ABORDAGEM PREVENTIVA DAS DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS/AIDS NA ADOLESCÊNCIA



Resumo


O presente estudo teve como objetivo sensibilizar o adolescente, através de uma abordagem preventiva sobre a conseqüência de adquirir ou transmitir uma DST/AIDS, com a finalidade de interromper a cadeia de transmissão e a ocorrência de novos casos nesta população. A metodologia utilizada foram ações educativas de saúde com base em oficinas, incluindo a arte e cultura, como recursos sensibilizadores e mobilizadores para a atuação de prevenção e promoção da saúde dos adolescentes, além da aplicação de entrevistas e jogos de perguntas sobre as DST/AIDS e forma de prevenção. Segue os principais resultados: média de idade da população adolescente do grupo foi de 14 a 18 anos, ambos os sexos, nível de escolaridade 57,12% está cursando 8º série do ensino fundamental e 43% o ensino médio; a respeito do conhecimento das DST/AIDS,71,40% confirmam ter pouco conhecimento; e a principal fonte de informação de 42,84% foi o colégio; sendo que 86% ressalta a importância de um programa de saúde de atendimento exclusivo para o adolescente como uma necessidade para de informar, prevenir e promover a saúde dos mesmo; camisinha foi o método prevenção mais indicado,mais é pouco praticado.Concluiu-se que a maioria dos adolescentes tem pouco conhecimento sobre doenças sexualmente transmissíveis , porém é necessário a criação de estratégias sensibilizadoras e mobilizadoras de prevenção voltada para este público alvo. Palavras chaves: adolescente, Doença sexualmente transmissível, prevenção.

Introdução

Segundo a Organização Mundial de Saúde (1989) considera o período de adolescência como aquele compreendido, aproximadamente entre 10 e 20 anos.

Dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher realizada em 2006 registra que nos ultimos 10 anos, verificou-se que as mulheres estão começando sua vida sexual cada vez mais cedo, que até os 15 anos, 33% das mulheres já haviam tido relações sexuais, valor que representa o triplo do ocorrido em 1996, já à prevalência de leucorréia foi estimada em 24% das mulheres, 38% das qual acompanhada de prurido, 57% dessas mulheres procuram tratamento e uma pequena parcela (8%) não conseguiu atendimento, o SUS foi o principal recurso assistencial procurados pelas mulheres (73% dos casos).

Dados do Ministério da Saúde mostram a distribuição de 163,355 casos de AIDS notificado no período de 1980 a 1999, segundo sexo e idade: 5,6% deles ocorreram em menores de 19 anos e, destes, 2,4% encontram-se na faixa etária de 10 a 19 anos. Outros dados (1999) confirmam que 50% do total de pessoas que contraíram a AIDS foram contaminados pela relação sexual.

Partindo dessa informação o governo brasileiro tem colocado em ação, por intermédio do Ministério da Saúde e outros setores, programas de saúde e outros para atender à população materno-infantil e aos adolescentes em nível nacional. Essas diretrizes, vigentes no ano de 2000, serão detalhadas a seguir:

Em 1989, o Ministério da saúde criou o PROSAD (Programa Saúde do Adolescente), que tem por finalidade assistir o adolescente de maneira integral, com participação de outros setores, objetivando-se promover a saúde e a prevenção de agravos em que este grupo está sujeito de forma holística, multisetorial e interdisciplinar.

A criação do ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente pela Lei nº 8.069 de 1990, em substituição do Código de Menores,confirma todos os direitos referentes a criança e adolescentes, e tem comofinalidadedefender e fazer cumprir ,estes direitos pela família, poder público e sociedade em geral.

O presente projeto tem como objetivo sensibilizar os adolescentes para que haja uma conscientização à cerca da importância da adoção de medidas preventivas ao que se refere a uma vida sexual responsável e segura. Além, de reforçar as medidas propostas pelo Ministério da Saúde de prevenir, interromper a cadeia de transmissão e a ocorrência de novos casos de DST/AIDS, utilizando-se ações educativas de saúde por meio de oficinas, arte e cultura, como recursos sensibilizadores e mobilizadores para a atuação de prevenção e promoção da saúde dos adolescentes.

