CONSIDERAÇÕES ACERCA DA FORMAÇÃO DO PEDAGOGO E O PROFISSIONAL DE LETRAS NO CAMPO DE ESTÁGIO



RESUMO: Esse relatório apresenta resultados do estágio supervisionado III, que foi realizado junto ao Projeto de Apoio Pedagógico nas séries inicias (PAELP) nas escolas Municipais da cidade de João Pessoa Paraíba. O projeto tem como objetivo, auxiliar através de estagiários (as) e com apoio dos (as) professores (as) da rede, o desenvolvimento e o acompanhamento da Alfabetização e do Letramento nestas séries, é oferecido aos estagiários (as) o Pró-Letramento onde os tutores orientam e fornecem materiais para serem desenvolvidos nas escolas atuantes. O projeto ainda oferece planejamentos quinzenais para os mesmos (as) para que possam receber materiais, orientações e entregas de freqüência. PALAVRAS-CHAVE: Estágio. Escola. Formação.

INTRODUÇÃO

O estágio está ligado diretamente na formação do profissional de Pedagogia, Letras e demais cursos, pois é coerente que depois de uma boa base teórica, o acadêmico tenha a oportunidade de usufruir de um bom estágio, visto que, o estágio é indispensável para nossa formação. O mesmo possibilita ao estudante adquirir a prática complementando a base teórica já citada. Segundo Ramos, as teorias do ensino e da aprendizagem são abordadas nas ares de educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental, no sentido de ser um instrumento útil parta análise e melhoria da prática educativa. (RAMOS, 2004).

É sabido da importância do estágio e dos benefícios em prol dos acadêmicos, não só em benefícios a eles, mas as escolas, empresas, comunidades e outros. Pimenta define o estágio como um complemento do currículo que não se configura como uma disciplina, mas uma atividade. (...) A Didática não se reduz, no entanto, à atividade de estágio. Nem o reduz a ela. Da mesma forma, o estágio pode servir às demais disciplinas e, nesse sentido, ser uma atividade articuladora do curso. E, como todas as disciplinas, é uma atividade teórica (de conhecimento e estabelecimento de finalidades) na formação do professor. (PIMENTA, 1997).

Por estas razões, devemos valorizar o estágio, pois é nele que vamos aprender a usar as teorias estudadas e refletidas. Como afirma Buriolla, que há a necessidade de um espaço em que a teoria e a prática sejam contempladas simultaneamente, o que corroborará para a unidade teoria e prática. [...] a Universidade prioriza a transmissão do saber teórico em detrimento da formação do aprendizado técnico-prático, subordinando a prática á teoria. (BURIOLLA, 1999).

Portanto, o profissional de Pedagogia, Letras e demais cursos, ao sair do seu curso com boas teorias refletidas e praticadas, com certeza será um bom Profissional. É bom lembrar, que este projeto tem ajudado muito nesta conscientização, pois muitos e muitas que participaram do mesmo, sabem disso, que este é o caminho a seguir. O estágio deve ser levado a sério e com responsabilidade de ambas as parte, educandos e educadores.

CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE ESTÁGIO

Escola: Escola Municipal de Ensino Fundamental Jornalista Raimundo Nonato Batista.

Localização: Conjunto Gervásio Maia, Loteamento Colinas do Sul, Bairro de Gramame, João Pessoa/ PB.

A escola Raimundo Nonato Batista, disponibiliza de uma excelente biblioteca, um auditório uma estrutura física moderna, uma horta onde são colhidos os legumes utilizados na merenda escolar, um ginásio esportivos adequando e aberto a comunidade, está localizada próximo a uma área ainda conservada de mata atlântica, os alunos que freqüentam a mesma são a maioria da comunidade, é uma escola modelo. Nesta escola, os inspetores moram na comunidade, conhecem os pais dos alunos e suas residências, logo caso algum dos alunos não estiverem respondendo as exigências da escola, são levados ate sua casa pelo inspetor (a), e no dia seguinte só volta acompanhado do pai ou da mãe. Algo positivo, pois está é uma forma que a direção escolar encontrou de aproximar a escola das famílias dos educandos, porque muitos são violentos e esta é uma estratégia para que os pais saibam como anda o comportamento dos seus filhos com relação aos seus colegas, com isso haver uma interação maior entre as famílias e a escola.

