Sustentabilidade Uma Ova!



SUSTENTABILIDADE UMA OVA!

Por Marcelo C. P. Diniz

Esta palavra entrou na ordem do dia.

__ Este é um empreendimento sustentável.

Pode significar, simplesmente, que tem potencial para se manter ao longo do tempo, não deve quebrar.

__ Esta é uma empresa que trabalha pela sustentabilidade.

Significa que ela acredita que as suas práticas vão deixar um bom legado para as gerações futuras, ou seja, se depender dela, nossos netos vão herdar um planeta melhor do que este em que vivemos.

__ O Brasil precisa crescer de forma sustentável.

Significa, em linhas gerais, que devemos prosperar sem gastar mais recursos do que a natureza é capaz de repor.

O problema é que as práticas do mundo moderno não são sustentáveis. Não existe uma única empresa absolutamente sustentável em todo o mundo. Todas elas consomem recursos, da luz elétrica às baterias de celulares, dos elevadores à tinta das impressoras, e assim por diante. A petroquímica que nos cerca, numa gama infinita de produtos e aplicações, depende da exploração do petróleo, muitas vezes em águas profundas, onde é impossível trabalhar com vazamento zero. E o que dizer da mineração de outros insumos, produzindo verdadeiras crateras nas florestas, para depois virem nos dizer que as árvores foram replantadas? Nada foi prejudicado, nem as plantas, nem os bichos, nem a água? Tomara.

Porém, o pior ainda está por vir. Segundo o Copenhagen Consensus (2004), que reuniu nove economistas mundiais de grande prestígio, os principais problemas ambientais deste planeta são, pela ordem, a AIDS, a má nutrição, as barreiras comerciais e a malária. A doença e a miséria degradam o ambiente. O nosso ambiente.

Vivemos um tremendo paradoxo: a biodiversidade relativa a 16 grandes ecossistemas terrestres já foi calculada em 33 trilhões de dólares. Mas o Banco Mundial estima que a degradação ambiental pode estar custando entre 4 e 8% do PIB de muitos países em desenvolvimento. O nosso modo de vida destrói o planeta, todos vão sofrer as conseqüências, mas as medidas para estancar a sangria ainda são muito, muito tímidas.

Há quem defenda o seguinte: a população mundial já está em quase 7 bilhões de habitantes. Não cabe mais ninguém, não há como suprir mais ninguém com os recursos existentes.

__ E vamos começar pelos pobres. Eles não têm mesmo como se manter, para que desejam ter filhos? Vamos tirar das mulheres pobres o direito à maternidade. Afinal, para que elas querem esta felicidade?

E tem muita gente que concorda. Mas, se ficarem sem abastecimento de gasolina para as suas caminhonetes, isso não! Veementemente não! Nada para eles é supérfluo, nada pode ser suprimido, muito pelo contrário.

Somos presas do que Galbraith chamou de "cultura do contentamento". Para nós, o futuro jamais chegará. E as realidades que cultuamos só irão mudar quando provocarem danos tão grandes a ponto de afetar o nosso próprio contentamento.


Autor: Marcelo Diniz


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