Deseja-se dessa forma, que este estudo não fique simplesmente como conhecimento teórico acadêmico, mas sirva de estímulo para a busca de estratégias por parte da família, escola, enfim do poder público e sociedade em geral que construa um modelo de atendimento voltado para compreensão das diversas dificuldades enfrentadas pelos adolescentes, entre essas o inicio de uma vida sexual precoce e sem os devidos esclarecimentos a cerca das conseqüências de adquirir ou transmitir uma DST/AIDS, com a prática sexual sem as devidas medidas de segurança. Visto que o enfermeiro exerce um papel como veículo de orientação, espera-se que o mesmo atue multiplicando as ações educativas de saúde junto aos adolescentes em todos os espaços em que estes estão inseridos, aconselhando-os rotineiramente sobre os devidos cuidados para a prevenção e promoção da saúde.

Nesse caminho pretende-se contribuir de maneira significativa para os adolescentes da comunidade onde este projeto será desenvolvido, bem como para os profissionais da área de saúde, escolas, instituições, programas, órgãos e sociedade em geral que são responsáveis na atuação de atenção integral a saúde e demais direitos da criança e do adolescente. Este estudo adota as ações preventivas de saúde praticada pela enfermagem, como um instrumento seguro, para a promoção de saúde da população adolescente, ao mesmo tempo em que apresenta a educação e saúde uma direção do mundo atual.

Desenvolvimento

Em 1980, cálculos da Organização das Nações Unidas indicaram a existência de cerca de 900 milhões de adolescentes no mundo; nos países em desenvolvimento, entre as décadas de 70 a 80, registrou-se um crescimento de mais de 70%, considerado um dos maiores do mundo (OPS/UNICEF, 1988 apud COSTA; et al.2001).    

Ressalta, (GUAJARDO, 1983 apud ROMERO; et al.2007), neste período, ocorrem mudanças biopsicossociais, tais como maturação dos caracteres sexuais secundários; independência socioeconômica e emocional dos pais; elaboração da identidade pessoal e sexual; aquisição do pensamento abstrato; exercício da sexualidade, intimidade e afetividade. Esta fase pode ter duração variável, dependendo do individuo e meio social, comumente inicia-se em torno de 11 ou 12 anos, terminando com a cessão do crescimento corporal, dos 18 aos 20 anos. De acordo com WONG, (1999), ocorrem algumas modificações nodesenvolvimento do adolescente, tais como as alterações biológicas da puberdade que se dá em todos os órgãos e estruturas do corpo, resultado da atividade hormonal, conclui-se com o amadurecimento das gônadas, pela capacidade do individuo de procriar e pelo crescimento físico; na área psicossocial, a fase da adolescência é descrita de várias maneiras: como jovens, que possuem um conjunto de valores, padrões e modo de se comportar distintas do que é habitual do resto da sociedade, outros consideram como uma pessoa que rejeitou o mundo infantil, mas que ainda não foi aceito no mundo dos adulto ,os membros do sexo oposto assumem uma nova importância, os meninos podem sentir necessidade de testar sua força sexual para compactuar com as expectativas do grupo;desenvolvimento social a maior parte do comportamento observado no adolescente está ligado à busca da independência e aos conflitos com restrições e cobranças externas,que estão presentes neste processo espontâneo de maturação, variam no seu estado emocional, em um minuto estão entusiasmados em outro deprimidos;com relação desenvolvimento cognitivo, neste período o pensamento dos adolescentes são influenciados por princípios lógicos ao em vez de suas próprias percepções.

Observa, (Chipkevitch, 2001), a medida da maturidade sexual e a distinções físicas entre os sexos ocorrem com base nos caracteres sexuais e a avaliação é realizada pelo o desenvolvimento das mamas e dos pêlos púbicos no sexo feminino e dos genitais, pêlos púbicos no sexo masculino.Conforme, (Wikipédia, 2007) os caracteres podem ser: primários órgãos externos e internos que comportam as funções reprodutivas como ovários, útero, mamas e pênis, outra diferenciação são os caracteres sexuais secundários que são perceptíveis em todo corpo como alterações da voz, desenvolvimento de pêlos faciais e pubianos em ambos os sexos, depósitos de gordura, porém não desempenha função direta na reprodução,ressalta também que existe grande variação quanto ao momento em que começam as transformações físicas em cada adolescente ,que levarão ao corpo adulto e a capacidade de procriar.Para HEIDEMANN,(2006): o cérebro torna-se um órgão alvo dos hormônios sexuais,as células hipotalâmicas estimulam a produção das gonadotrofinas hipofisárias,LH e FSH que irão estimular a secreção de hormônios gonodais,promovendo o FSH desenvolvimento do folículo ovariano e a gametogênese nos testículos , já LH estimula a formação do corpo lúteo e a ovulação na mulher e a secreção da testosterona no homem.