O que ambas as instituições têm em comum é o fato de prepararem os membros jovens para sua inserção futura na sociedade e para o desempenho de funções que possibilitem a continuidade da vida social. Ambas desempenham um papel importante na formação do indivíduo e do futuro cidadão. (...) A escola, entretanto, tem uma especificidade – a obrigação de ensinar (bem) conteúdos específicos de áreas do saber, escolhidos como sendo fundamentais para a instrução de novas gerações. (SZYMANZKI, 2003).

A escola tem dever de acompanhar as famílias, como as famílias têm dever de acompanhar a escola. Sendo assim, com certeza a aprendizagem vai ser bem mais proveitosa, afinal são nas escolas que conhecemos novas pessoas, novos mundos. Alguns professores (as) desta escola desempenham um grande trabalho como educadores (as), mais que as famílias muitas vezes jogam toda responsabilidade dos filhos para com eles. Lembrando que os professores (as), não substituem as famílias, eles (as) são apenas educadores, incentivadores do conhecimento.

Por outro lado, professora alguma tem de dar "carinho maternal" para seus alunos. Amor, respeito, confiança, sim, como professora e membro adulto da sociedade. (SZYMANZKI, 2003).

A comunidade onde a escola fica localizada dispõe de uma unidade de saúde nova e conservada, isto ajuda porque a mesma fica vizinha à escola, como algumas crianças não tem acompanhamento familiar com relação à saúde, a direção da escola sempre está atenta para encaminhar as mesmas para o posto de saúde, caso seja preciso. Porque se a criança não se encontra com o estado de saúde bom, logo ela não vai ter um bom rendimento escolar, ela pode ate não morar em um alugar adequado, mas se saúde em um todo não anda bem, a criança vai sim, ter uma queda no rendimento escolar.

As famílias têm de dar acolhimento a seus filhos: um ambiente estável, provedor, amoroso. Muitas, infelizmente, não conseguem. (...) Serviço de saúde e atenção às famílias podem colaborar muito para ajudar aquelas pessoas com dificuldades, para dar as condições necessárias às suas crianças. (SZYMANZKI, 2003).

O método de avaliação das duas turmas que acompanhei era bem flexível, as professoras sempre procuravam atender as necessidades dos alunos. Logo possibilitava um diálogo de confiança entre eles. Sabemos que hoje há vários métodos de avaliação, uns são por relatórios e outros por provas tradicionais, a escola adota os dois, por ser uma escola de ensino fundamenta um e dois. Pelo que percebi os educadores desta instituição, mostraram-se está bem atualizados.

A avaliação da aprendizagem escolar vem sendo objetivo de constantes pesquisas e estudos. [...] Neles se fazem presentes estudos críticos sobre a prática da avaliação da aprendizagem na escola, bem como proposições e encaminhamentos. [...] a avaliação da aprendizagem ganhou um espaço tão amplo nos processos de ensino que nossa prática educativa escolar passou a ser direcionada por uma "pedagogia do exame". (LUCKESI, 1995).

O uso de drogas por alguns alunos, é visível aos redores da escola, como a mesmo é aberta ao público, muitos adolescentes sentem a liberdade e aproveitam para comercializar drogas fazendo as crianças de aviãozinho. Talvez seja isso que Abramovay tenta explicar quando fala que. A escola é vista, pelos alunos, como um meio para a obtenção de um maior capital social e cultural. (ABRAMOVAY, 2005). Mas é sabido que as escolas vêm trabalhando muito para tentar combater estes acontecimentos aos redores das escolas.

ATIVIDADES REALIZADAS

1.Reuniões quinzenais no CECAPRO beira rio, onde são realizadas atividades com os (as) estagiários (as) para repasse de orientações para o campo de estágio, materiais e entrega de freqüências.

1.1Pró-letramento no CECAPRO da Epitácio, onde as tutoras orientavam os (as) estagiários (as) para que pudessem desenvolver suas atividades adequadamente nas escolas que estavam atuando junto aos professores (as).

1.2Continuação dos diagnostico das turmas, onde foram observadas as melhorias e dificuldades ainda continuadas dos alunos, os quais foram feitos de forma de coleta de dados com a ajuda das professoras. O resultado foi impressionante, as turmas melhoraram muito. Atividade desenvolvida nas duas turmas.

1.3Revisão do alfabeto com Bingo de letras, onde cada aluno recebeu uma cartela, nas mesmas escreveram letras sortidas. Foi muito favorável para o desenvolvimento da atenção dos mesmos. O Bingo teve como objetivo, revisar as letras e proporcionar uma interação entre as crianças, mostrando-as que, um jogo pode ser jogado de maneira divertida sem brigas e com honestidade. O vencedor (a) ganhou uma caixa de lápis coloridos. Atividade desenvolvida no 1º ano C.

