Obesidade Infantil - Revisão Bibliográfica



O objetivo deste artigo foi traçar um contexto evolutivo das questões da obesidade e da necessária atenção para com as condições de interação com o meio por crianças obesas. Assim, foi feita uma revisão bibliográfica sobre o tema, considerando conceitos fundamentais acerca da obesidade, destacando tipos e formas de manifestação. A partir daí, considerar os principais aspectos da causa da obesidade infantil. Concluiu-se com o presente estudo que apesar da obesidade poder ser genética, ela também pode ser ocasionada pela falta de exercícios físicos, de uma alimentação saudável e pelo consumismo exagerado.

1 INTRODUÇÃO

Este artigo tem o objetivo de traçar um contexto evolutivo das questões da obesidade e da necessária atenção para com as condições de interação com o meio por crianças obesas.

Assim, será feita uma revisão bibliográfica sobre o tema, considerando conceitos fundamentais acerca da obesidade, destacando tipos e formas de manifestação. A partir daí, considerar os principais aspectos da causa da obesidade infantil.

2. A OBESIDADE NO BRASIL E NO MUNDO

A definição de obesidade implica emexcesso de tecido adiposo, embora seja difícil definir o significado de excesso. Não se levando em conta as considerações estéticas, a obesidade pode ser encarada como qualquer grau de adiposidade excessiva que implique riscos para a saúde. (WILSON et al, 1995).

De forma geral, a obesidade pode ser definida como uma doença crônica multifatorial que se caracteriza pela acumulação excessiva de gordura, a um nível tal que a saúde esteja comprometida.

Não só nos países desenvolvidos a prevalência de obesidade vem aumentando. Nos chamados países emergentes, como é o caso do Brasil, o aumento do número de indivíduos obesos é alarmante.

Os dados do IBGE obtidos em dois períodos (1974-5 e 1989) mostram que a proporção de indivíduos com sobrepeso se elevou de 16,7% para 24,5% e de indivíduos com obesidade se elevou de 4,7% para 8,3% (OMS, 2004).

Um dos mais importantes fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis como hipertensão arterial, diabetes, câncer e doenças dos rins e do coração é a obesidade. Mais de 32% da população adulta brasileira possui algum grau de excesso de peso em todas as faixas etárias e níveis sociais. O aumento do consumo de frutas e verduras pode evitar a obesidade e melhorar a qualidade de vida da população (OMS, 2004).

O aumento de peso no grupo das crianças pode tornar maior o risco da obesidade em adulto e ainda aumentar o risco de doenças crônicas não transmissíveis (OMS, 2004).

De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil, cerca de 32% da população adulta apresenta algum grau de excesso de peso, sendo que destes, 27% são homens e 38% mulheres. Muitos indivíduos com excesso de peso são desnutridos, o que esclarece que a obesidade está relacionada com a quantidade de alimentos e não necessariamente com a qualidade.

Um estudo da Organização Mundial da Saúde — OMS revelou que a obesidade atinge 300 milhões de pessoas em todo o mundo e que outras 750 milhões estão acima do peso ideal. Em áreas em que há percentuais de subnutrição também aparecem nesta estatística, deflagrando que o problema não se restringe apenas aos países desenvolvidos. (OMS, 2004).

2.2. COMO SURGE A OBESIDADE

A obesidade e o excesso de peso são, em grande parte, determinados geneticamente, além de serem fortemente condicionados à disponibilidade de comidas palatáveis e ao sedentarismo. Pouco se sabe sobre a etiologia da obesidade. Existem, provavelmente, causas diferentes, e algumas podem coexistir no mesmo indivíduo (WILSON et al, 1995).

Quando a ingestão calórica é superior ao gasto metabólico, as calorias em excesso são armazenadas no tecido adiposo. Se este equilíbrio positivo final é prolongado, o resultado é a obesidade. Desta forma, existem dois componentes para o equilíbrio do peso, e uma anormalidade em qualquer um dos lados da ingestão pode levar à obesidade (WILSON et al, 1995).

Ainda não se encontra totalmente compreendida a regulação do comportamento alimentar. Até certo ponto sabe-se que o apetite é controlado por áreas distintas do hipotálamo: há um centro da fome no núcleo ventrolateral do hipotálamo (VLH) e um centro de saciedade no hipotálamo ventromedial (VMH). O centro do hipotálamo recebe sinais positivos do centro da fome, que estimula o apetite, enquanto o centro da saciedade modula esse processo enviando impulsos inibitórios para o centro da fome. Sabe-se que uma dos processos que promovem a obesidade resulta da falha das células adiposas em enviar ao cérebro os sinais adequados, ou então do cérebro em responder a esses sinais (WILSON et al., 1995).

