem da expansão Norte americana para América Latina.

A defesa dos ideais de superioridade dos EUA na América vem da ideologia do destino manifesto, segundo essa ideologia, os estadunidenses seriam superiores aos outros povos do continente, por isso teriam como destino civilizar os demais povos da América, como espanhóis, indígenas e portugueses.

Essa ideologia se confunde com a Doutrina Monroe, presidente dos EUA em 1823, durante um discurso, ele pronunciou a frase "América para os americanos", não no sentido de proteger os americanos dos europeus, mas tão somente no sentido de que os norte americanos é que teriam que dominar o continente. Vejamos o que nos diz esse livros didático do professor Oldimar Pontes Noronha.

"Em 1901, Theodore Rooseverlt, antigo chefe de policia de Nova York, foi eleito presidente dos EUA, seu ditado era "Speak softly and carry a big strick, you Will GO far" (fale manso e sempre carregue um grande porrete, você vai longe). A partir daí política externa dos EUA, marcada pelo Destino Manifesto e pela doutrina Monroe, ficaria conhecida como a " Big Strick Diplomcy" – Diplomacia do Grande Porrete."[2]

Os manuais didáticos reproduzem com muita eficiência o que a mídia manifesta, sendo que nessa passagem é exatamente a idéia que muitos latinos americanos têm, a potencia norte americana voltou os olhos para a America Latina, sendo que a questão é bem mais ampla do que uma simples ideologia, a economia norte americana desde sua formação que precisa de fatores externos, sua economia foi sempre representada pela exportação de mercadorias,

É nesse ponto que precisamos adentrar para a questão do imperialismo, a opção dos EUA pela America foi devido à falta de condições para competir com países da Europa em muitas outras regiões do planeta, quando os países europeus criaram a UE (união européia),uma grande quantidade de mercadorias e capitais passaram a integrar a economia desse país, sendo que muitas negociações dos EUA com países do leste europeu foram interrompidas, pois era mais rentável para esses países negociar com seus vizinhos.

A nova ordem econômica mundial e os EUA na América

Devido a essas questões os EUA procuraram entrar com maior força na América Latina, sendo que desde as ditaduras na América que esse estado imperialista vem patrocinando atividades de manutenção de sua influencia nessa parte do continente. Segundo a autora Marina Oliveira Lopes,

"A ofensiva do capital nos anos 1980 e 1990 foi em direção principalmente a América Latina, a principal vítima do imperialismo. Para efetivar a política de criação de condições do capital financeiros, os estados nacionais deveriam não só criar garantias de inversão do capital transnacional mediante regimes de propriedade, de comunicação e de intercâmbio adequados, mais criar condições de produção e produção."[3]

A intensificação das atividades na América vem sendo apoiadas pelas elites locais e por muitos políticos dos países latinos americanos como no caso brasileiro de oito anos do presidente Fernando Henrique Cardoso que deu grande prioridade em seu governo a venda de empresas nacionais para empresas Norte americanas, sendo que essas vendas de empresas abriram caminho para uma entrada sem precedentes de empresas no pais e saída sem precedentes de capitais do país. Nesse ponto é importante enfatizar o papel dos organismo dos EUA nesse campo como o FMI ( fundo Monetário Internacional) o BIRD ( Banco Mundial) entre outros como a OMC (organização Mundial do Comercio) sendo dessa forma as relações estabelecidas dentro de países como o Brasil vem acompanhado de empréstimos efetuados pelo FMI ao governo para melhorar a infra-estrutura do pais, sendo que essa melhora na nada mais é que preparação para receber uma grande empresa.

Para se ter uma idéia da dependência desses países a economia norte americana é preciso olhar o caso do Brasil quando sua divida externa no período FHC aumentou o triplo da divida adquirida pelo militares, em milhões de dólares em 1995 inicio do governo FHC a divida era de 129.313,00 em 2000 a divida era exatamente de 215. 414,56,[4] isso mostra a facilidade com que o governo americano conseguir tornar dependente a economia brasileira em apenas quatro anos de governo que se estendeu por mais quatro anos.

