PESQUISAS CIENTÍFICAS RELACIONADAS AOS ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR EM PUBLICAÇÕES DO BRASIL NO PERÍODO DE 1997 A MAIO DE 2007



PESQUISAS CIENTIFICAS RELACIONADAS AOS ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR EM PUBLICAÇÕES DO BRASIL NO PERÍODO DE 1997 A MAIO DE 2007
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Denise Lira Silva Pinheiro

RESUMO: O objetivo deste estudo foi identificar os aspectos psicossociais da saúde do trabalhador, segundo levantamento em publicações da área de saúde do trabalhador, no período de 1997 a 2007. Método: pesquisa exploratória, retrospectiva em bases de dados virtuais em saúde. Resultados: apontam 17 artigos publicados em 2002 e 2006 no Lilacs, em português, que as mudanças na estrutura das organizações, exigências trabalhistas, e as condições para desenvolver o trabalho, causam danos à saúde. Conclusão: Os fatores psicossociais associados à prevalência de danos a saúde dos trabalhadores nos levam a refletir que o trabalho não é uma entidade, mas uma interação complexa de tarefas e responsabilidades que geram recompensas em um determinado contexto social e técnico. Por isso, ao conhecer tais fatores da saúde do trabalhador em pesquisas cientificas no período de 10 anos, verifica-se que pouco tem mudado dentro das empresas, pois o estresse devido a carga excessiva de trabalho, exaustão e inadaptacao no trabalho ainda são fatores psicossociais que são relatados na maioria dos artigos. Além disso, verificou-se que os paises de primeiro mundo como os Estados Unidos, onde concentra grande parte de industrias não preocupa-se muito com os indicadores pois não constatamos nestas bases virtuais nenhum artigo estrangeiro. Pode-se concluir que o estudo dos fatores psicossociais proporcionam uma grande utilidade e importância na área de saúde do trabalhador, visto que o trabalhador sente-se valorizado e reconhecido quando trabalha em uma instituição que invista em organização, na valorização dos trabalhadores e de suas funções, trabalho sem geração de sobrecarga, investe em capacitação profissional, planeja com os trabalhadores, possibilidades de desenvolvimento na carreira e de estabilidade no emprego além das melhorias nas condições do ambiente fisco de trabalho.
DESCRITORES: saúde dos trabalhadores, aspectos psicossociais.

SUMMARY: The objective of this study was to identify the psicossociais aspects of the health of the worker, according to survey in publications of the area of health of the worker, in the period of 1997 the 2007. The method of exploratória research was used retrospect in virtual databases in health. The results point mainly in 17 articles published in 2002 and 2006 in the Lilacs, in Portuguese who the working changes in the structure of the organizations, requirements, and the conditions to develop the work, cause damages the health, being the psicossociais factors associates the prevalence of damages the health of the workers.
DESCRIBERS: psicossociais health of the workers, aspects.


RESUMEN: El objetivo de este estudio era identificar los aspectos de los psicossociais de la salud del trabajador, según examen en las publicaciones del área de la salud del trabajador, en el período de 1997 el 2007. El método de investigación del exploratória era retrospección usada en bases de datos virtuales en salud. Los resultados señalan principalmente en 17 artículos publicados en 2002 y 2006 en las lilacs, en portugués que el funcionamiento cambia en la estructura de las organizaciones, de los requisitos, y de las condiciones de desarrollar el trabajo, la causa daña la salud, siendo los psicossociais que los factores asocian el predominio de daños la salud de los trabajadores.
DESCRIBERS: salud de los trabajadores, aspectos de los psicossociais.


INTRODUÇÃO
O interesse em analisar as últimas publicações sobre os aspectos psicossociais da saúde dos trabalhadores começou ao se perceber a exigência de uma visão ampla e profunda do contexto histórico ao qual se observa a maneira em que o indivíduo está estruturado economicamente, socialmente, o tipo de trabalho e da posição social são fatores modificadores e geradores das condições de qualidade de vida e podem se tornar determinantes para a produção de doenças.
Historicamente se reproduz à relação do homem com o trabalho, pois, à medida que necessidades são atingidas, renovam-se ou ampliam-se, surgem novas relações do homem com a sociedade e com a natureza o que confere ao trabalho um sentido mais do que econômico, fundamental. 1
A Saúde do Trabalhador é uma área técnica da Saúde Pública que busca intervir na relação entre o sistema de produção e a saúde, no sentido de promover um trabalho que dignifique ao invés de denegrir o homem. Sua missão é auxiliar na estruturação de uma sociedade que promova a saúde através dos espaços de trabalho.