2.2.1. Fatores genéticos

As bases genéticas da obesidade ainda estão sendo definidas. Até o momento, mais de 20 genes apresentam alterações ou disfunções correlacionados à obesidade. Entre eles, está incluído o gene que codifica a leptina e o seu receptor. Este hormônio é secretado pelo adipócito e atua aparentemente aumentando o gasto energético e inibindo as ações neurofisiológicas hipotalâmicas do neuropeptídio y, cuja ação aumenta o apetite e diminui a termogênese (WILSON et al, 1995).

Yanovski e Yanovski (1999 apud GARRIDO, 2003, p. 53) observam que

embora uma grande maioria de indivíduos obesos mostre ter uma seqüência genética normal para a leptina e seu receptor, além de terem alto nível de leptina em proporção a sua gordura corporal, na verdade, existem evidências que sugerem que a principal função das leptinas não é combater a obesidade, mas servir como um sinal para a captação imprópria de energia. A leptina circulante pode também ser um sinal indicativo da existência de energia armazenada o suficiente para iniciar o desenvolvimento da puberdade. Estudos para determinar a segurança e a eficácia da recombinação das leptinas humanas para a redução da obesidade estão sendo realizados.

Existem ainda diferentes genes cuja disfunção está associada à obesidade. A modulação genética é envolvida em duas categorias: osgenes necessários e os de susceptibilidade. Os primeiros genes são referentes à obesidade, o que representa um número bastante restrito de síndromes genéticas raras, como as de Bardet-Biedl, de Prader-Willi e de Lawrence-Moon. O segundo grupo de genes aumentam a susceptibilidade destas patologias se desenvolverem (GARRIDO, 2003).

A obesidade pode ser considerada uma doença que ocorre pela ação de vários genes, ou seja, é poligênica. Os genes atuam em conjunto, sendo que cada um exerce um pequeno efeito em relação à quantidade e à distribuição da gordura corporal (GARRIDO, 2003).

2.2.2. Fatores ambientais

Independente da influência do patrimônio genético, o crescimento e desenvolvimento sócio-econômico e a industrialização não só estimularam e facilitaram a urbanização com toda a gama de recursos tecnológicos. Se, por um lado, possibilitaram mais conforto, por outro, acabaram reforçando o sedentarismo.

Sob esse enfoque pode ser considerada a tipicidade da vida nas grandes cidades como que motivando rotinas que acabam por influenciar o surgimento da obesidade.

2.2.3. Fatores alimentares

Durante séculos, a obesidade foi considerada um distúrbio da alimentação. Embora alguns indivíduos obesos se superalimentem diariamente, tem sido difícil documentar essa alegada anormalidade de alimentação (WILSON et al, 1995). No entanto, Yanovski e Yanovski (1999 apud GARRIDO, 2003, p. 41) descrevem bem a associação entre a alimentação e o ganho de peso ao observar que

o peso do corpo depende do balanço entre a energia ingerida, na forma de alimentos e bebidas, e a energia consumida. O consumo diário de energia resulta do gasto da energia armazenada, energia necessária para a metabolização dos alimentos (efeito térmico dos alimentos) e da energia consumida como resultado de exercícios. Quando a energia ingerida e a energia consumida estão em equilíbrio, o peso permanece estável. Um excesso no ganho de energia, através de uma maior ingestão ou diminuição do consumo desta, leva ao aumento do peso corporal.

2.3 OBESIDADE INFANTIL

A infância é a fase mais importante na formação do ser humano, como Bettelheim (1988), expõe, a primeira história do indivíduo é de suma importância para o que ele será em sua vida posterior – um período de brincadeiras e fantasias em que se deve respeitar e incentivar a singularidade de cada um, ajudando a criança a desabrochar de acordo com seu ritmo e dotes naturais.

Mas o sistema social impõe, cada vez mais, e com total respaldo da televisão, uma infância mais curta e mal-elaborada, com poucos sonhos, de imaginação pobre e restrita. O mundo, a cada dia, tem mais pressa e exige que a infância passe rápido, estando a criança pronta ou não para entrar no mundo do adulto.

A criança, atualmente, ganhou o direito de ser ouvida dentro da família. Antigamente, a criança não tinha direito a nada, nem a fazer as refeições junto com os pais.