Neste sentido, o fenômeno da sexualidade do adolescente deve ser compreendido, a partir das relações de gênero, permitindo situá-lo no contexto social, o que implica ir além das questões biológicas e epidemiológicas, disponível em: (www.reprolatina.org.br/site htm/atividades/Sexualidade). A novidade das relações sexuais é algo desejado para testar a virilidade ou a capacidade reprodutiva, ou por cobranças do grupo em torno da experimentação sexual, resultando em uma tradução negativa da sexualidade,bem como ausência de projetos , perspectivas futuras de vida e descuido com prevenção (BORGES, 2007). Diante desta situação de experiência sexual precoce com a ausência de medidas de segurança, discuti-se a problemática das Doenças Sexualmente Transmissíveis.

Diversos são os microorganismos causadores das DSTs: "dentre eles estão incluídos os fungos, bactérias, vírus e protozoário". Confirma Costa, (1998, p.11). Segundo o ministério da saúde (1999), as doenças sexualmente transmissíveis são aquelas transmitidas, predominantemente, pelo contato sexual vaginal, anal ou oral por pessoas infectadas e são classificadas de acordo com suas características: a) doença com corrimento vaginal ou uretral, tais como a Candidiase que como agente causador a Cândida Albicans; Tricomoniase, agente causador - Trichomonas Vaginalis; Vaginose Bacteriana causada por vários bacilos; Gonorréia, agente causador – Neisseria Gononorrheae; Clamídia causada pela Clamydia Trachomatis; b) doenças que apresenta ulcera genital, ferida ou caroço, tais como a Herpes Genital causada pelo vírus tipo dois; Sífilis causada pelo Treponema Palidim; Condiloma Acuminado causada pelo papiloma vírus humano – HPV; Granuloma Inguinal causada pelo Donovania Granulomatis; Linfoganuloma Venéreo causada pelo Clamydia Tracomatis; Cancróide causada pelo Haemophilus Ducrey; c) doenças que apresentam dorabdominal inferior ou dor escrotal, doença inflamatória pélvica (DIP); Epidídimo-orquite (infecção nos testículos); d) doenças que apresentam sinais sistêmicos associados, semelhante aos de outras patologias, AIDS e Hepatite B (HBV);é necessário ficar alerta para os seguintes sinais e sintomas das DST: corrimento branco coalhado com prurido, amarelo esverdeado espumoso com odor fétido acinzentado bolhas que se rompem e forma ulcera dolorosas, ulcera oval e limitada ao redor, ulceras grandes, verrugas que parecem uma couve-flor, ínguas, muitas ulceras em genitais externos perinianosde bordas irregulares moles e dolorida. Deste modo, faz-se necessário a criação estratégias de prevenção das DTS, através da adoção do modelo de educação e saúde,parapromoção da saúde da população adolescente.

De acordo com (BRUNNER e SUDDARTH, p.49,56e57, 2005), a educação e saúde e a promoção da saúde, ambas estão ligadas por uma meta em comum que é encorajar as pessoas a obter o nível mais elevado de bem-estar de modo que elas possam viver com mais saúde e previna-se de doenças evitáveis, dessa forma, a educação e saúde dispõe de uma base sólida para o bem-estar individual e da comunidade, tendo-se como meta ensinar as pessoas a viver a vida da forma mais saudável possível, já a promoção da saúde pode ser considerada como as atividades que auxiliam os indivíduos no desenvolvimento de recursos que manterão ou estimularão o bem-estar e melhorarão a qualidade de vida, cabendo ao individuo decidir se faz às alterações que promoverão a sua saúde. Para estimular um individuo a melhorar sua qualidade de vida é importante conhecer, compreender e saber quais são as suas principais necessidades.

A experiência do adolescer faz parte do ciclo natural da vida do ser humano, porém longa foi à história de reconhecer que este processo se dá em sociedades concretas, em dadas condições de existências, ou seja, pelas diferenças individuais e possibilidades sociais criadas para humanidade em geral e para cada ser em particular, em face de suas mutáveis necessidades, por isso ao propor uma direção para o trabalho de promoção da saúde do adolescente, pretende-se contribuir não apenas no sentido de uma instrumentalização como domínio técnico metodologias, mas no sentido de apropriação de novas formas de pensar e atuar, possíveis de ser coletivamente construídas, atualizadas e reformuladas, nessa percepção a qualidade de vida entrelaça elementos da história pessoal e da organização da vida cotidiana, que mostra as possibilidades para se ter uma vida saudável há necessidades de bem-viver, de desejo e de direito, nessa reflexão o marco da promoção da saúde representa a primeira possibilidade de avanço ainda não contemplado pela atenção primaria, porem coerente a esta, pois concebe a saúde como produção social, que não fica restrita ao setor saúde, mas aponta para a articulação de um conjunto de setores de gestão municipal e o estimulo da participação social, segundo a ABEN, (2001).