O processo saúde-trabalho passou a ser analisado não como um simples indicador do impacto do trabalho sobre os trabalhadores, mas como conseqüência da relação de produção, determinada socialmente pela dialética entre capital e trabalho.
O trabalho é um dos elementos que mais interferem nas condições e qualidade de vida do homem e, portanto na saúde. Muitas das lutas travadas por direitos trabalhistas que ocorreram no último século estão ligadas às demandas dos trabalhadores por um ambiente de trabalho saudável, e a própria existência de doenças profissionais, isto é, de enfermidades ligadas à atividade produtiva que já era reconhecida pela Organização Internacional do Trabalho2 (OIT) desde o início do século XX.
Para a Organização Internacional do Trabalho2 (OIT), os fatores psicossociais no trabalho consistem, por um lado, em interações entre o trabalho, seu ambiente, a satisfação no trabalho e as condições de sua organização; e, por outro, em capacidades do trabalhador, suas necessidades, sua cultura e sua situação pessoal fora do trabalho; o que afinal, através de percepções e experiências, pode influir na e na satisfação no trabalho.
Fator demanda ou aspecto psicossocial são denominações que incluem variáveis de diferentes dimensões. Os fatores psicossociais ocupacionais descrevem como a organização do trabalho é percebida pelos trabalhadores e administradores. O International Labour Office (ILO) os definiu como a interação entre os aspectos do ambiente de trabalho (ou externos a ele) e características do indivíduo, que afetam o bem-estar e o desempenho, com ênfase nos efeitos psicológicos Trabalho3 .
Em termos práticos, os estudos denominam psicossocial toda variável de natureza não-física, relacionada a efeitos sobre a saúde e/ou ao desempenho, muitas vezes tratando-as como estressores ocupacionais4. Neste estudo, o termo fatores psicossociais é usado de forma a incluir, especificamente, a percepção dos trabalhadores quanto à sobrecarga, suporte material ao desempenho, suporte social do grupo, gestão organizacional do desempenho e à política de remuneração (pagamento e desenvolvimento). Desta forma, busca-se delimitar os fatores psicossociais na esfera do ambiente ocupacional, abordando-os em sua dimensão relacional para com a organização, como um todo, o grupo de colegas e a chefia imediata.
Outra dimensão psicossocial a ser considerada na avaliação das relações entre saúde e trabalho é o nível de controle sobre o trabalho. No que se refere aos impactos do controle sobre a saúde dos trabalhadores, os aspectos avaliados são múltiplos e estruturados a partir dos desdobramentos de diferentes concepções e correntes de pensamento5.
O conceito de controle, na perspectiva psicossocial, foi primeiramente desenvolvido por psicólogos, sendo fortemente marcado pela ênfase na capacidade de influenciar os eventos de vida e efeitos na auto-estima ou no desenvolvimento de sentimentos de depressão. 5
Esses aspectos psicossociais do trabalho estão incluídos no modelo denominado demanda-controle, que classifica os indivíduos segundo as demandas psicológicas sofridas na execução do trabalho e o controle sobre o próprio trabalho e atribui à falta deste controle o principal fator de risco para a saúde dos trabalhadores. 6
No Brasil, a Constituição Federal de 1988 retirou o assunto Saúde do Trabalhador do campo do Direito do Trabalho e o inseriu no campo do Direito Sanitário, isto porque existe um entendimento de que a saúde é um direito que não pode ser negociado e deve ser garantido integralmente.
A saúde do trabalhador será observada através da análise da legislação brasileira que designa a responsabilidade do acidente do trabalho ora para o Estado, ora para o empregador, ora para o próprio trabalhador que termina sendo cobrado para atuar de forma mais efetiva na organização dentro do local de trabalho de modo a fazer com que a legislação seja cumprida.
A criação do Sistema Único de Saúde (SUS) definiu uma política de saúde pautada no direito de cidadania e em deveres do Estado, com a promoção, a proteção e a recuperação da saúde, nela incluída a Saúde do Trabalhador e o meio ambiente de trabalho.
O SUS vem assumindo as questões relacionadas à saúde do trabalhador por meio das Secretarias de Saúde que são responsáveis tanto por programas preventivos, quanto pelo atendimento de pacientes com danos decorrentes da atividade produtiva. Tais danos à saúde do trabalhador incluem acidentes de trabalho, doenças e agravos (lesão ou função do corpo prejudicada) que o trabalhador sofra, adquira ou desenvolva no local de trabalho, trajeto entre a residência e o local de trabalho ou na prestação de serviço para o empregador, independente de ter ou não carteira assinada e do local onde o dano à saúde ocorreu.