À medida que as crianças crescem, suas fontes de observação e conhecimento aumentam, fazendo-as ser cada vez mais independentes de seus pais.

A família para criança é agente de socialização e aprendizado, pois junto dela que as crianças adquirem habilidades, conhecimentos e atitudes para tornarem-se consumidores no mercado.

As opiniões dos filhos pesam muito na decisão dos pais, e portanto, se tornaram um mercado-alvo muito importante para as empresas de produtos voltados para esse público.

De acordo com Sampaio (2000, p. 152), "muito mais que frágeis e angelicais, as crianças assumem atualmente o papel de ditadores de padrões de consumo dentro de seus lares e significam um mercado potencial para uma série de produtos e serviços".

Nos tempos atuais, nota-se um consumismo muito grande de produtos diversos e isto influencia muito na vida de todas as pessoas, mas principalmente na vida de jovens e crianças.

As crianças tem menor aquisição financeira, porém é o público-alvo das campanhas publicitárias, por causa da extrema valorização das opiniões infantis na resolução de compra dos pais.

Geralmente os pais trabalham fora e quase não convivem com as crianças, fazendo com que os mínimos desejos delas sejam satisfeitos, de modo a compensar uma ausência e um sentimento de culpa por parte dos pais.

As explicações para esse consumo desenfreado são muitas, incluindo comportamento, cultura, influência da mídia e pode até ser uma herança dos próprios pais super consumistas.

O fato é que as crianças consomem muito mais do que precisam, isto devido ao sistema capitalista, pois a indústria não pára de produzir e o consumidor está sempre comprando.

Os pais enchem os filhos de presentes caros sem nunca dizer não ou deixam de explicar a importância da economia e da humildade, e com isso, acabam educando um consumidor compulsivo.

Além de brinquedos, as crianças são grandes consumidoras de alimentos e vestuário, como também serviços direcionados, como bufê infantil, escolas de esportes e dança, entre outros.

Percebe-se que as crianças estão amadurecendo mais rapidamente, e com isso, a consciência para o consumismo, como também às marcas consumidas, fazendo com que as empresas tenham uma atração maior pelas crianças, fazendo propagandas específicas para elas.

Os motivos para o consumo desenfreado são muitos. Se para um adulto fica difícil definir o motivo do consumismo, para a criança é mais difícil ainda, pois nem ela mesma sabe.

A complexidade que vai se formando ao longo do crescimento da criança, também é um fato gerador. A criança começa a associar alimentação com lazer, acrescentando um motivo para o ato de comer que vai além da necessidade fisiológica.

Numa pesquisa, feita pelo Instituto Ipsos-Marplan, ficou constatado que os pré-adolescentes e os adolescentes são mais vorazes na hora de comprar balas, chicletes e lanches. (REVISTA VEJA, 2003). Essa é uma tendência mundial. As crianças e jovens estão consumindo mais.

Continuando em sua pesquisa, a revista constatou que o principal objetivo de desejo dos jovens com idade entre 12 e 14 anos é o computador. Ficar horas na frente do computador consumindo balas e doces é o que faz o jovem engordar. Além disso, assistir a TV e jogar vídeo game também leva a obsesidade, já que deixam de fazer atividades físicas. (REVISTA VEJA, 2003).

Sobre o que eles têm no quarto, a pesquisa constatou que:

-43% tem aparelho de som;

-39% tem TV (dentro da classe A e B);

-25% tem walkman;

-16% tem videogame;

-11% tem telefone fixo;

-11% tem CD;

-10% tem videocassete;

-10% tem computador.

Se a mesma pesquisa fosse feita hoje, esses números provavelmente seriam diferentes, pois o consumo pela novidade, pelo último lançamento de videogame ou computador, faz com que eles desejem muito obter mais e mais. O walkman tem sido trocado pelo iPod, o videocassete pelo DVD e hometheater. O computador é utilizado como fonte de relacionamento, onde os jovens ficam horas e horas na Internet, utilizando ferramentas de rede como orkut ou msn messenger. O telefone tem sido trocado pelos celulares último tipo, sendo que muitos jovens os trocam a cada ano, para utilizar os modelos mais modernos. Isso mostra que as crianças e jovens estão cada vez mais ficando solitário, tendo inúmeras oportunidades de fazer seu lazer dentro de casa, sendo que deixam a desejar quanto às atividades físicas fora de casa. Isso também por causa do perigo constante nas ruas.

