PEDAGOGIA HOSPITALAR



Rafael Moreira Lima1

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Orientação

Cristiana Guimarães Teixeira2

[email protected]

RESUMO

Um novo olhar vem surgindo ao ver o Pedagogo, não apenas com o educador escolar, mas também com o facilitador dos processos educacionais. Diversas são as áreas de atuação em que esse profissional está inserido no mercado de trabalho, com isso neste artigo tem como objetivo compreender as funções pedagógicas do professor de classe hospitalar.

Através da prática pedagógica no HUB – Hospital Universitário de Brasília será relatado à necessidade do pedagogo dentro do hospital e até onde ele pode ir. Qual a sua importância educacional para as crianças e os adolescentes que estão em estado de restrição social e educacional por determinadas enfermidades.

A partir da disciplina Pedagogia Hospitalar existente em nossa grade curricular pode-se observar que após o surgimento das Classes Hospitalares no Paraná a valorização por esse trabalho aumenta mais a cada dia sendo na rede hospitalar pública ou privada.

Palavras-chave: Pedagogo, Hospital, Pedagogia Hospitalar, Classes Hospitalares, Paraná.

__________________________

1 Aluno, autor do artigo. Trabalho de Conclusão de Curso de Pedagogia – Licenciatura da Faculdade Evangélica de Brasília apresentado no período do segundo semestre de 2009.

2 Professora orientadora do Trabalho de Conclusão de Curso.

1-Historicidade do Objeto de Pesquisa

Então obtive informação da Pedagogia Social que abrange várias áreas fora do contexto escolar mas que atua como educador. No estágio III pude presenciar que a Pedagogia está muito além de uma sala de aula e pude assim ter contato com a disciplina Pedagogia Hospitalar. Foi quando identifiquei sobre o que iria escrever. E no dia 25 de maio tive a oportunidade de assistir a palestra de Pett Adams cujo tema: '' Humanização de Empresas Gestão de pessoas com foco em resultados'' confirmando ainda mais o meu desejo em escrever sobre o tema.

Prático há 11 anos através do LEO CLUBE GAMA (Movimento Jovem do LIONS CLUBE INTERNACIONAL)[1] atividades filantrópicas sociais e promoção da Liderança continuada, com esse tipo de serviço voluntário fiz uma ligação do que desejo falar e de tudo o que já presenciei nas visitas aos hospitais e mesmo sabendo que na informalidade já praticava algumas coisas que estão dentro de um contexto da Pedagogia Hospitalar e não sabia.

O momento está propicio para que o Pedagogo interaja em novos espaços e também na atuação dentro do processo educacional fora do contexto escolar. Com isso quero uma especialização nesta área, já sabendo onde irei cursar. Sei que não é apenas pelo perfil que tenho para atuação diferenciada com a profissão de Pedagogo mas também pelo respeito a educação em todos os sentidos e em alguns ramos de atuação que ainda é falho na visão do que realmente é a função do Pedagogo Hospitalar, Educacional, Empresarial ou melhor a Pedagogia Social.

2-Objetivo Geral:

Compreender as funções pedagógicas do professor de classe hospitalar

3-Objetivos específicos:

Identificar as características do trabalho pedagógico da classe hospitalar;

Observar a práxis do Pedagogo hospitalar;

Verificar a relevância do trabalho pedagógico na classe hospitalar.

4-Metodologia:

Desde o primeiro contato com a disciplina Pedagogia Hospitalar sempre tive a inquietação de ir além do que era apresentando nos livros. Por ser um Hospital público atuante em 33 especialidades médicas escolhi o HUB - Hospital Universitário de Brasília para observar a real prática pedagogia no contexto hospitalar uma vez que cada hospital tem sua característica e forma de trabalhar dentro do que é legal.[2]

A escolha deste hospital foi justamente por ter conhecimento da prática pedagogia no contexto hospitalar dando uma base experimental para que esse tipo de prática pedagógica seja difundida em outros hospitais, mesmo sabendo que esse tipo de prática pedagogia por muitas vezes é vista como momento de diversão irei detalhar com ênfase educacional mediante o processo de ensino e aprendizagem com aqueles que encontram em estado de isolamento social.

