Apocalipse: os quatro cavalos e cavaleiros do Apocalipse; a imanência do Mal, capítulo 6



Apocalipse: os quatro cavalos e cavaleiros do Apocalipse; a imanência do Mal, capítulo 6

 

            Por Ruy Porto Fernandes

 

            Devemos ter em conta que os quatro cavalos e cavaleiros do Apocalipse, que aparecem em seqüência ao rompimento de cada selo, e ao convite para o apóstolo João se dirigir ao centro do trono e ver, emergem de um rolo selado com 7 selos que está na mão direita de Deus (Ap 5.1).

 

            Este livro, que contém a sentença do destino de Satanás e do Mal (espíritos que tomam parte na corporação satânica e seguem o Diabo), revela que os quatro cavalos e seus cavaleiros também representam a imanência do Mal, intrínseca ao nosso cosmo e, em particular, ao planeta terra (Ap 12.7-9; 20.1-3). E, que não é abrangente a todo o Universo como a Imanência de Deus (cf. A8 - Apocalipse: Aparência e Imanência de Deus).

           

            Sua emergência do livro também simboliza que os espíritos que deram origem ao Mal antes da rebelião satânica, simbolicamente no segundo dia da criação (Gn 1.6-8), já foram filhos de Deus (cf. A5 - Apocalipse: A Origem do Mal). Portanto, o Diabo é uma deidade espiritual que ainda permanece em atividade (2Co 4.4), até sua prisão (Ap 20.1-2).

 

            Podemos constatar sua ação através dos fatos que se somam na história da terra e do nosso cotidiano e que, a cada século, se adaptam numa contínua evolução. Pois, desde o surgimento do universo até a formação das espécies, incluindo o ser humano, sua presença se insere de forma horrível e grotesca. Não podemos deixar de mencionar a época dos gigantescos sáurios, criaturas ovíparas que dominaram o planeta num período de aproximadamente 200 milhões de anos na era Mesozóica.

 

            E, que foram extintos por um meteorito que atingiu a península de Yucatán. Foi como um golpe de Deus no império dessas espécies terríveis e ameaçadoras (Dn 2.34-35). Assim, deste momento em diante, o Senhor Deus (Iaveh Elohim) dirigiu sua evolução para inofensivas espécies de pássaros e galináceos, bem como de répteis de pequeno porte, venenosos ou não, até o surgimento dos mamíferos de todas as espécies nesta era Cenozóica, que se estende desde 65,5 milhões de anos atrás até hoje.

 

            Uma vez entendido que o Senhor Deus não projetou e tampouco promoveu a cruel cadeia alimentar, onde o mais forte e superior tem que devorar o indefeso para sobreviver, podemos compreender o porquê de encontramos a natureza ansiando para, igualmente, ter a sua libertação na manifestação dos filhos de Deus, por ocasião da volta do Senhor Jesus (Rm 8. 14-23).

 

            No entanto, o Mal vem se especializando em todas as áreas da vida humana no afã de subjugar a fé na Verdade em Jesus Cristo (Jo 14.6). Uma tentativa insana de derrotar ou eliminar da existência humana a imagem do verdadeiro Deus (Gn 1.27) a favor de um falso deus ou deuses (2Co 4.4).

 

            Embora o nosso Deus esteja no controle de tudo por meios até paradoxais (Mt 10.34; Lc 12.51; Jo 14.27), o Mal também exerce uma contínua adaptação para manter o seu extremo de dualidades (mal e bem; mentira e verdade; pobreza e riqueza; guerra e paz; etc.) em plena atividade, por meio de perseguições, massacres, injustiças, crimes, calúnias e infelicidades de todos os tipos possíveis para atingir e desestabilizar a sociedade dos homens e da natureza.

 

            Ao atacar a Verdade, o Mal procura, primordialmente, sabotar e tentar impedir o não cumprimento das profecias bíblicas reveladas, as profecias que ainda não se realizaram. Para exemplificar: ele fez isto durante a vida do Senhor Jesus, ao tentar matá-Lo de todas as formas que não a crucificação (Mt 8.24; Mc 4.38; Lc 4.28-30; 8.23; Jo 8.59; 10.31), que estava profetizada (Lc 24.46; At 13.29). Se por acaso o Mal conseguisse, as profecias sobre a Sua morte não se cumpririam e a Vitória não seria de Deus.

 

            Por isso, dentre os seus diversos objetivos, o Mal tem como principal alvo a tentativa, por muitos séculos, de eliminar o povo judeu sobre a face da terra, pois assim também não se cumpriria as profecias que falam de sua existência e restauração (Rm 11.25-36), cuja principalmente profecia a se cumprir está em Apocalipse 7.4-8.

 

            Portanto, de maneira geral, os quatro cavalos (representando os espíritos imundos que tomam parte da rebelião satânica) e os quatro cavaleiros (representando o homem sujeito a essas potestades) podem ser agrupados nas áreas da falsa religião (1); da política e sociedade opressora (2); do comércio e economia corruptos (3), e do conhecimento e tecnologia que promovem o vício e a morte (4). Porque o Maligno tem por objetivo desviar a atenção de todos para uma vida pessoal sem a presença do verdadeiro Deus (2Co 4.4).

 

Nota:

            Quando, no livro do Apocalipse, devemos interpretar o número como um numeral exato ou como um conjunto inumerável, porém não infinito?

 

            O próprio texto do livro nós dá a resposta. Quando o número citado for enumerado em uma seqüência temos que considerá-lo como um número exato. Por exemplo: os sete selos são designados como primeiro selo, segundo selo..., etc., até o sétimo selo. Assim, temos que considerar apenas sete selos. Isto também pode ser entendido para as sete trombetas (primeiro anjo..., etc.) e as sete taças.

 

            E, também aos quatro Seres Viventes, que são enumerados até o quarto. Por extensão, creio que tal significado deve ser entendido aos vinte e quatro Anciãos, embora não haja uma enumeração. Daí, esses números terem relação com o Universo e o ser humano, como símbolos da Imanência de Deus. Ou, como, acima mencionada, a imanência do Mal

 

            Contudo, para os sete Espíritos de Deus, as sete Igrejas, e os sete Anjos das Igrejas o número sete não é utilizado em uma seqüência numérica. Portanto, não podemos entender tais números como sete unidades. De maneira correta, temos que interpretá-los como símbolos de um conjunto de inumeráveis unidades, porém não infinito.

 

            Mesmo que as Igrejas tenham sido nomeadas por localidade, tal fato não invalida a correta interpretação acima. Devemos observar que nas localidades mencionadas não deveria haver uma única igreja cristã. Porém, nessas localidades, e em alguma igreja, ou igrejas, havia os pecados mencionados nas cartas.

 

            Portanto, o fato é que a repreensão foi feita ao anjo da igreja. Isto, sem identificar o específico pastor daquela específica igreja. Mas, simbolicamente, dirigindo-se a todas as igrejas da localidade, o Senhor fez chegar a repreensão a todos os ouvintes das igrejas em que o fato ocorria (Mt 18.15; Mc 8.33; Lc 17.3; 1Tm 5.20; Tg 1.5).

 

Niterói, 13 de dezembro de 2009.


Autor: Ruy Porto Fernandes


Artigos Relacionados


Theo De Carvalho - Segundo AniversÁrio

O Processo Da Independência Do Brasil

Camaleão

Ontem O Amor Chorou...

Literatura Contemporânea - O Caminho Abstrato

Igualdade Exata

A Vida TambÉm É Feita De Amor E Com O Amor