Ao Sistema Único de Saúde (SUS), compete: “executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador”. 7
Cerca de 45% da população mundial e cerca de 58% da população acima de 10 anos de idade faz parte da força de trabalho. O trabalho desta população sustenta a base econômica e material das sociedades que por outro lado são dependentes da sua capacidade de trabalho. Desta forma, a saúde do trabalhador e a saúde ocupacional são pré-requisitos cruciais para a produtividade e são de suma importância para o desenvolvimento socioeconômico e sustentável.
De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), os maiores desafios para a saúde do trabalhador atualmente e no futuro são os problemas de saúde ocupacional ligados com as novas tecnologias de informação e automação, novas substâncias químicas e energias físicas, riscos de saúde associados às novas biotecnologias, transferência de tecnologias perigosas, envelhecimento da população trabalhadora, problemas especiais dos grupos vulneráveis (doenças crônicas e deficientes físicos), incluindo migrantes e desempregados, problemas relacionados com a crescente mobilidade dos trabalhadores e ocorrência de novas doenças ocupacionais de várias origens. 8
Nas últimas décadas, a industrialização acelerada da produção, sustentada pela transformação do conhecimento científico em tecnologia e pela informática, determinou mudanças radicais no mundo do trabalho, acrescidas por aspectos outros como crescimento demográfico, urbanização crescente, expansão dos meios de comunicação, que decisivamente modificam o viver dos homens, individual e coletivamente. 5
A saúde do trabalhador e um ambiente de trabalho saudável são valiosos bens individuais, comunitários e dos países. A saúde ocupacional é uma importante estratégia não somente para garantir a saúde dos trabalhadores, mas também para contribuir positivamente para a produtividade, qualidade dos produtos, motivação e satisfação do trabalho e, portanto, para a melhoria geral na qualidade de vida dos indivíduos e da sociedade como um todo.
Transformar e evoluir ano a ano: essas são premissas que guiam à qualidade das empresas, através de uma postura arrojada, ousada e com muita inovação, mas lembrando que é fundamental o investimento na busca de novidades dentro do campo de cada uma, valorizando o ser humano. A realidade do dia -a- dia em grande parte na ótica do telespectador – usuário, é diferenciada dos personagens que fazem à história – os trabalhadores, que em sua grande maioria sentem-se coagidos para denunciar a forma de trabalho que são submetidos, onde acabam realizando atividades que envolvem todos os riscos classificados nas Normas Regulamentadoras.
BREVE RESGATE HISTÓRICO
O trabalho já era visto como um fator gerador e modificador das condições de viver, adoecer e morrer dos homens. Com a revolução industrial surge uma nova situação: o trabalho em ambientes fechados, às vezes confinados, a que se chamou de fábricas. O êxodo rural, as questões urbanas de saneamento e de miséria se juntaram a outro grande problema: as péssimas condições de trabalho (e ambiente) alterando o perfil de adoecimento dos trabalhadores que passaram a sofrer acidentes e desenvolver doenças nas áreas fabris. A maioria da mão de obra era composta de mulheres e crianças que sofriam a agressão de diversos agentes, oriundos do processo e/ou ambiente de trabalho. A aglomeração humana em espaços inadequados propiciava a acelerada proliferação de doenças infecto-contagiosas, ao mesmo tempo em que a periculosidade das máquinas era responsável por mutilações e mortes.
Podemos destacar características importantes como:
A ascensão de uma economia industrial que, para a maioria dos autores, tem seu período marcante entre 1760 e 1850.
O trabalho artesanal, onde o homem era detentor de todo o processo, dá lugar a um processo industrial com profundas modificações sociais.
A preocupação com a força de trabalho, com as perdas econômicas suscitou a intervenção dos governos dentro das fábricas.
No Início do século XIX, surgem os médicos em fábricas, as primeiras leis de saúde pública que marcadamente abordavam a questão saúde dos trabalhadores, a Medicina do Trabalho tinha aí seu marco inicial. As propostas controvertidas de intervir nas empresas, àquela época, expressaram-se numa sucessão de normatizações e legislações, que tem no Factory Act, de 1833, seu ponto mais relevante, passando a tomar corpo, na Inglaterra, a medicina de fábrica.