Os comerciais de televisão são constantemente dirigido à crianças e isso, além de influenciar nas suas roupas e acessórios, influencia muito na sua alimentação, formando crianças e jovens obesos e com problemas, que anteriormente, somente os adultos tinham, como pressão alta, colesterol alto, entre outros.

Segundo dados do IBGE (2005), o sobrepeso no Brasil atinge 40% dos adultos, dos quais pouco mais de um quarto são tecnicamente obesos. Das crianças, 35% estão acima do peso, 3/4 das quais são obesas. Isso é alarmante, visto que as crianças não têm senso crítico para distinguir uma propaganda de um alimento que vai fazer bem ou mal para ela.

O consumismo causando obesidade e outras doenças fazem parte das transformações societárias, que são expressadas nas refrações e agudização da questão social.

Referindo-se ao consumo, Felippe (2001) diz que ele é imposto e têm uma vantagem desleal, pois o consumo causado pelo anúncio é desproporcionalsendo que não há necessidade de se consumir tanto.

Os alimentos são bens de demanda primária, constituindo-se de mercado potencial de consumidores. Sendo assim, as empresas vêm investindo em publicidade, principalmente através do marketing, como formas de motivar a população com pretextos suficientes para a aquisição de seus produtos, em diferenciação de outros, acirrando a competitividade.

No caso da publicidade voltada para a criança, percebeu-se que desenhos animados contribuem para a motivação ao consumo de determinado produto. Assim sendo, as empresas sempre colocam esses motivos para chamar a atenção do público infantil.

Para chamar a atenção da criança, além dos motivos infantis utilizados em revistas, jornais, outdoors, utiliza-se a televisão como forma de chamar a atenção da criança. Contudo, isto não quer dizer que a mídia é responsável pela obesidade infantil, especificamente.

A televisão é uma forma fácil de atrair crianças, por sua musicalidade, sua cor, seus movimentos. A televisão é uma das armas preferidas pelos publicitários, por ser de fácil aceitação pela criança.

A televisão usa armas poderosas de persuasão em todos os fatores que envolvem a publicidade, levando a criança à não realidade. Os programas infantis são utilizados como forma de atrair a criança, de fazê-la acreditar que se consumir tal produto será igual ao seu herói ou à apresentadora mais bonita. Esse tipo de propaganda chama-se merchindising, onde é feito o comercial de um produto sem a criança perceber, dentro da programação.

As crianças escolhem o que querem comer, muitas vezes, para ganhar um brinquedo, mesmo que o produto seja de gosto ruim ou de má qualidade, a criança vai querer consumi-lo para ganhar o brinquedo que possa estar sendo oferecido pela publicidade.

Na maioria das famílias, são as crianças que ligam os aparelhos de TV, escolhem a programação que será assistida e até sua localização no espaço doméstico.

A criança, pelo fato de ser criança, ainda não adquiriu a criticidade para poder discernir às mensagens televisivas, pois como Castro (1975 apud CRIPPA 1984 p. 68), "somente a partir de uma postura crítica é possível absorvê-la [a TV] com isenção e perceber suas sutilezas, seus efeitos, suas possibilidades".

Segundo Crippa (1984 p. 65), muitos autores acreditam que pelo simples fato da criança assistir à televisão, favorece uma "atividade mental passiva", pois ela consome tudo o que aparece e absorve como uma esponja os conteúdos emitidos pela televisão. Em suas palavras:

Na realidade, podemos observar que as crianças vêem TV e nem discutem a informação. Recebem passivamente as mensagens sem analisar profundamente o que estão assistindo. Nem dizem se gostam ou não do que estão vendo. Ninguém comenta o que assiste. Simplesmente vêem e observam, consomem sem fazer uma análise. Muitas vezes as crianças se 'desligam' do mundo real e entram para o mundo da TV... Estão absortas no que a TV está 'ordenando'... Esquecem o paladar como se a TV fosse um anestésico.(CRIPPA 1984 p. 66)

Existe uma interação entre a televisão e a criança. Geralmente, por ficar muito absorta e não analisar criticamente o conteúdo das mensagens, ela pode se deixar levar pelo mundo da fantasia e acreditar em promessas do tipo fada/bruxa, fazendo tudo o que a TV manda. (CRIPPA 1984 p. 72).