As visitas foram feitas com objetivo geral em compreender as funções pedagógicas do professor de classe hospitalar facilitando assim o desenvolvimento deste artigo. Embasado na Constituição Federal de 1988, que cita no Titulo VIII – Da Ordem Social, Capítulo III- Da Educação, da Cultura e do Desporto, Seção I, artigo 205 diz:

A educação é direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Algumas justificativas legais darão uma base para ao cumprimento da prática educacional para aqueles que estão inaptos de ir até sua escola, mas a realidade não permite meio termos, faltam profissionais focados nesta área e faltam hospitais capacitados para que pratiquem a atuação legal do Pedagogo.

5-HUB – Hospital Universitário de Brasília Referência Em Medicina Há Mais De 30 Anos.

Hospital Universitário de Brasília (HUB)[3]teve seu funcionamento autorizado pelo Decreto n.º 70.178 de 21 de fevereiro de 1972. Nessa fase inicial, era mantido pelo Instituto de Pensão e Aposentadoria dos Servidores do Estado (IPASE). Foi inaugurado, oficialmente, em agosto de 1972, pelo então Presidente da República, General Emílio Garrastazu Médici, recebendo o nome de Hospital dos Servidores da União (HSU).

Em sua inauguração, já contava com 240 leitos e várias especialidades médicas como: Pediatria, Clínicas Cirúrgicas, Ginecologia, Clínica Médica, Terapia Intensiva, Unidade de Radiologia, Unidade de Medicina Física e de Reabilitação e Ambulatório com 34 salas. A área total construída, à época de sua inauguração, era de 16.000 m².

Inicialmente conhecido como HSU, passou a se chamar, após sua inauguração, Hospital do Distrito Federal Presidente Médici (HDFPM). Ainda na década de 70, com a extinção do IPASE, o hospital passou a fazer parte do INAMPS. No início dos anos 80, passou a ser o Hospital de Ensino da Universidade de Brasília e recebeu o nome de Hospital Docente-Assistencial (HDA). Em 1990, foi cedido à UnB em ato assinado pelo Presidente Fernando Collor e passou a se chamar Hospital Universitário de Brasília (HUB).

Desde então, com a cessão definitiva, as atividades de ensino, pesquisa e extensão passaram a representar o grande diferencial de nosso Hospital em relação aos demais hospitais da cidade: o compromisso com a formação de novos profissionais da área de saúde (médicos, enfermeiros, dentistas, nutricionistas, farmacêuticos), indissoluvelmente ligado ao atendimento à população e à produção de conhecimento e desenvolvimento de novas tecnologias, adaptadas às características e exigências de nossa sociedade.

Além de receber os alunos de graduação dos diferentes cursos da UnB (Medicina, Enfermagem, Odontologia, Nutrição, Farmácia, Psicologia, Serviço Social, Administração, Educação, Arquitetura, etc.), o HUB oferece estágios de pós-graduação e de nível médio em diferentes áreas; em 2001 foram 58 estagiários de pós-graduação e 456 de nível médio. Recebe ainda, entre outros, os alunos dos Cursos de Pós-Graduação em Ciências da Saúde e em Ciências Médicas, em níveis de mestrado e doutorado, e os alunos de vários cursos de especialização lato sensu, como os de Fisioterapia Pneumofuncional, Fisioterapia Reumatológica e Traumato-Ortopédica e Fisioterapia Neurofuncional.

A Residência Médica é uma das mais completas do Distrito Federal, contando com 20 programas credenciados pelo MEC e 78 médicos residentes. O HUB conta atualmente com 289 leitos, 121 salas de Ambulatório e 41.170 m² de área construída. Seu Corpo Clínico é formado por diversos profissionais da área de saúde: Professores da UnB, servidores do Ministério da Saúde e profissionais contratados.