No entanto na década de 90 e inicio dessa podemos perceber uma nova configuração da esquerda dentro da America, no Brasil com a chegada no poder do PT como o presidente Lula uma nova forma de relação com os EUA se apresentaram, basta ressaltar que as negociações para a criação da ALCA ( área de Livres Comercio das Américas), que já estavam bem encaminhadas foram praticamente esquecidas, uma vez que o Brasil assume o lugar de liderança na América Latina aumentando as relações do econômicas com seus vizinhos com o fortalecimento do MERCOSUL ( Mercado Comum do Sul). No entanto a posição do presidente Lula é de direita, não tendo rompido com nenhuma das relações com os EUA.

Hugo Chávez e Evo Morales e as relações com o império

Outros países também tomaram posições diferenciadas com o trato aos EUA como a Venezuela de Hugo Chávez, este que chegou ao poder através do foto e com ajuda do exercito venezuela, desde então vem governando a Venezuela com as costas voltadas para os EUA, suas declarações são muito clara de repudio ao império norte americano e suas relações com America Latina. As palavras de Chávez estão sempre prontas a defender os interessas latino americanos.

Hugo Chávez: Eu sou militar e alguns de meus companheiros também são. O papel dos militares na América Latina já foi definido por Simon Bolívar, líder, libertador e militar, há quase duzentos anos. Em sua última proclamação, Bolívar disse: " Os militares devem empunhar suas espadas para defender as garantias sociais". A última coisa que um militar deve fazer é servir ao imperialismo e às oligarquias dominantes e arremeter contra seu próprio povo, como já aconteceu em inúmeras ocasiões em nosso continente. Bolívar, numa ocasião, disse que "maldito seja o soldado que se lance contra seu povo".[5]

Nesta ultima vez que Chávez se encontrou com o atual presidente dos EUA Obama lhe entregou um livro do escritor paraguaio Eduardo Galeano, As veias abertas da America latina, uma referencia para quem procura ver as produções marxistas dentro do imperialismo norte americano na America Latina, esse fragmento do discurso de Chávez onde ele ressalta a posição dos militares no processo de imperialismo, fazendo uma alusão a situação da Colômbia, onde o exercito colombiano em conjunto com o exercito dos EUA vem promovendo uma verdadeira guerra civil naquele país contras as FARCs (Forças Armadas revolucionária da Colômbia) essa organização guerrilheira vem a muito fazendo grande oposição ao governo colombiano, uma vez que esse é cliente do EUA, está recebendo ajuda americana por meio da terceira via dos EUA.

Assim como Chávez na Venezuela outro eco de liberdade perante os EUA ouvimos ainda que de forma mais tímida o presidente boliviano Evo Morales, vem buscando fundamentar sua administração na nacionalização de empresas multinacionais em seu país, uma amostra de afronta as decisões e pretensões dos norte americanos que desejam uma dominação total do continente.

O grande projeto de Chávez é criar um socialismo na Venezuela, Segundo o presidente, o primeiro ciclo da revolução do país começou em 1989 com o Caracazo, a revolta popular contra o levantamento de subsídios pelo presidente Carlos Andrés Pérez, e terminou com a posse de Chávez para o primeiro mandato, em 1999. Com sua chegada ao poder pelo voto, em 1999, iniciou-se o segundo ciclo, em vigor atualmente. A terceira iria de 2009 a 2019. Em seu pronunciamento no domingo, Chávez explicou que a eleição ilimitada institui a "pátria eterna", com base no socialismo.

Inúmeras reformas foram realizadas na economia da Venezuela, nacionalização das empresas de petróleo no país, industria de base como as siderúrgicas forma nacionalizadas, a maior quantidade de petróleo da OPEP (organização para exportação de petróleo) que circula nos EUA saem da Venezuela, sendo desta forma as relações entre esses países ainda é bem direta, no entanto, muito já foi conseguido com o presidente Chávez, a economia da Venezuela está muito mais solida e tendo maiores chances de crescimento do que a Colômbia e México que vem comungando com a política Norte americana.

