Resenha de ''O pequeno príncipe''



"O pequeno príncipe", escrito pelo aviador francês Antoine de Saint-Exupéry, editado pela 'Agir' editora Ltda, trata-se de uma obra composta por uma fábula; publicada originalmente nos Estados Unidos em 1943, devido ao exílio do autor no presente país. Em 1945 foi publicada no país de origem do autor, a França, pela editora Librairie Gallimard. O presente livro contém 94 páginas e está em sua 48° edição sendo baseada na edição norte-americana: The Little Prince.

O livro de Saint-Exupéry, se assim podemos dizer, é uma fábula sobre amizade, solidariedade e desapego. Exupéry nos oferece uma história de paz, escrita em tempos de guerra. Seu principezinho surgiu como esperança de um mundo pacificado, de respeito às diferenças. Um mundo, talvez, dedicado às crianças. Sua jornada passa por vários planetas, tão pequenos como o dele.

A obra de Exupéry é rica em simbologismos, dentre tantos temos seus personagens, os quais nos levam a grandes reflexões: o rei; o contador; o geógrafo; o bêbedo; a raposa, esta talvez seja a personagem mais conhecida; a rosa, entre outros.

Escrito e ilustrado por Saint-Exupéry- que como percebemos se fez narrador- o pequeno príncipe começa com uma pane de um pequeno avião, que deixa o piloto preso no meio do deserto do Saara. Após a primeira noite adormeceu nas areias do deserto, e foi acordado por uma criança que lhe pede "desenha-me um carneiro" (Exupéry, 2006, p. 01). É ai que começa o relato das fantasias e sonhos de uma criança, como tantas outras, que questionam com pureza e ingenuidade as coisas mais simples da vida.

A obra de Antoine é algo com que o leitor pode se deliciar, não é como varias obras, uma obra monótona. Afinal, o príncipe percorreu muitos planetas,- sete, com a Terra - conheceu criaturas estranhas, algumas tremendamente egoístas, outras terrivelmente solitárias. A viagem do principezinho começou quando ele se desiludiu com sua flor, e considerou que ela era boba e exigente, ou seja, egoísta e voluntariosa, tirando a tranqüilidade de seu pequeno mundo. Mas na jornada que o levou ao planeta Terra ele também adquiriu experiência. Mais do que isso, entendeu, com o coração, que sua flor era única no mundo- apesar dele ter descoberto que existem outras de sua espécie- por isso, cabia a ele proteger e cuidar dela. Mesmo que fosse um pouquinho vaidosa, ou egoísta, e que fingisse não amá-lo. Nas palavras do próprio principezinho comprovamos este fato: "Eu me julgava tico por ter uma flor única, e possuo apenas uma rosa comum" (Ibid. p.66 ).

Outro ponto interessante na obra é que o garoto de cabelos dourados e a raposa tinham razão – "somos responsáveis por aquilo que cativamos" (Ibid. p.74). E quer saber: se as pessoas grandes lessem muitas e muitas vezes o livro, se guardassem pelo menos um pedacinho das muitas histórias que ele conta, e refletissem sobre elas, talvez se tornassem pessoas melhores. É a raposa quem revela um segredo ao príncipe, que costuma ser esquecido pelos adultos: "Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos" (Ibid. p.72).

Ao deixar a Terra, o príncipe ofereceu de presente ao seu amigo aviador as estrelas; pois ele estaria em cada uma delas. E nos ofereceu uma lição difícil, a de que o amor verdadeiro dispensa reconhecimento e declarações. "Se alguém ama uma flor da qual só existe um exemplar em milhões e milhões de estrelas, isso basta para fazê-lo feliz quando a contempla"...

Deste modo, percebemos que o livro "O pequeno príncipe", é uma obra que nos mostra uma profunda mudança de valores; que nos ensina como equivocamos na avaliação das coisas e pessoas que nos rodeiam e como esses julgamentos nos levam a solidão. Sendo assim, as palavras escritas por Amélia Lacombe é pertinente: "Livro de crianças? Com certeza. Livro de adultos também, pois traz dentro de si o menino que foi". Neste sentido, a escritora continua dizendo que "O pequeno príncipe desenvolve a cada um o mistério da infância. De repente retornam os sonhos. Reaparece a lembrança de questionamentos, desvelam-se incoerências acomodadas, quase já imperceptíveis na pressa do dia-a-dia". Sendo assim, voltam ao coração escondidas recordações. A partir disso acontece o reencontro- o homem-menino.


Autor: Antônio Severino de Aguiar Neto


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