Seu atendimento ambulatorial é, em média, de 16.000 consultas, com cerca de 900 internações. O Pronto Socorro realiza, aproximadamente, 3.500 consultas. No total, o HUB faz 36.000 atendimentos a cada mês. São feitos cerca de 60.000 exames complementares e 500 intervenções cirúrgicas/mês.

A pesquisa sobre a satisfação dos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), feita pelo Ministério da Saúde no ano de 2000 com cerca de 960 mil pacientes internados em hospitais do SUS, que analisaram a qualidade do atendimento, equipe de funcionários e instalações físicas do local onde ficaram, deu ao HUB a maior nota de Brasília.

O HUB, contando atualmente com 33 especialidades médicas, serve à comunidade do Distrito Federal nos níveis primário, secundário e terciário, recebendo ainda pacientes das cidades do entorno de Brasília e oriundos de várias outras Unidades da Federação, sendo, portanto um hospital de referência onde é desenvolvido um importante trabalho de ensino, pesquisa e assistência.

6-A missão da Faculdade Evangélica na formação do Pedagogo:

O curso Pedagogia,[4] licenciatura do Instituto Superior de Educação – ISE - Evangélica, parte do princípio que o homem é fundamentalmente um agente de mudanças, agente esse, global, flexível, criativo, construtivo, responsável, solidário, em relação a si mesmo, ao outro e ao universo.

O curso de Pedagogia, licenciatura tem como princípio, que a educação num contexto democrático, é entendida como processo responsável por criar condições para que todas as pessoas desenvolvam suas habilidades e aprendam os conteúdos necessários à construção dos instrumentos de compreensão da realidade e à participação em relações sociais amplas e diversificadas – fundamentos imprescindíveis para o exercício da cidadania e a formação integral do ser humano.

As tendências da educação para as próximas décadas têm como pilares, por se constituírem vias de acesso ao conhecimento e ao convívio democrático: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver e aprender a ser. Essa perspectiva enfoca uma nova concepção de educação escolar, dando uma nova dimensão ao trabalho e papel do professor e, exige uma formação profissional voltada para o estudo da educação como uma prática social na sua globalidade, levando-se em conta a natureza, as finalidades, os processos formativos e os determinantes socioeconômicos, políticos e culturais do ato de educar.

Assim sendo, esse curso destina-se à formação de docentes na Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, e em cursos de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar, e, na organização do trabalho pedagógico quer no espaço escolar, quer em outras modalidades da educação em outros espaços sociais nos quais a atuação desse profissional se fizer necessária, sempre numa perspectiva de promover o ensino crítico e reflexivo que instrumentaliza o indivíduo a intervir na sociedade, tendo em vista a sua transformação e a construção da cidadania.

7-Quem é o Pedagogo Hospitalar:

Sendo uma profissão que por muitas das vezes não tem o espaço firmado apenas por professores, a Pedagogia é uma profissão que inova com a necessidade do educar dentro da sociedade moderna tendo então um leque de opções para que tenha a atuação focada em valorização das questões éticas, morais, educacionais e sociais. O surgimento que Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura regido pela RESOLUÇÃO CNE/CP Nº 1, DE 15 DE MAIO DE 2006 proporciona uma melhor visão e atuação no mercado de trabalho, mas o professor não pode ficar restrito ao quadro negro, afinal a educação está presente em todos os locais seja escola ou empresa a educação é um processo continuo. Sendo um dos principais objetivos da educação ressalto:

"[...] o desenvolvimento de uma consciência crítica que permite ao homem transformar a realidade se faz cada vez mais urgente.Na medida em que os homens, dentro de sua sociedade, vão respondendo os espaço geográficos e vão fazendo história pela sua própria atividade criadora. (FREIRE apud Matos & Mugiatti, pg.68)"

Para atuar no contexto hospitalar é necessário habilitação em Pedagogia e especialização em Pedagogia Hospitalar ou em Educação Especial sendo um profissional capacitado para atuar como mediador sobre questões educacionais, emocionais tendo noções sobre as enfermidades que supostamente são mais freqüentes na realidade de cada hospital. Esse profissional também é recebe uma gratificação, sendo um adicional de periculosidade e insalubridade que é regido pela CLT - Consolidação das Leis do Trabalho - título II, capítulo V, seção XIII:

Art. 189. Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos.