Geralmente, o primeiro pedido que a criança aceita sem pensar duas vezes, é o pedido para que a criança se torne uma consumidora voraz.Segundo CRIPPA (1984 p. 72), algumas estatísticas informam que uma criança pode assistir em torno de 400 mil comerciais durante sua vida escolar, o que colocaria os comerciais de TV como um dos principais determinantes na socialização da criança como consumidora.

Segundo Lewin (1992 p. 506), o primeiro alvo da publicidade são os produtos alimentares, que passariam a ser definidos pelos anúncios de doces, refrigerantes, salgadinhos, achocolatados, iogurtes e fast food que contribuem com grande maioria dos comerciais dirigidos às crianças.

A autora diz que as campanhas publicitárias investem nas vulnerabilidades cognitivas das crianças, em suas palavras:

Por exemplo, uma marca de iogurte bastante conhecida no mercado assegura à criança, se consumido seu produto, dará força suficiente para levantar um refrigerador. Misturar ao leite determinada marca de chocolate em pó permite à criança ingressar num mundo de heróis, fantasias e diversão. (LEWIN 1992 p. 506)

Lewin (1992) diz que a criança tem a tendência de acreditar cegamente nas promessas do produto anunciado e segunda a autora, algumas pesquisas que demonstram que a criança tem na TV a principal fonte de informação sobre produtos alimentares e brinquedos. A autora também diz que segundo as pesquisas, as crianças gostariam de adquirir a maioria das coisas mostradas na TV.

Somente por querer adquirir os brinquedos, roupas e os mesmos produtos alimentares que são mostrados na TV,não fará da criança um animal consumidor e não é uma prova de que os desejos infantis são manipulados pelos comerciais.

A prova de que a publicidade influencia a criança, é que faz com ela deseje possuir tais produtos. Se ela vai pedir à mãe que compre tal ou qual brinquedo ou biscoito, ou se ela vai passar o resto da vida frustrada porque não teve aquele trenzinho à pilha são as conseqüências disso.

A mesma autora diz que boa parte dos adolescentes já teve vontade de comprar alguma coisa vista na TV e que as mensagens são agradáveis de serem vistos: "A TV junto aos adolescentes é um eficiente veículo da sociedade de consumo a serviço da qual funciona" (LEWIN 1992 p.141).

3 CONCLUSÃO

Os efeitos da propaganda na criança em relação aos hábitos de consumo, mostra que a mesma é mais vulnerável que o adulto em relação às campanhas publicitárias, justamente por não ter um senso crítico aguçado.

Dessa forma, a criança, que fica a maior parte do tempo sentada vendo TV, é atraida a consumir mais e mais, levando-a à obesidade.

Além das mensagens publicitárias que estimulam o consumo que fazem parte do cotidiano e as pessoas nem se dão conta dela, as crianças também tem um arsenal de motivos para não sair de casa, como o video game, o computador, etc.

Assim, conclui-se, com o presente estudo, que, apesar da obesidade poder ser genética, ela também pode ser ocasionada pela falta de exercícios físicos, de uma alimentação saudável e pelo consumismo exagerado.

4 REFERENCIAS

GARRIDO, Jr.A.B. Cirurgia da Obesidade. São Paulo: Editora Atheneu, 2003. 9-46p.

OMS (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE). Prevenindo e controlando a epidemia global. Ed. Roca, 2004.

WILSON, J. D. et al. Medicina Interna. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995.

BETTELHEIM, B. Uma vida para seu filho. Campus, Rio de Janeiro, 1988.

CRIPPA, Ana Maria de Souza. Publicidade: uma nova causa de ansiedade nas crianças, 102pp (dissertação de Mestrado em Ciências da Comunicação).São Paulo: ECA/USP, 1984

FELIPPE, F.M. O Peso Social da Obesidade. Tese de Doutorado em Serviço Social – PUCRS: Porto Alegre. In: Educação & Sociedade, ano XXII, nº 74, abril 2001.

IBGE. Disponível em www.ibge.com.br. Acesso em 16 nov. 2009.

LEWIN, Zaída Grinberg. "A criança, os comerciais de televisão e a cultura alimentar: uma análise crítica" in:Educação & Sociedade, Ano XII, no.43, Campinas: Papirus, 1992

REVISTA VEJA. Edição Especial Jovens. Julho de 2003. Disponível em http://veja.abril.com.br/especiais/jovens_2003/p_080.html > Acesso em 15 nov. 2009.

SAMPAIO, Inês Silvia Vitorino. Televisão, Publicidade e Infância. São Paulo: Ana Blumme, 2000.


Autor: Leonardo Person


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