TOC – REPERCURSÕES NA VIDA



OLIVEIRA; José Aparecido Alves de, acadêmico do curso de Psicologia da Faculdade de Quatro Marcos – FQM.
 
Resumo:

O transtorno obsessivo-compulsivo – TOC é um distúrbio heterogêneo, geralmente crônico, cujas causas podem envolver fatores de ordem biológica e psicossocial (Knapp A. p.193, 2004). Esse distúrbio pode ocorrer tanto em homens quanto em mulheres, se instalando na infância ou no início da vida adulta. “Considerado raro até bem pouco tempo, na verdade é bastante comum, com uma prevalência em torno de 2,5% na população ao longo da vida (Karno et al., 1988).”

Palavras-chave: Obsessões. Manias. Transtorno.

O transtorno obsessivo-compulsivo – TOC é uma doença comum, mais do que se imagina. Dentre as doenças psiquiátricas, é considerada uma das mais graves e incapacitantes. Os portadores deste transtorno estão permanentemente preocupados com a possibilidade de que algo de ruim possa acontecer.

 

Características

 

É caracterizada por pensamentos intrusivos, idéias, imagens mentais, impulsos (obsessões), que ocorrem de maneira repetitiva e angustiante, que perturbam o indivíduo, levando-o, obrigatoriamente, a se comportar de maneira que satisfaça tal preocupação e se sinta fora de perigo (compulsão). “Esses pensamentos são como um processo automático e involuntário, provavelmente ligados às preocupações do indivíduo naquele momento. (Cordioli, A.V. 2004).”

As obsessões são os pensamentos inquietantes e, a compulsão são os comportamentos advindos dos pensamentos, para satisfazê-los. Essa compulsão serve como uma descarga psíquico-emocional, através da qual o indivíduo sente-se seguro e aliviado.


 

Obsessões

 

As obsessões são pensamentos ou impulsos que invadem a mente de forma repetitiva e persistente do indivíduo (Beck A.T. et al, 2005). Podem ainda ser imagens, palavras, frases, números, músicas, etc. Sentidas como estranhas ou impróprias, as obsessões geralmente são acompanhadas de medo, angústia, culpa ou desprazer.

As obsessões mais comuns envolvem:

  • Preocupação excessiva com sujeira, germes ou contaminação;
  • Dúvidas;
  • Preocupação com simetria, exatidão, ordem, seqüência ou alinhamento;
  • Pensamentos, imagens ou impulsos de ferir, insultar ou agredir outras pessoas;
  • Pensamentos, cenas ou impulsos indesejáveis e impróprios, relacionados a sexo (comportamento sexual violento, abusar sexualmente de crianças, falar obscenidades, etc);
  • Preocupação em armazenar, poupar, guardar coisas inúteis ou economizar;
  • Preocupações com doenças ou com o corpo;
  • Religião (pecado, culpa, escrupulosidade, sacrilégios ou blasfêmias);
  • Pensamentos supersticiosos: preocupação com números especiais, cores de roupa, datas e horários (podem provocar desgraças);
  • Palavras, nomes, cenas ou músicas intrusivas e indesejáveis.

 

Doença ou mania?

 

Na década de 60 o Transtorno Obsessivo-Compulsivo – TOC, era visto como um transtorno mental de prognóstico ruim, e até hoje é confundido, pelas pessoas, com simples manias, classificação que muitas vezes impede que alguns portadores deste transtorno procurem tratamento adequado.

 Muitos hábitos, como bater três vezes na madeira, não passar embaixo de escadas, evitar os gatos pretos, não pronunciar a palavra azar podem se assemelhar com os sintomas do TOC, mas na realidade, rituais como esses refletem apenas costumes e tradições antigas aceitos pelo grupo social do indivíduo e não causam prejuízos funcionais, não podendo ser considerados como uma doença e conseqüentemente não necessitam de tratamento.

Desde que a sua freqüência não seja excessiva ou cause sofrimento para o indivíduo, tais rituais não justificam nenhuma intervenção especial.

 

A Família junto ao tratamento do TOC

 

O tratamento é realizado mediante entrevistas e intervenções, que tem por objetivo mudar o conhecimento do paciente sobre as obsessões, evitar a neutralização e permitir, assim, que os pacientes se habituem com os pensamentos obsessivos.

Os sintomas do transtorno obsessivo-compulsivo – TOC costumam ter forte impacto sobre todos os membros da família. Interferem nos relacionamentos, nos compromissos sociais e profissionais e na vida econômica. Para evitarem conflitos, parentes acabam se adaptando aos sintomas e às exigências do paciente, o que não é o correto.

Os familiares podem ser importantes aliados nesse tratamento ou, eventualmente, dificultá-la se não compreenderem o que é o TOC e a base racional do tratamento. É conveniente que as mesmas explicações sejam dadas também à eles, em conjunto com o paciente, para que compreendam o que é o transtorno, esclareçam suas dúvidas e sejam orientados em relação às atitudes mais adequadas (Knapp P., p.199, 2004).

 

 

Considerações finais

 

Como foi colocado no início deste trabalho, o transtorno obsessivo-compulsivo – TOC é um distúrbio geralmente crônico, cujas causas adrém de fatores biológicos e psicossociais. Possui uma fenomenologia rica e diversificada, com infinitas possibilidades de se identificar, o que sempre dificulta sua identificação. O mundo contemporâneo possui um mar de fatores que induzem as pessoas à terem, não só o TOC, mas vários outros tipos de transtornos. Por isso é preciso estar sempre atento á comportamentos que são repetidos várias vezes em um curto espaço de tempo e demais características que possam  indicar algum outro tipo de transtorno.

Em fim, levando em conta essa pesquisa, podemos constatar que o transtorno obsessivo-compulsivo – TOC é uma patologia na qual se é possível obter resultados significativos em relação ao tratamento, desde que se tenha um acompanhamento profissional e o acompanhamento e compreensão da família.

 

Referências bibliográficas

 

BECK, Aaron T. et al. Terapia cognitiva dos transtornos da personalidade. Trad. Maria Adriana Veríssimo Veronese. 2º ed. Porto Alegre: Artmed Editora S.A.,2005.

 

CABALLO, Vicente E.. Tradução Magali de Lourdes Pedro. Manual para o tratamento cognitivo-comportamental dos transtornos psicológicos: Transtornos de ansiedade, sexuais, afetivos e psicóticos. São Paulo: Livraria Santos Editora Comp. Imp. Ltda., 2003.

 

Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10: Descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Trad. Dorgival Caetano. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

 

KNAPP, Paulo. Terapia cognitivo–comportamental na prática psiquiátrica. São Paulo: Artmed Editora S.A.,2004.

 


Autor: José Aparecido Oliveira


Artigos Relacionados


A HistÓria De ZÉ, Em Verso E Prosa

Menina Danada

Anjo DecaÍdo

Ipanema

Aprendiz De Escriba

Quer Namorar Comigo?

Avis Rara