A prática pedagógica no contexto hospitalar traz uma mudança de pensamento ligado ao comportamento, com isso a visão de que a atuação do Pedagogo no hospital é apenas para os momentos lúdicos, de ler revistinhas ou contar histórias já é ultrapassada. Vários serão os momentos em que esse profissional irá entrar em ação, tendo foco maior no processo ensino e aprendizagem nos leitos ou nas classes hospitalares fazendo com que o doente tenha a oportunidade de brincar e aprender ao mesmo tempo independente da sua enfermidade, pois existe um planejamento para cada um que esteja internado.

Existe todo um contexto social, motivacional, sociológico em que o professor hospitalar irá trabalhar com os que estão em situação de enfermidades, com isso o atendimento pedagógico fará com que o paciente que é aluno tenha uma valorização não como um sujeito que está ligado ao número de prontuário, mas que ele tenha o prazer em aprender mesmo estando em situação especial. O trabalho deve ser desenvolvido respeitando cada necessidade e principalmente resgatando os valores de cada um para que o ambiente não seja visto como isolado e excluído da sociedade. Envolver família, amigos, brincadeiras, jogos e atividades são fatores que irão diferenciar na prática pedagógica não esquecendo a imensidão que é o hospital podendo então cultivar atividades multidisciplinares para que o aluno paciente amadureça com as experiências vivenciadas nos momentos em que está internado no hospital.

8-Classe Hospitalar:

Do latin hospital tem a significação de hospedar sendo originário de hospitalis e hospitalium cujo era o local onde alocavam as pessoas sendo viajantes e os desabrigados. A Medicina em si entre vários povos era vista como a arte de curar o paciente na sua enfermidade, mas com o passar do tempo ocorre a mudança de postura tendoentão a necessidadede humanização.Com avanço da informação e surgimento de novas técnologias deram oportunidade de uma ligação não apenasdo paciente agregado ao número de prontuário como também a valorização do paciente sendo visto como um ser humano.

Esteves apud Porto, 2008 ao escrever seu artigo cita que por volta de 1935 foi dado início com Heni Sellier sob a criação de uma escola para crianças inadaptadas em Paris, sendo um avanço e valorização para aqueles que estavam em situações especiais. Entre vários objetivos o de tratar das dificuldades das crianças tuberculosas e esse modelo foi seguido também na Alemanha, França, Europa e no EUA sendo então considerado marco e início da Classe Hospitalar no mundo. Aqui no Brasil a prática informalnesse contexto hospitalar sempre foi feita por grupos sociais ou equipes que não tinha uma certa noção real do que fazer com o paciente que além de internado esta matriculado na escola, faziam campanhas internas cujo objetivo era a valorização do lado afetivo desses pacientes que estavam em situação de isolamento social, com isso em 1995 a Resolução 41 do Estatuto da Criança e do Adolescente no item 9, ressalta sobre o direito da promoção educacional através de programas focados na educação e saúde para aqueles alunos que estejam internados acompanhando o currículo escolar durante sua permanência no hospital, mostrando outros caminhos.Em pelo gozo de direitos todos terão direito a educação mesmo em estando refém de sua enfermidade, com isso a visão de que apenas o lúdico será o necessário não será mais aplicada tendo assim o momento para cada atividade.

Com várias questões sociais dentro deste cenário hospitalar a necessidade da educação escolar é vista em socializar o paciente, uma vez que ele está isolado do convívio social, cultural e familiar e a proposta da Classe Hospitalar também é de se trabalhar a inter/multi/disciplinar para que neste tempo ele recupere o que não está sendo visto em sala de aula facilitando assim uma aprendizagem continuada de forma que o próprio paciente não se sinta extremamente inválido.

