SORTE EM 2010!



Não é utopia, muito menos demagogia, dizer que, nos últimos anos, o Brasil tem tido sorte no que tange às suas diretrizes e lideranças políticas.

Sorte pois, ao meu modo de ver, o povo, aquele que elege, não vai às urnas após longas análises projetistas ou após obter a certidão negativa do candidato. O cidadão vai às urnas para exercer este direito com finalidade individualista, vislumbrando melhorias na sua qualidade de vida, enquanto membro de uma família assolada pela não distribuição da renda e, neste cenário egoísta, o Brasil caminhou -e caminha- para uma solidez econômica e democrática, ainda que primata, depois de longos anos de ditadura e seus cerceamentos.

Digo primata pois ainda nos deparamos com erros, por exemplo, dentro da própria estrutura de um Estado Democrático de Direito, como nos ensina em seus vários artigos o professor e advogado Pedro Benedito Maciel Neto, que vem nos presenteando com suas alusões à Judicialização da Política, que ainda não foram sanados devido aos resquícios meritocráticos de outrora, mas que hão de ser, através de nossas investidas, profissionais do Direito

Destarte, é fato que os tucanos cometeram algumas faltas graves –que deveriam ensejar em extinção do ‘contrato de prestação de serviços à sociedade’ por justa causa-, mas que iniciaram muito bem a reforma de um Estado oligárquico e monopólico para um que busque a igualdade, na medida das desigualdades econômicas e sociais.

Em seguida, o país encontrou em um metalúrgico a sua cara metade que, da mesma forma, trouxe à tona problemas como o nepotismo, o caixa dois de campanha, mas que fez o que os maiores críticos duvidavam: manteve a economia ‘em pé’ diante da maior crise da era globalizada.

A esquerda, que hoje se confunde com a direita, e vice-versa, não fechou os portos para as importações e não rompeu com o FMI, mas manteve-se incólume no aspecto do não-intervencionismo abusivo do Estado em sentido lato, e nos deu a certeza que a democracia encontra-se alicerçada, amparada por estruturas ‘anti-abalos sísmicos’, como notou-se diante do colapso econômico mundial, das crises políticas e até mesmo de nossa aproximação, até então indesejada, dos governos boliviano e venezuelano.

Ocorre que, 2010 é ano de eleição. Independentemente do que será dito em campanhas, debates, comícios, resta óbvio que nem a esquerda, nem a esquerda (sic) irá modificar em larga escala o que vem sido planejado desde Itamar Franco e o plano Real de FHC.

O que devemos observar, prontamente, é na maneira e na intensidade em que o Brasil deve crescer.

Sim, o cenário é próspero, segundo ditames de renomados economistas e analistas políticos. Porém, algo ainda macula alguns estudiosos de dúvida: a atual política assistencialista é o ideal para um país emergente, como o Brasil?

Este aspecto deve ser levado em conta nas próximas eleições. Altos investimentos têm sido deslocados para bolsas aqui, bolsas acolá, que foram úteis para os carentes, mas que não sanam suas reais e futuras necessidades e que preocupam a classe média, que se rotula isolada, sem representação.

Precisamos de políticas de investimento de base –educação, segurança, saúde-, a longo prazo, e o povo, o mesmo, que elege, precisa de paciência e inteligência o suficiente para aguardar algo de bom e concreto que está por vir.

Não prego pela extinção destas citadas políticas assistencialistas, mas para que os cidadãos elejam o novo líder do Executivo que, a partir de 2010, vislumbre a possibilidade em parar de ‘tampar o sol com a peneira e que acene com a construção de um grande e sólido guardassol’, pois um dia, a sorte pode nos faltar.

 

Carlos Eduardo Pimentel Vilella Pereira

Advogado

Autor: Carlos Eduardo Pimente V Pereira


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