Relação Professor/Aluno nas Séries Iniciais



Inicialmente, precisamos entender o que significa Psicanálise para podermos discutir qualquer tipo de relação, em especial Professor/Aluno nas séries iniciais.

Psicanálise é um campo clínico e de investigação teórica desenvolvido por Sigmund Freud, médico neurologista vienense nascido em 1856. Propõe-se à compreensão e análise do homem, compreendido enquanto sujeito do inconsciente. http://pt.wikipedia.org/wiki/Psican%C3%A1lise

Segundo Kupfer, (1989, p. 97) "A Psicanálise pode transmitir ao educador (e não à Pedagogia) uma ética, um modo de ver e de entender sua prática educativa. É um saber que pode gerar, dependendo, naturalmente, das possibilidades subjetivas de cada educador, uma posição, uma filosofia de trabalho. Pode contribuir, em igualdade de condições com diversas outras disciplinas, como a Antropologia, ou a Filosofia, para formar seu pensamento."

Após vários estudos sobre as Contribuições da Psicanálise para a Educação, pude perceber como são imprescindíveis para a compreensão da prática docente neste aspecto. Antes não associava atitudes como envolver o aluno em laços afetivos para melhorar a aprendizagem como atitude psicanalítica. Nessa ótica é salutar condicionar a aprendizagem ao desejo de aprender, pois para que uma criança aprenda é necessário que ela deseje, esse desejo não acontece por acaso, é preciso que alguém faça com que isso aconteça, seja por transferência ou estímulo. Desde os primeiros dias de vida, a mãe estimula a aprendizagem que acontece porque a mãe é alvo desejável e de admiração do filho. Mais tarde, na idade escolar a professora passa a ser o exemplo de Ser Perfeito, aquele que "Sabe Tudo", sua verdade é sempre incontestável.

Nessa fase, os laços afetivos são essenciais, por isso é tão difícil a mudança de professor. Cada ano há aquela famosa "adaptação" da criança ao novo professor. Esse repúdio ao novo professor está associado ao não entendimento do fato de perder bruscamente uma pessoa tão importante, que a acompanhou, que lhe deu carinho e atenção durante um longo período. Entretanto, tudo se acomoda quando o novo professor a conquista, mostra-se cúmplice e digno de sua confiança. Porém, quando isso não acontece, constrói-se uma relação de aversão e o ritmo de aprendizagem diminui gradativamente.

Acredito que é por este motivo que o magistério, principalmente nas séries iniciais, é composto por um contingente feminino, tendo em vista que as mulheres têm naturalmente um instinto acolhedor e materno, o que facilita a transferência afetiva das crianças, mas sem descartar a possibilidade dos homens, aceitarem o desafio de atuar nessa faixa etária.

Não é fácil para o professor administrar o seu poder de analisar e de entender cada um de seus alunos. Como afirma Freud (1933, p.183), "Se considerarmos agora os difíceis problemas com que se defronta o educador - como ele tem que reconhecer a individualidade constitucional da criança, de inferir, a partir de pequenos indícios, o que é que está se passando na mente imatura desta, de dar-lhe a quantidade exata de amor e, ao mesmo tempo, manter um grau eficaz de autoridade, haveremos de dizer a nós mesmos que a única preparação adequada para a profissão de educador é uma sólida formação psicanalítica. Seria melhor que o educador tivesse sido, ele próprio, analisado, por ser impossível assimilar a análise sem experimentá-la pessoalmente. A análise de professores e educadores parece ser uma medida profilática mais eficiente do que a análise das próprias crianças, e são menores as dificuldades para pô-la em prática."

Concordando com a concepção Freudiana, considero de grande importância a necessidade dos educadores estarem preparados, não só para analisar, mas para serem analisados pelos alunos, ampliando a capacidade de entendê-los, de dosar, na medida certa, carinhos e carões na formação da personalidade e inserção social desses seres. Assumindo sempre uma postura de exemplo. Exemplo de tolerância, de educação, de firmeza, de gentileza, de seriedade, de líder, de incentivador do desejo de aprender. Assim, a aprendizagem significativa aconteceria de fato, tendo em vista que aprendemos com mais facilidade aquilo que nos encanta, mediado por alguém que confiamos.

Ser Professor não é fácil, mas é uma profissão capaz de auxiliar significativamente em aspectos da subjetividade na construção do pensamento, na busca pelo desejo de aprender e tudo isso com ênfase no encantamento que é despertado em cada aluno.

Enfim, já que estamos na profissão, encantemo-nos para suavizar os percalços na trilha da Construção de uma Sociedade mais Justa.




Site Consultado


http://pt.wikipedia.org/wiki/Psican%C3%A1lise


Referências Bibliográficas das Citações



KUPFER, Maria Cristina. Freud e a educação: o mestre do impossível. São Paulo: Scipione, 1989.


FREUD, Sigmund. Conferência XXXIV - Explicações, aplicações e orientações. In: Ed. Standard. 1933.


Autor: Fátima Lima


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