A Classe Hospitalar é uma modalidade de ensino em educação especial justamente por não ter ligação direta com a escola do paciente, e mesmo nesta situação o atendimento pedagógico será feito em leitos ou então no local adequado dentro do hospital. Existe uma rotina para cada realidade daqueles que estão hospitalizados isso fará com que ele resgate os seus valores pessoais, sociais e educacionais acompanhado pelo profissional que além de ter acesso à enfermidade irá ter a flexibilidade para o desenvolvimento das atividades. Na Resolução 02[5] CNE/MEC/Secretaria de Estado da Educação – Departamento de Educação Especial em 2001:

Art. 1º - A presente Resolução institui as Diretrizes Nacionais para a educação de alunos que apresentem necessidades educacionais especiais, na Educação Básica, em todas as suas etapas e modalidades.

9-Muito além da legalidade:

Vários argumentos serão envolvidos perante leis que regem a promoção e acesso do ensino especial para alunos que estão em situação hospitalar, mas nem todo hospital está preparado ou capacitado profissionalmente para que dê esse atendimento que faz o diferencial na vida do aluno que está doente, com isso o que pode ser visto em vários hospitais serão apenas atividades lúdicas para o passar do tempo prejudicando assim o aluno e todo o seu meio em que está em convívio social.Partindo do entendimento de que o aluno neste momento está em condições especiais é de suma importância expressar um dos maiores documentos já escritos sobre o Ensino Especial, a Declaração de Salamanca, foi um encontro com lideranças de 88 governos e 25 organizações internacionais em 1994na cidade de Salamanca na Espanha com objetivo principal de nortear o acesso à educação para todos e partindo da condição do estado especial é importante lembrar que:

No contexto desta Linha de Ação, a expressão 'necessidades educativas especiais'

refere-se a todas as crianças e jovens cujas necessidades decorrem de sua capacidade ou de suas dificuldades de aprendizagem. Muitas crianças experimentam dificuldades de aprendizagem e têm, portanto, necessidades educativas especiais em algum momento de sua escolarização. (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994)

Seja criança, adolescente o doente é acima de tudo um aluno que deseja ser curado, mas também pode juntar o tempo ocioso para aprender e até mesmo tentar fazer atividades que possam deixar em um patamar parecido dos seus colegas que não estão na mesma situação que esse aluno. No Estatuto da Criança e do Adolescente ressalta a importância da participação de todos (família, sociedade, governo) para o respeito e desenvolvimento desse aluno fazendo com que ele tenha acesso ao estudo mesmo em situação que foge de sua realidade:

Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho [...]

O pedagogo tem um papel fundamental para acompanhar o paciente, pois quando ele chega não é dado o diagnóstico com data marcada para ele receber alta com isso o primeiro contato será de suma importância podendo esse paciente terá não apenas uma visão de que está totalmente isolado e que existe o momento onde ele irá aprender, ler, brincar resgatando valores que ficam guardados devido a sua situação. Em solo brasileiro o estado do Paraná sempre trouxe experiências de sucesso, cito Matos & Mugiatti,ano 2006 pg. 32:

''...Hospitalização Escolarizada'' foi o primeiro projeto que surgiu no Estado do Paraná, a partir da parceria com Secretarias de Educação e Saúde.Também, nesse contexto, surge o termo especifico ''Pedagogia Hospitalar'', anteriormente inexistente no Brasil, vindo a instituir uma ramificação do curso de Pedagogia, tendo, como aporte, a pesquisa de envolvimento teórico e prático entre a realidade acadêmica/hospitalar.A partir de então surgem outros projetos inéditos levados, com sucesso, à execução como: Sala de Espera, Enquanto o Sono não Vem, Mural Interativo, Inclusão digital...''

