Os Poetas Do Alvear



A rua ainda é a mesma e continua a ser referida como “ a rua principal ” , por ser a maior de toda a ilha e por ficar, em linha reta, bem na frente da Estação das Barcas. 

Em tempos remotos ela já foi chamada também de “rua do Vira-Canto”, nome de um antigo pelourinho que existiu numa das esquinas que ela faz com a atual Rua Pinheiro Freire e, atualmente, ela tem o nome oficial de Rua Furquim Werneck, nome do 3º Prefeito do antigo Distrito Federal, hoje Estado do Rio de Janeiro. 

Logo depois dos terrenos da Igreja do Senhor Bom Jesus do Monte, do lado direito de quem chega à Paquetá, ficava a casa-de-pasto e, depois, Bar e Restaurante Alvear, também chamado de “Campos e Veríssimo” e que, nos seus áureos tempos, acolhia uma seleta e habitual freguesia de renomados poetas e intelectuais daquela época, entre os quais figuravam Guimarães Passos, Paula Nei, Olavo Bilac, Coelho Neto, José do Patrocínio, Luis Murat, Arthur Azevedo e muitos outros ... 

Quase todos haviam participado, como revolucionários, da famosa Revolta da Armada de 1893, comandada por Custódio de Mello e desencadeada contra o governo do Marechal Floriano Peixoto e, por essa razão, tiveram que viver escondidos por muito tempo, para não serem também fuzilados como os seus demais companheiros. 

Mas depois que esses tempos máus passaram, esses bons amigos, escritores e poetas, passaram a ter os seus encontros habituais em Paquetá, no amplo Restaurante Alvear, onde bebiam, cantavam, comiam, faziam e diziam versos e, muitas vêzes, os escreviam também nas paredes do restaurante, o que fazia com que os seus donos, Campos Ribeiro e José Veríssimo, as pintassem com frequência, perdendo-se assim, infelizmente, esse valioso registro histórico das reuniões desses grandes poetas em Paquetá...


Autor: Marcelo Cardoso


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