AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE RESPIRATÓRIA DE CAVALOS DE SALTO DURANTE O TREINAMENTO FÍSICO NA REGIÃO DE DOURADOS-MS



Eduardo Arteiro Marcondes

Universidade para Integração e Desenvolvimento da Região do Pantanal (UNIDERP), End. Rua José Domingos Baldasso, 115 ap.6, Parque Alvorada, Dourados-MS, Email: [email protected]

Resumo

O presente trabalho teve como objetivo a avaliação da capacidade respiratória de cavalos de saltos em treinamento físico na cidade de Dourados-MS, através da determinação das variações das freqüências respiratórias desses animais antes, durante e após o exercício físico. Para tanto foram aferidas as freqüencias respiratórias de 14 animais sendo 8 machos e 6 fêmeas, com idades variando de 5 a 14 anos duante os meses de julho de 2006 a fevereiro de 2007 perfazendo um total de 336 amostras. Os animais encontravam-se saltando provas do circuito sulmatogrossense de saltos com alturas de obtáculo de 1,00 m, 1,10 m e 1,20 m. A freqüencia respiaratória (FR) desses animais , foi aferida em três momentos distintos ou seja, em repouso (logo pela manhã), imediatamente após o treinamento e com aproximadamente 2 horas após o treinamento. Os valores médios encontrados foram os seguintes: Freqüência respiratória (FR) em repouso (Média:18, Minima: 8, Máxima: 48); Freqüência respiratória (FR) durante o treinamento (Média:60, Mínima: 20, Máxima: 144)

Palavras-chave: Cavalos; Condicionamento Físico; Freqüência Respiratória.

Abstract


This study aimed to assess respiratory capacity of horses jumping in physical training in the city of Dourados, MS, by determining the variations in respiratory rates of these animals before, during and after exercise. Therefore, we measured the respiratory rate of 14 animals and 8 males and 6 females, with ages ranging from 5 to 14 years accruing during the period from July 2006 to February 2007 a total of 336 samples. The animals were jumping circuit Sulmatogrossense evidence of jumps with heights of hindrances to 1.00 m, 1.10 m and 1.20 m The frequency respiaratória (FR) of these animals was measured at three different times ie at rest (early morning), immediately after training and approximately 2 hours after training. The mean values were as follows: respiratory rate (RR) at rest (average: 18, Lo: 8, Maximum: 48), respiratory rate (RR) during training (average: 60, Low: 20, Maximum: 144)

Keywords: Horse, Fitness, Respiratory

Material e Métodos

As aferições de freqüência respiratória foram realizadas mensalmente durante os meses de julho de 2006 a fevereiro de 2007, em 14 eqüinos (machos e fêmeas) de saltos alojado no Centro Hípico de Dourados (C.H.D), clube hípico da 4ª Brigada de cavalaria Mecanizada (4ª Bda C Mec) – Grande unidade de cavalaria do exército brasileiro sediada na cidade de Dourados-MS. Os eqüinos estudados eram das raças Brasileiro de Hipismo (BH) e Puro Sangue Inglês (PSI) ou ainda mestiços com alguma dessas duas raças. Durante o período do trabalho os animais passaram por 3 estágios de exigência atlética distintas sendo que no primeiro estágio (julho a Setembro) eles encontravam-se no ápice do campeonato estadual, período de maior número de provas e com maior exigência física dos animais, no segundo (outubro a primeira metade de dezembro) houve uma diminuição no número de provas,por fim no terceira estágio (segunda metade de dezembro a fevereiro) os animais entraram de férias e essa parte foi classificada como de recuperação, onde os treinamento continuaram a ser realizados de forma leve e com movimentações de baixa intensidade; a temperatura ambiental na região durante o primeiro estágio variou entre 02 e 28 oC, no segundo entre 17 e 32 oC, e no terceiro entre 25 e 35 oC; sedo essas temperaturas obtidas através do site oficial do instituto nacional de meteorologia (INMET), no dia da aferição da freqüência respiratória dos animais sendo posteriormente realizadas as médias das temperaturas mínimas e das máximas para cada estágio de treinamento; seguindo a metodologia descrita por Mattos et al. (2006). Durante todo o período descrito os animais os animais tiveram aferidas suas freqüências cardíacas 3 vezes em um mesmo dia e uma vez por mês, o que totalizou 336 amostras, essa metodologia condiz com o descrito por Mattos et al. (2006); essas aferições eram realizadas com os animais em repouso, ainda dentro das baias, imediatamente após o treinamento, ainda dentro da pista, e, em fase de recuperação e após a ducha com aproximadamente 2 horas pós-treinamento. Os treinamentos eram realizados sempre em pista de areia e dividido nas fases de aquecimento - 10min, flexionamento - 15 min e mecânica (a critério do técnico) - 15 min, na qual imediatamente após seu término era aferida a freqüência cardíaca, sendo que por fim ainda era realizado mais 10 min de relaxamento.