10– A prática Pedagogia Hospitalar no Hospital Universitário de Brasília:

A prática pedagogia no hospital respeita as necessidades individuais conforme o tipo de gravidade que cada paciente encontra-se, com isso na entrevista sobre a atuação do Pedagogo no Hospital Universitário de Brasília eu destaco vários pontos que são importantes para o bom andamento legal da profissão em qualquer hospital sendo ele público ou privado. A entrevista foi como um ''bate papo'' cedida por uma Pedagoga voluntária que faz trabalhos esporádicos com isso a pedido dela a identidade foi preservada tendo abaixo destacadas as informações relevantes para agregar valor neste tipo de trabalho.

Antes de iniciar o bate papo foi ressaltado sobre o momento em que a sociedade vem convivendo cuidadosamente com o vírus do H1N1[6]as ações preventivas também são focadas no que está na mídia.

A primeira coisa relatada foi sobre a anamnese, que é uma entrevista inicial com o paciente e seus pais mapeando assim qual é o tipo de enfermidade patológica que esse paciente está e também é necessário o fazer o levantamento do seu histórico escolar, nem sempre existe a comunicação entre ambas as partes prejudicando ainda mais o aluno sendo um ponto a ser melhorado no sistema hospitalar que atende essas realidades pedagógicas. Logo no primeiro contato é importante que o prontuário desse paciente já esteja pronto, assim facilita o desenvolvimento das atividades dentro do limite de cada um.

Ter ciência de que existem duas definições sobre a prática pedagogia no contexto hospitalar sendo distintas e duas áreas: Pediatria Cirúrgica e Pediatria Clínica:

·Pediatria Cirúrgica: nesse caso é mais detalhado e mais complexo existindo um tempo maior de internação do paciente que está à procura da cura da sua enfermidade. O atendimento pedagógico ao paciente pode ser feito no leito ou então na classe hospitalar irá variar da sua situação. O pedagogo tem que saber a realidade de cada um, caso o atendimento seja feito no leito é interessante o envolvimento de quem esteja sendo acompanhante para facilitar o processo de aprendizagem e também para que o paciente sinta-se valorizado, no atendimento na classe hospitalar pode ser feito em grupo separando atividades por idades valorizando atividades como leituras, cruzadinhas, escrever e desenhar e para que os pais não fiquem apenas ajudando os filhos também pode levar livros de romances ou revistas. Como o planejamento deve ser feito para os alunos não pode esquecer que caso o aluno tenha uma mais de 15 dias de internado deve-se manter contato com a escola para que tenha ciência da situação do aluno e mesmo a escola tendo que atender em regime especial as Secretaria de Educação envia as provas em envelope lacrado para que seja aplicada e devolvida. Quanto aos trabalhos escolares realizados no hospital deverão ser entregues na escola e todas as atividades que são executadas no hospital servirão de base para que esse aluno tente acompanhar a sua turma.

§Pediatria Clínica: o contato com o paciente é mais rápido, mas caso tenha necessidade pode ocorrer a internação. O contato pedagógico na Pediatria Clinica trabalha muito coma valorização e a diversidade, ocorrendo casos de crianças não possuir órgãos no corpo, ter um grau de patologia muito avançada e a número de óbitos é maior.O cuidado deve ser redobrado esterilizando sempre os objetos sendo obrigatório o de máscaras, luvas, tocas, álcool todos com as vacinas em dia sendo o paciente ou o profissional hospitalar.A prática pedagógica é feita de forma individual justamente por que cada um tem uma realidade patológica diferenciada.

10- Tia Adelina, uma história de Sucesso:

Era sexta – feira, 30 de Novembro de 2009 na entrada lateral do HUB vem chegando com passos leves uma mulher de meia idade e de olhar marcante. Fomos em grupo (alguns alunos da disciplina Pedagogia Hospitalar) eu querendo conhecer a Pedagoga Hospitalar Adelina Droescher mais conhecida como ''Tia Adelina''.