Reforça Figueiredo (2007), ao trabalhar em saúde coletiva, os enfermeiros devem está preparado para lidar dentro e fora das instituições para tentar atingir a sua meta e ultrapassar os limites que lhes são impostos, nesse sentido, precisa de forças internas e externas para manter viva a idéia de que precisam cuidar dos outros, os profissionais de saúde devem compreender que o direito à saúde inclui a possibilidade de realização plena como ser humano, para isso, é necessário que se tenha uma assistência de qualidade como direito de todos os cidadãos, englobando dimensões do indivíduo e da coletividade, essa assistência deve atender às demandas da população e dos clientes, especificamente no campo da saúde, por meio de ações que facilitam seu acesso aos locais de cuidados, onde lhe seja possibilitada a expressão de potencialidade subjetiva, que servirá de subsídio para entender o processo saúde-doença. No entanto, percebe-se que ha falta de um atendimento voltado diretamente ao público adolescente.

Observa-se a Pastoral do menor (1999), que na atenção à saúde, a demanda pelo atendimento nos postos de saúde é maior do que o próprio posto é capaz de oferecer e, que existe, a falta de ações preventivas em questões básicas: orientações de saúde exclusiva para público a adolescente como o planejamento familiar e atendimento às adolescentes grávidas, palestras DST/AIDS, como conseqüências: saúde comprometida por doenças de verminoses, desnutrição, doenças sexualmente transmissíveis, perturbações psicológicas, problemas de dentição, mortalidade infantil, entre tantas outras.

As doenças sexualmente transmissíveis são prevalentes na adolescência e facilitadoras da contaminação pelo HIV, a baixa idade das primeiras relações sexuais, a variabilidade de parceiros, o não uso de preservativo e o uso de drogas ilícitas é apontado como fatores de risco às doenças sexualmente transmissíveis (TAQUETTE;et al 2004).Dados do Ministério da Saúde (1999) confirmam que 50% do total de pessoas que contraíram a AIDS foram contaminados pela relação sexual.

Estes dados justificam a necessidade de ações voltadas para o adolescente e incentiva a realização de oficinas de prevenção em serviço de saúde, pois nas oficinas acontecem os seguintes passos: análise da clientela, problemática, do contexto e do grupo, definição do foco, planejamento flexível (implicando contínua transformação, enquanto fluir o processo grupal), utilização de técnicas de sensibilização, dinamização, comunicação e reflexão, a fim de propiciar a formação de vínculo grupal, respeitando-se a autonomia e o desenvolvimento dos participantes assumindo a coordenação o papel de facilitadora do processo grupal, através da promoção da comunicação, da análise das implicações do sujeito, da rede de vínculos, transferências, contratransferências e relação do grupo com o contexto, disponível em: (http://www.scielo.br/pdf/epsic/v10n3/a06v10n3).

As ações preventivas tanto para a gravidez na adolescência como para as DST devem ser realizadas nas diferentes esferas sob a responsabilidade de vários atores, o papel do Estado é fundamental, tanto em ações globais que propõem o aumento da renda (Governo Federal) como na melhoria da escola,  permitindo às adolescentes antever possibilidades reais de profissionalização no futuro (ações municipais através da Secretaria Municipal de Educação), cabe aos municípios também, através de sua Secretaria de Saúde, a ativação de programa como o PROSAD (Programa da saúde do Adolescente) nas unidades de saúde, e a criação de espaços apropriados e acolhedores para os adolescentes que permitam atendimento diferenciado para este público. Sendo de fundamental importância a presença de profissionais de saúde com disponibilidade afetiva para atenção aos adolescentes e treinados para a aquisição de conhecimentos sobre esse importante período da vida, acrescentando-separa a prevenção das DST, a educação sexual, promovida no espaço escolar como um dos componentes essenciais que atua na construção da saúde sexual ao longo do ciclo vital (GUIMARAÊS; et al; 2004).


Autor: Carla Sateles


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