A freqüência cardíaca foi mensurada com estetoscópio no lado esquerdo dos animais e a freqüência respiratória, no terço superior da traquéia (MATTOS et al – 2006). Da mesma forma a aferição da freqüência respiratória foi aferida no terço superior da traquéia; de forma que a freqüência era obtida após a contagem do número de movimentos respiratórios realizados em 15 segundo e multiplicado esse valor por 4. Depois de anotados os valores obtidos os dados eram arquivados em planilhas de dados, que serviram posteriormente para a determinação das médias, mínimas e máximas. Para a realização das análises os animais foram agrupados entre machos e fêmeas, e por altura de competição ou seja: animais que saltavam 1,00m, animais que saltavam 1,10m e animais que saltavam 1,20m, sendo que para essa categoria não havia fêmeas saltando. Tal agrupamento se fez necessário objetivando trabalho futuro no sentido de determinação se há variação significativa entre esses grupos e se há distinção entre machos e fêmeas tanto em treinamento quanto em competição.

Após o termino da fase de coleta de dados passou-se a fase de determinação das médias aritméticas e dos valores mínimos e máximos para cada variável.

Resultados e Discussão

A energia necessária para a realização do exercício físico de alta intensidade é fornecida pela combinação de via aeróbica e anaeróbica (HINCHCLIFF et al – 2002). O condicionamento do animal à atividade aumenta a sua capacidade aeróbica, melhorando o seu desempenho atlético (LACOMBE et al -1999). Sendo portanto o conhecimento da capacidade respiratória de eqüinos atletas de vital importância no seu condicionamento físico e conseqüentemente no seu desempenho em competição. No presente estudo observamos os seguintes resultados: Para competidores de 1,00 machos (Repouso: 26 mpm, Após o Treinamento: 86 mpm, Recuperação: 34 mpm);Para competidores de 1,00 fêmeas(Repouso: 16 mpm, Após o Treinamento: 62 mpm, Recuperação: 19 mpm); Para competidores de 1,10 machos (Repouso: 15 mpm, Após o Treinamento: 55 mpm, Recuperação: 25 mpm); Para competidores de 1,10 fêmeas (Repouso: 20 mpm, Após o Treinamento: 60 mpm, Recuperação: 27 mpm); Para competidores de 1,20 machos (Repouso: 19 mpm, Após o Treinamento: 48 mpm, Recuperação: 19 mpm). Esses valores são inteiramente compatíveis com os descritos por Mattos et al. (2006). Após o exercício, observou-se diminuição da PCO2 também decorrente do mecanismo de hiperventilação (WATANABE et al. – 2006); da mesma forma observou-se após o treinamento o aumento da capacidade de oxigenação e a diminuição dos sintomas de altas PCO2, contudo passadas duas horas do exercício os animais ainda não haviam retomado totalmente a sua FR de repouso (Graf.1).

O consumo de oxigênio aumenta linearmente com o aumento da velocidade, até o momento em que se observa que o aumento na velocidade não é acompanhado por um aumento proporcional no consumo de oxigênio (Thomassian et al. 2005).Podemos observar que em todas as categorias as freqüências respiratórias variaram gradualmente após a atividade física de forma que ela pode ser considerada o limitante da capacidade de esforço físico a ser executado pelo animal durante o exercício; tanto que daí decorre uma síndrome fisiológica chamada "Hemorragia pulmonar por esforço" (HME) – que foi observada em um dos animais dos estudo após uma prova. O volume de ar inspirado e expirado durante um ciclo respiratório normal, é chamado de volume corrente (Vc). Este valor em cavalos atletas saudáveis e em repouso é de aproximadamente 12 ml/kg de peso corporal. Multiplicando-se o volume corrente pela freqüência respiratória (8 a 15 movimentos respiratórios por minuto), teremos a ventilação por minuto(VE), que é da ordem de 80 l/min, podendo atingir durante exercício máximo, valores de 1800 l/min (Thomassian et al. 2005). Quando o esforço é demasiado ultrapassando a capacidade pulmonar de se adaptar a esses altos volumes ocorre a indução da HME, descrita acima.

Outro fator importante observado é que quanto pior o condicionamento físico do animai maior é sua freqüência respiratória; se observarmos a (tabela.1), iremos observar a variação média de FC que o animal sofre durante o treinamento e a taxa de recuperação pós – exercício; e quanto melhor for condicionamento físico do animal menor é sua variação de freqüência respiratória.

Os diferentes estágios da cadeia de transporte do oxigênio são estimulados e sofrem adaptações em resposta ao treinamento. A melhora da captação de O2 com o treinamento está relacionada ao aumento no débito cardíaco e/ou na captação de O2 (LEKEUX & ART – 1994). O gráfico de demonstração das freqüências respiratórias apresentadas pelos machos (Graf.2), nos apresenta justamente a melhora do desempenho conforme o maior nível de treinamento; essa mesma resposta foi observada no caso das fêmeas.

Por isso tudo podemos confirmar que a freqüência respiratória é um parâmetro fisiológico importante para junto com a freqüência cardíaca balizarem o nível de esforço do treinamento a ser empregado em cavalo salto, sobretudo se considerarmos que se o segundo parâmetro no guia quanto ao esforço empregado no exercício o primeiro pode nos ajudar a prever qual a capacidade que animal tem de suportar ao esforço.

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Autor: edu marcondes


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