Juntos fomos para Enfermaria de Cirurgia Pediátrica onde fica a sua sala de trabalho, ela com toda alegria e disposição foi apresentando mais de oito leitos. Cada leito uma história uma lembrança, daqueles que por ali passaram e tiveram final feliz ou faleceu, uma realidade traduzida em gestos de amor e carinho nas palavras de ''Tia Adelina, como era quase final de semana apenas duas crianças estavam internadas ambas alegres e felizes fazendo atividades na sala de aula do hospital. Logo entramos para sua sala enquanto os outros alunos ficaram acompanhando as atividades com os pacientes. Com grande auxilio da minha orientadora Prof. Msc Cristiana Gonçalves ressaltei sobre o tema do meu trabalho final de curso e o meu objetivo não era fazer uma entrevista formalizada com perguntas e respostas, mas sim uma conversa aberta para que eu pudesse resgatar o que realmente é a função do Pedagogo Hospitalar.

Adelina Droescher é graduada em pedagogia, possui 36 anos de formação, é pós graduada em Orientação Educacional, Supervisão e Administração Escolar. Trabalha há 28 anos na área educacional na Universidade de Brasília, há 19 venho desenvolvendo o trabalho de classe hospitalar na cirurgia pediátrica do Hospital Universitário de Brasília(HUB) tendo no total 42 anos como educadora.

Sendo uma das pessoas mais importantes na atuação Pedagogia Hospitalar Tia Adelina relembrava o inicio do trabalho quando há 19 anos participada do Projeto Creche Domiciliar aonde iam às casas dos pacientes que tinham menos condições fazer o atendimento ''...íamos em uma combi em vários lugares, felizes ressalta Tia Adelina...'' com o passar do tempo a necessidade foi crescendo e o número de pacientes internados no hospital foi aumentando, com isso vários projetos sob sua coordenação foram criados dando uma valorização pessoal e o acompanhamento pedagógico para aqueles que em estado de enfermidade não deixaram de ser estudantes.Um projeto de bastante sucesso foi o PIJ – Programa Infanto Juvenil que tinha como base o atendimento pedagógico para crianças e adolescente até 15 anos sendo então um dos vários outros que sempre estão na ativa dentro do Hospital, ela ressalta da importância da valorização doprofissional da educação nesse contexto e que a ligação direta com as outras áreas e profissões facilitam ainda mais a realização das atividades.Hoje ao 62 anos de idade Tia Adelina vê que a cada dia pode mais e sempre está no hospital fazendo o seu papel enquanto mãe, mulher, pedagoga e principalmente enquanto ser humano.

11– Considerações Finais:

Como dizia Renato Russo:

''...Tem gente que está do mesmo lado que você
Mas deveria estar do lado de lá
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Tem gente enganando a gente
Veja nossa vida como está
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança...'''

 

Estamos na transformação do conhecimento educacional, onde todo dia a Pedagogiaestá cada vez mais valorizada e vista muito além da sala de aula.Falam-se em Educação a Distância, Pedagogia de Projetos, Pedagogia Empresarial, Pedagogia Social mas nem sempre é falado sobre Pedagogia Hospitalar.

O momento Pedagógico traduzido para uma realidade que tem a necessidade de fatores para uma transformação cultural, isto é a busca da identidade em um meio de tubulações nos problemas que muita das vezes não tem a devida resposta e ainda mais na área da saúde que procurava respostas em suas preocupações. Uma grande diferença para a amplitude de saúde, uma vez que o individuo além da cura de determinada enfermidade vai atrás da carência emocional adquirida. Não podemos fechar os olhos e acreditar somente que ao chegar a um hospital procuramos somente a cura da ''ferida'' e nada mais. A Pedagogia Hospitalar é a junção de transtornos (físicos, mentais, sociais) para a auto-satisfação saudável do espírito, uma vez que, atitudes assertivas terão que ter sempre nos mais íntimos dos detalhes.