As relações que o imperialismo cria é uma dependência silenciosa, ou seja, em muitos casos não há guerras como no Vietnã ou no Iraque, apenas relações de clientelismo com os políticos locais, mantendo as leis dos estados funcionando e a seu favor, manter a organização do estado e amplia o que lhe vai favorecer, usando os padrões de comercio, inversão, exploração a partir dos poderes de Estado e das Classes ou frações hegemônicas. Como nos afirma Petras construindo um novo estadismo para interferir em todos os lugares para inserir o capital.

"Entretanto, atualmente o Estado intervém em todas as partes para inserir o capital, ou seja, o modo de produção capitalista. A circulação é muito mais ampla porque a extensão e espaço são muito maiores. A capacidade de penetrar capitais, intervir, ganhar é muito mais entendida devido á hegemonia do capital financeiros."[6]

O autor James Petras faz considerações importante a respeito do imperialismo norte americano na America Latina, mostra que o estado dos países clientes continuam ativos, mantendo suas regras, só que o estado de bem-estar é interrompido, pois se impo novas regras, novas intervenções. Essas novas intervenções fitas por um estado dentro de outros estados, no caso dos EUA é feito pelos organismo já citados antes, no caso mais especifico a ONU ( organização das nações unidas) e o FMI pois os EUA por meio da ONU são capazes de estabelecer sansões econômicas, como o embargo feito a Cuba, usando qualquer desculpa para tal, tipo falta de cooperação, terrorismo como no Iraque, entre outras.

O FMI empresta dinheiro aos países da America, contudo faz intervenções onde esse dinheiro pode ser gasto, havendo assim uma intervenção direta na economia desse país. Sendo que essa parte do estado imperial é que está mantendo sua expansão ao mundo e a America, uma vez que legitima seu poderio, qual pais vai romper de vez as relações com os EUA e não ter medo de uma retaliação do tipo sofrida por Cuba. A Venezuela de Chávez ainda não rompeu porque precisa vender seu petróleo e teme uma retaliação desse tipo.

Breves considerações

As palavras do presidente venezuelano Hugo Chávez nos dá uma idéia bem clara da situação da America latina hoje, quando ele afirma que não se pode fechar uma país das relações com os demais, na situação econômica que o mundo vive hoje, no entanto afirma que aceita a política imposta e não proposta pelos EUA é um crime, é renegar todo o passado de luta desse continente contra exploração desumana que outrora já se criara na America com a escravidão e a dependia da Europa.

Os modelos de dominação norte americanas são bem claras e os exemplos estão a prova, como México, seu vizinho e parceiro comercial, tem uma economia fragilizada, pois as relações são desiguais, uma vez que os EUA tem empresas para ir ao México e vender seus produtos, os mexicanos não tem acesso aos bens de consumo básicos e continuam na dependência, divida externa crescendo e economia estabilizada.

O império norte americano é formado por uma economia baseada na especulação de capitais, nesse momento está passando por uma crise que explodiu no setor imobiliário e sacudiu toda a economia do país, sua expansão está baseada no terorrismo de estado, que se fortaleceu e apareceu com maior força e menos disfarce após ao ataque as torres gemes de Nova York.

O panorama econômico mundial aponta para essas questões, EUA procurando mercado a qualquer custo, cabe aos estados emergentes dizer o que querem, em certo ponto o que podem fazer diante dos apelos militares do EUA. Não podemos negar que esse pais é de fato a maior potencia militar do planeta, e como tanto não dispensa oportunidade para mostrar sua força.

Bibliografia

Banco Central do Brasil. Disponível em: WWW.bcb.gov.br, acesso em 30/04/2009.

Cardoso, Oldimar Pontes, Historia Hoje, 1ª Ed. São Paulo, Ática, 2006.

Konra, KaiserOs Militares Latino-Americanos Vistos por Hugo Chávez, WWW.defesanet.com. Acesso em 01/05/2009.

Oliveira, Mariana Lopes. As novas faces do imperialismo norte-americano:balanço teórico. In WWW. Rebelion. Og. Acesso em 01/05/2009.

Petras, James. Império e Políticas revolucionárias na América Latina, - São Paulo. Xamã, 2002.




Autor: GENARIO BEZERRA


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