1.4Conhecendo seu bairro e sua cidade. A atividade foi desenvolvida na biblioteca da escola, a mesma teve como base uma pergunta "O que tem no seu bairro e sua cidade?". Depois deles (as) terem respondido a pergunta, foi feito uma oficina de desenho para que eles (as) pudessem desenhar tudo que falaram desenhar o que eles (as) conheciam no bairro e na cidade. Esta atividade foi desenvolvida no 1º ano C.

1.5 Foi continuada as atividades com alfabeto móvel, onde as crianças tiveram um encontro maior com as letras e tentaram formar palavras já que neste período muitas já conheciam bem as letras. Atividade desenvolvida nas duas turmas.

1.6Continuamos com os cartazes com letras de músicas infantis, onde as crianças continuavam a identificarem as letras e a escrita de forma divertida e atraente. Atividade desenvolvida no 1º ano C. (Figura- 04).

1 7As leituras compartilhadas e individuais continuaram em sala, com textos retirados dos livros de segunda e primeira série, e cada dia víamos que as crianças melhoravam cada vez mais. Atividade desenvolvida nas duas turmas.

1.8Campanha eleitoral. A atividade foi feita de forma coletiva, onde foram lançadas perguntas sobre propostas eleitorais partidárias (horário eleitoral). As crianças mandaram muito bem, estavam por dentro de tudo que se passava do período eleitora do seu bairro, principalmente dos "santinhos" que usavam para brincarem. Depois de conversarmos sobre o assunto, foi feito uma oficina de desenho para que elas pudessem desenhar as propostas mais importantes feitas pelos políticos. Elas desenharam casas, escolas, parada de ônibus, praças e outros, e tinham que justificarem porque escolheram tal desenho, e as crianças mandaram bem. Depois de desenharem, fomos contar e qual proposta tinha sido mais escolhida, a proposta de construir mais casas foi à campeã. Atividade desenvolvida no 2º ano )A. (Figura- 01).

1.9Atividade educativa para o trânsito. Simulamos uma faixa de pedestre na sala de aula onde os alunos (as) eram carros e pedestres, e deveriam andar nas ruas sem atropelar, sem avançar os sinais de trânsito e principalmente atravessarem na faixa. As crianças embalaram ao som de uma música voltada para a educação no trânsito.

Música.

Ao atravessar a rua, dois cuidados devem ter.

Olhar para os dois lados, e o sinal obedecer.

O vermelho é para parar

O amarelo é atenção

E o verde quer dizer, que já posso atravessar. Foi muito divertido e educativo. Atividade desenvolvida no 1º C. (Figura- 04).

1.10Jogo com baralho. O objetivo do jogo foi orientar as crianças para as diferenciações dos números ímpares e pares. Jogo voltado para matemática. Dividimos as turmas em grupos, depois distribuímos os baralhos, foi pedido para as crianças formarem números com as terminações pares e ímpares. Atividade desenvolvida no 2º ano A.

1.11Provinha Brasil. A provinha Brasil foi desenvolvida com muito sucesso nas três turmas de 2º ano A. A escola esta de parabéns, pios as turmas ficaram acima da média.

REFLEXÕES CRÍTICAS (ACERCA DO CAMPO DE ESTÁGIO)

Raramente se atribuem as dificuldades de educar as crianças e adolescentes à simples falta de informação e, mais raramente, pensa-se em desenvolver competência para essa tarefa. (SZYMANZKI, 2003). E foi realmente isto que ouvimos durante todas as reuniões do projeto, que este era o discurso de muitas escolas da rede Municipal. E o estágio é importante para que possamos aprender a mudar este discurso.

O campo de estágio ainda é para muitos, uma trilha desconhecida, por não ter muitas vezes, um bom profissional da área para orientar-lhos, alguns estão perdidos, assustados (as) com as realidades que encontram no campo de estágio, porém não devemos desistir dos nossos ideais. Por este motivo devemos defender o estágio no nosso currículo.

O currículo escolar deve, pois, basear-se em objetivos educacionais claro e concretos, de maneira a permitir a prática docente, ao mesmo tempo abertos para propiciar adaptações a situações exigidas para uma real concretização do processo de ensino e aprendizagem, sem perder de vista que o principal referencial da educação é ajudar os alunos a desenvolver suas capacidades nas áreas cognitiva, física, afetiva, de inserção social, de inter-relação pessoal, ética e estética que os permitirão a que continuem aprendendo e se desenvolvendo, utilizando os saberes para viver e conviver com os outros, na perspectiva de melhorar o ambiente do qual fazem parte. (RAMOS, 2006).