Seja no atendimento inicial ou no tratamento diário o modelo tradicional deve ter antes de tudo uma percepção primaria do todo, e assim como foi pensado no Paraná – Hospitalização Escolarizadae gradativamente tivemos a real junção do objetivo proposto em ter o termo '' Pedagogia Hospitalar'' hoje podemos contemplar o fim desejado e claro é importante deixar claro sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia que na amplitude inclui-se novos segmentos: Projetos Pedagógicos, Estágios, Atividades Complementares e áreas afins.Muitos dos objetivos propostos dentro das Diretrizes Pedagógicas vão de encontro com o que a Sociedade Brasileira de Pediatriaque nada mais tem do que o direito a educação, saúde e vida.

Existe então uma trajetória positiva da necessidade do processo educacional dentro das instituições hospitalares, mas em um mundo cheio de nuanças financeiras, nessa visão de ''mercado hospitalar'' sairá na frente quem mais oferecer benefícios para seus clientes que são pacientes isso desfavorece os hospitais públicos que são submissos aos órgãos governamentais e que muita das vezes não dão a devida importância para essa necessidade que auxilia na cura das enfermidades.Sendo um processo continuado a Educação Hospitalar pode sim aliar-se aos projetos internos tendo uma ligação com a diversidade e com a interdisciplinaridade ciente de quea realidade é local, cada hospital pode sim fazer da forma em que dará certo, respeitando as leis e as necessidades do paciente que antes de tudo está em condição de aluno.

Na oportunidade é sempre bom ressaltar que a atuação do Pedagogo dentro do contexto hospitalar vai de encontro com a formação do profissional desta área que busca o aprimoramento constante pela educação, ensino e aprendizagem e isso ficou claro com tudo aquilo que esperava obter de respostas nesse trabalho final de curso.Fazer a diferença não é apenas dizer que luta pela educação e ao ter o contato com crianças em estado final, independente de qual for sua enfermidade, o profissional acreditar que não tem mais o que fazer quando na verdade o sorriso seria uma simples e boa resposta mesmo não revertendo a situação o Pedagogo acima de tudo tem que acreditar até o último momento assim terá sempre a vontade de aprender a aprender comas experiências que são únicas.

Finalizando não posso deixar de ressaltar uma frase que traduz toda a realidade desse profissional independente de onde ele estiver atuando:

" Ama-me por Amor somente "

Ama-me por amor somente.
Não digas: "Amo-a pelo seu olhar,
o seu sorriso, o modo de falar
honesto e brando. Amo-a porque se sente
minh'alma em comunhão constantemente
com a sua".

Porque pode mudar
isso tudo, em si mesmo, ao perpassar
do tempo, ou para ti unicamente.

Nem me ames pelo pranto que a bondade
de tuas mãos enxuga, pois se em mim
secar, por teu conforto, esta vontade
de chorar, teu amor pode ter fim!
Ama-me por amor do amor, e assim
me hás de querer por toda a eternidade.

Madre Teresa de Calcutá

REFERÊNCIAS

http://www.hub.unb.br/Institucional/apresentacao.htm acessado em 7 /9/2009 às 19:36

BRASIL. Constituição da república federativa do Brasil:Texto constitucional promulgado em 5 de oubro de 1988, com alterações adotadas pelas Emendas Constitucionais nº 1/92 a 42/2003 –Brasília:Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2004, pág.15 Atg. 5º

Conselho Nacional dos direitos da criança, resolução de nº 41 de outubro de

1995.

DECLARAÇÃO de Salamanca e Linha de Ação sobre Necessidades Educativas Especiais. Brasília: CORDE, 1994. 54p.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental .Parâmetros Curriculares Nacionais: Adaptação Curriculares / Secretaria de Educação Fundamental.MEC / SEF/ 1999

http://www.dji.com.br/decretos_leis/1943-005452-clt/clt189a197.htm acessado em 18/10/2009 à 22:40

http://www.fae.ufmg.br/estrado/cd_viseminario/trabalhos/eixo_tematico_1/formacao_pedagogo_eixo_1.pdf

MATOS, E. L. M., M. M. M. T. de F. Pedagogia Hospitalar: A humanização integrando educação e saúde. Brasil, Vozes, 2006.

Estatuto da Criança e do Adolescente




Autor: Rafael Moreira LIma


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