Apocalipse: Aparência e Imanência de Deus



Apocalipse: Aparência e Imanência de Deus

 

Por Ruy Porto Fernandes

 

            No capítulo 4 do livro do Apocalipse a Aparência e Imanência de Deus também são destaques. Esta importante leitura está na descrição dos seus símbolos, que podemos entender associando-os ao conhecimento da nossa realidade, de nós mesmos e do universo.

 

            Alguém está assentado no trono, que sabemos ser Deus, mas sem feição aparente (Ap 4.2). Contudo, sua descrição surpreende por ser em forma de cores, de brilho. Ou seja, fótons de todas as energias que irradiam do próprio Deus, que preenche o céu, a própria expansão do universo e de todo o espaço (atômico e cósmico).

 

            Ao redor do trono há vinte e quatro tronos e assentados sobre os tronos vinte e quatro anciãos (Ap 4.4). Do trono saem relâmpagos (eletricidade), e trovões, e vozes (som), e diante do trono ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus (Ap 4.5). Diante do trono há um mar de vidro semelhante ao cristal (Ap 4.6) e, no meio do trono, e ao redor do trono estão quatro seres viventes cheios de olhos, por diante e por detrás (Ap 4.6).

 

            As preposições utilizadas neste capítulo foram cuidadosamente escolhidas para demonstrar a interação de todos os personagens descritos na visão. E, pelo trono e este Ser estar no centro de toda a visão, significa que todo o conjunto descrito deve ser integrado, levado em consideração, pois Deus é o Ser Corporativo e Cooperativo!

 

            Devemos ter em mente que Deus é Espírito (Jo 4.24). Portanto, tudo o que foi descrito nesta visão também deve ser visto como Espíritos e Deus. Assim, Deus e os Espíritos se manifestam de muitas formas. Porque todas as formas aqui descritas são Funções Espirituais de Deus. Invisíveis aos nossos olhos, porém apreendidas em nossa mente e espírito pela fé.

 

Os quatro seres viventes, como função espiritual de Deus, estão relacionados com a natureza viva, tanto homens como animais, não só pela imagem que eles representam como também pelo seu número, que fazem correspondência à nossa realidade. Pois, o número quatro tem relação com a terra e o universo.

           

            São quatro dimensões no universo: três do espaço (comprimento, largura e altura) e uma do tempo. O espaço-tempo em que Deus e nós coexistimos.

 

            São quatro forças que mantém a estrutura e coesão da matéria e do universo: 1) força nuclear forte, que mantém coesas as partículas que compõem os prótons elétrons; 2) força nuclear fraca, que proporciona o decaimento nuclear, isto é, a radioatividade dos elementos e isótopos; 3) força eletromagnética, que mantém os elétrons nas órbitas atômicas e proporcionam a coesão dos átomos em suas moléculas; 4) força gravitacional, que mantém a estrutura aos corpos celestes e ao universo.

 

            São quatro bases aminadas que compõem a estrutura de todos os ácidos nucléicos responsáveis pela existência de todas as células em todos os organismos. Adenina, timina, citosina e guanina no ácido desoxirribonucléico (ADN), responsável pela duplicação celular, pela perpetuação da espécie e produção do ácido ribonucléico (ARN). Adenina, timina, citosina e uracila no ARN, responsável pela formação das proteínas para o funcionamento celular.

 

            É importante notar que os quatro seres viventes em Ap 4.6-11 são diferentes dos seres viventes descritos no primeiro capítulo de Ezequiel. Isto se deve ao tipo de processo da formação da natureza conduzido por Deus, por meio da função espiritual dos seres viventes.

 

            Desde Gênesis até o Apocalipse a natureza foi formada em meio ao Mal, e sob o domínio do pecado e da morte. Daí a formação dos animais e do homem vir de uma mesma fonte celular primitiva, conforme a evolução das espécies constata. E, também simbolizados naqueles quatro seres viventes do livro de Ezequiel, pois possuem as quatro faces em si mesmos.

 

            No livro do Apocalipse, e após a vitória de Deus e de Nosso Senhor Jesus Cristo, cada ser vivente possui uma única face. Isto, simbolizando que a partir dessa vitória, e da parousia, a natureza e as espécies serão mantidas sem evolução por toda a eternidade.

 

            O Mal já estará aprisionado (Ap 20.1-3) e não poderá interferir na natureza de Deus. Nesse período milenar, a natureza, por não sofrer mais o domínio do Mal, terá um perfil diferente do que tem agora, cumprindo-se o que foi profetizado em Isaías 11.6-9. Portanto, os seres viventes, e os olhos que os cobrem, simbolizam a função espiritual de Deus que dá forma e sustenta o sistema vivo como um todo por toda a eternidade.

 

            Outro símbolo que podemos perceber é o centro. Tal como o átomo possui um centro no qual se aninham prótons e nêutrons, e a eletrosfera circunda este núcleo, assim também são as células com seus núcleos, os sistemas solares, as galáxias e, provavelmente, o próprio universo. Deus é o centro. Deus é imanente. Ele é o centro de tudo e de todas as coisas. Se Deus não for o centro nada existirá ou subsistirá.

 

            Tal como Deus é complexo em sua Aparência, possuímos a mesma complexidade em sua imagem e semelhança.

 

Niterói, 2 de dezembro de 2009.

 


Autor: Ruy Porto Fernandes


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