Gliricídia traz mais qualidade para o pasto
José Rangel*
Produzir unindo lavoura,
pecuária e
floresta é bom para o bolso do produtor e a natureza agradece. A
leguminosa
gliricídia permite isso e traz muitas outras vantagens para o criador
de gado
A capacidade da
Gliricídia em fixar
o nitrogênio do solo ajuda a reduzir os pesados
custos com a uréia na adubação do capim e
também, da lavoura, visto que ela pode ser
plantada consorciada com o feijão ou
milho, por exemplo.
Essa leguminosa
é muito prática.
Ela se reproduz através de semente ou de
estacas. Basta uma estaca em uma cova e forma-se uma nova planta e, sem
demora,
está cheia de folhas comestíveis para o gado. Daí, atribuí-se a planta
mais uma
vantagem. Ela serve também de cerca viva que significa economia na
custosa
estrutura de contenção do gado no pasto. Somando a isso, ela fornece
sombra
para os animais, diminuindo o estresse.
Um ponto
importante nessa
leguminosa é a quantidade proteínas nas suas folhas, em torno de 25% .
É muito
mais proteína que o capim, que gira em torno de 10%. É importante
ressaltar que
alimentar o gado somente com Gliricídia não é aconselhável, pois pode
levar o
animal a ter problemas, como o Timpanismo.
Foram
pesquisadas várias formas
de cultivo de gliricídia. Uma delas é o de alamedas, junto com o pasto
e o
milho ou feijão, por exemplo. O produtor vai economizar em
fertilizante, pois a
Gliricídia nitrogena o solo economizando na quantidade aplicada de
uréia no
plantio consorciado. No sistema de Alamedas, o ideal é o espaçamento de
quatro
por dois metros, onde o gado pode passar com facilidade.
O produtor pode
optar pelo
plantio adensado, se quiser alimentar os animais com Gliricídia como
forragem,
feno e silagem ou até usar suas folhas e
ramos como adubo verde. Nesse caso, não
é possível o pastejo, pois não há espaço para o gado transitar. Mas é
muito
produtivo pois é possível corte a cada 70 dias na estação chuvosa e a
cada 120
dias, na estação seca. Um hectare pode produzir em torno de 20
toneladas de
folhas comestíveis para o gado, em cada corte. Como podem haver quatro
cortes
por ano, são oitenta toneladas anuais por hectare.
O produtor
ainda pode cultivar a
Gliricídia, para produção de forragem, adensada dentro de coqueirais,
melhorando
também, a matéria orgânica do solo e fornecendo nitrogênio para os
coqueiros.
Uma outra forma
aconselhável no
plantio da Gliricídia é a formação do banco de proteína. O produtor
pode
plantar a leguminosa com densidade menor onde os animais são colocados
para
comer as folhas da Gliricídia uma hora pela manhã e outra hora pela
tarde e no
tempo restante, o gado come outro tipo de pasto. Esse processo é
recomendado
para vacas de leite onde o manejo dos animais é mais constante.
Além de todas
essas vantagens, a
Gliricídia tem o aspecto ecológico cuja
importância cresce muito. Utilizando-a com o sistema
Pecuária/Lavoura
/Floresta diminui-se o uso de fertilizante químico, aumenta a matéria
orgânica
do solo, melhora a reciclagem de nutrientes nas áreas profundas do solo
e
aumenta a diversidade da fauna havendo mais abelhas, insetos
polinizadores, abrigando
nos seus galhos pássaros e ninhos. O pasto é mais verde, o solo é mais
úmido.
*José Henrique de
Albuquerque Rangel é
pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros*
Autor: Ivan Brscan
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