É bom lembrar que, no projeto, devido a orientações dos organizadores, muitos destes que estavam assustados, à medida que foram dividindo suas aflições e experiências, os medos e as incertezas foram sendo amenizados; Aos poucos foram saindo da Caverna de Platão. No campo de estágio, ao mesmo tempo em que queremos avançar, também devemos recuar, pois temos medo muitas vezes do novo, ainda bem, porque se não íamos fazer muitas besteiras, o medo às vezes nos mostra os limites e o respeito para com os outros. Não tenho o que reclamar de escola em que atuei, pois as orientadoras (professoras), foram muito dedicadas assim como toda a escola, sempre fui bem resguardada e encontrei todo apoio que precisei, mesmo tendo encontrando algumas dificuldades com alguns alunos, foi surpreendente a experiência. Todos estão de parabéns, assim como o projeto.

Mesmo com a boa estrutura escolar, ainda é possível ouvir de professores (as) e coordenadores lamentação de que as famílias daquela comunidade são desestruturadas e crentes, e usam este argumento para explicar tantos fracassos no desenvolvimento escolar das crianças, mas muitos não procuram desenvolver algo para mudar este argumento, isto é comum entre alguns educadores.

É freqüente ouvirmos depoimentos de professoras ou membros da equipe escolar acerca de que as famílias são "desestruturadas", desinteressadas, carentes e, no caso de comunidades de baixa renda, violentas. Tais condições constituem-se numa "explicação" fácil para o insucesso escolar de algumas crianças. (SZYMANZKI, 2003).

CONSIDERAÇÕES FINAIS (SUGESTÕES PARA A CONTINUIDADE DO PROJETO)

Devido ao conhecimento que temos dos benefícios do projeto para com os estudantes de Pedagogia, Letras e das Escolas, é de grande importância que o mesmo permaneça, para que possamos continuar usufruindo das experiências que o mesmo oferece para melhoria dos nossos conhecimentos. As trocas de experiências, o conhecer como se dá a Educação Formal e Informal, porque pelo que percebi, na escola nós aprendemos de tudo um pouco. Os professores são de tudo um pouco.

O que mais me impressionou, foi saber que ajudei algumas crianças a perceber e refletir sobre a importância da higiene pessoal delas, a importância de vir à escola, não só para lanchar ou brigar com seus colegas. Procurar ajudá-las a entender que escola é para aprender algo novo, brincar, conhecer novas pessoas, conversar, trocar idéias, não um espaço de brigas e xingamentos é um lugar de viver a coletividade, e o companheirismo. Porque a escola a qual eu atuei, todos os dias presenciavam desavenças entre alunos (as). Nem por isso desisti de continuar, acredito que quando temos determinação, vamos longe.

[...] os seus desafios são maiores do que a humanidade já enfrentou, mas também tenho fé na sua capacidade de superar todos os obstáculos que aparecerão na sua vida. (...) A vitória virá, com certeza. Mas virá antes para aqueles que decidirem agir e souberem persistir na empreitada. (SHINYASHIKI, 2008).

Logo não devemos desistir dos nossos ideais, e sim procurar outros caminhos, caso o que escolhermos esteja impedindo de realizarmos os mesmos.

REFERÊNCIAS

ABRAMOVAY, Miriam; CASTRO Mary Garcia. Drogas nas escolas: versão resumida. Brasília: UNESCO, Rede Pitágoras, 2005.

BURIOLLA, Marta Alice Feiten. Estágio Supervisionado. São Paulo: Cortez, 1999.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposição. São Paulo: Cortez, 1995.

PIMENTA, Selma Garrido. O estágio na formação de professores. Unidade teoria e prática. São Paulo: Cortez, 1997.

RAMOS, Isolda Aires Viana; BORGES, Onelice de Medeiros (orgs). Educação Infantil: Pós-graduação LATO SENSU A Distância. João Pessoa: Sal da Terra, 2006.

RAMOS, Isolda Aires Viana; BORGES, Onelice de Medeiros (orgs). Educação Infantil. João Pessoa: Sal da Terra, 2004.

SHINYASHIKI, Roberto. Sempre em Frente. São Paulo: Ed. Gente, 2008.

SZYMANZKI, Heloisa. A relação família/ escola: desafios e perspectivas. Brasília: Plano Editora, 2003.


Autor: Edinete Lima


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