Em 1700, surge à extraordinária obra de Bernardino Ramazzini, médico que atuava na região de moderna na Itália, e, com uma visão clínica impressionante para aquela época onde não existiam recursos propedêuticos maiores, descreve doenças que ocorriam em mais de cinqüenta profissões. Em função da importância de seu trabalho, recebeu da posteridade o título de pai da Medicina do Trabalho. Ramazzini, antecipando alguns conceitos básicos da Medicina Social, enfatizou a importância do estudo das relações entre o estado de saúde de uma determinada população e suas condições de vida, que estavam, segundo ele, na dependência da situação social.9
O ideário marxista, o socialismo e comunismo, se contrapondo ao capitalismo e a Primeira Guerra Mundial, fruto ainda do imperialismo herdado do século passado determinaram profundas mudanças no panorama político-social de todo o mundo. O movimento sindical emergente começou a expressar o controle social que a força de trabalho necessitava. As novas tecnologias, ao incorporaram novos processos de trabalho, geravam riscos que culminavam em acidentes de trabalho e doenças profissionais. A expansão e consolidação do modelo iniciado com a revolução industrial e com a transnacionalização da economia fazem surgir à necessidade de medidas e parâmetros comuns, como regulamentação e organização do processo de trabalho, que uniformizassem os países produtores de bens industrializados.
Em 1919 foi criada a Organização Internacional do Trabalho, que já reconhecia, em suas primeiras reuniões, a existência de doenças profissionais. Surgiu a organização científica do trabalho, o taylorismo e o fordismo, convertendo o trabalhador de sujeito em objeto. Desenvolviam-se os primeiros conceitos de Higiene Industrial, de Ergonomia e fortalecia-se a Engenharia de Segurança do Trabalho.
Tudo isto veio configurar um novo modelo baseado na interdisciplinaridade e na multiprofissionalidade, a Saúde Ocupacional, que nasceu sob a égide da Saúde Pública com uma visão bem mais ampla que o modelo original de Medicina do Trabalho. Ressalte-se que esta não desapareceu, e sim se ampliou somando-se o acervo de seus conhecimentos ao saber incorporado de outras disciplinas e de outras profissões. A Saúde Ocupacional passava a dar uma resposta racional, científica, para problemas de saúde determinados pelos processos e ambientes de trabalho e através da Toxicologia e dos parâmetros instituídos como limites de tolerância, tentava-se quantificar a resposta ou resistência do homem trabalhador aos fatores de risco ocupacionais.
Na década de 60, por força dos movimentos sociais discutia-se desde o modelo de sociedade até o próprio significado intrínseco do trabalho, sentia-se a necessidade da maior participação dos trabalhadores e da sociedade como um todo, na discussão das grandes questões atinentes à área.
Na década de 70 O Movimento Operário Italiano, interrompeu na Itália um movimento de trabalhadores exigindo maior participação nas questões de saúde e segurança, o que resultou em mudanças na legislação, tais como a participação das entidades sindicais na fiscalização dos ambientes de trabalho, o direito à informação (riscos, comprometimento ambiental, mudanças tecnológicas) e, finalmente, melhoramento significativo nas condições e relações de trabalho.
A Saúde do Trabalhador surgiu também como um novo enfoque de proteção de homens e mulheres, à luz da pressão do capital.
Os trabalhos incorporaram marcadamente esta discussão, e influenciaram pesquisadores e sanitaristas de toda a América Latina contribuindo para determinar o objeto da saúde do trabalhador como o estudo do processo saúde-doença dos grupos humanos sob a ótica do trabalho.10
“Saúde do Trabalhador é a área de conhecimento e aplicação técnica que dá conta do entendimento dos múltiplos fatores que afetam a saúde dos trabalhadores e seus familiares, independente das fontes de onde provenham, das conseqüências da ação desses fatores sobre tal população (doenças) e das variadas maneiras de atuar sobre estas condições”. 11
No Brasil início da década de 70, caracteriza-se por dois movimentos: Movimento Sanitário, que, inspirado nos princípios da Conferência de Alma-Ata (1978) e na própria luta interna pelos direitos de cidadania do brasileiro, entre os quais o de acesso à saúde, geraram a proposta de Reforma sanitária brasileira, buscando a integralidade da assistência e superação do modelo dicotômico - medicina preventiva, medicina curativa e o movimento sindical, processo que não por acaso iniciou-se no ABC paulista, a partir das grandes greves de 1978 nas indústrias automobilísticas, e que se espalharam por boa parte do território nacional. 12
Com a reorganização do movimento sindical, introduziu-se a questão saúde nas pautas de discussão e reivindicação, seguindo pelo menos aí, o modelo operário italiano das décadas de 60 e 70.
Em 1978 foi criada a Comissão Intersindical de Saúde e Trabalho que posteriormente se transformaria no Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes do Trabalho –DIESAT. Vários sindicatos estruturaram diretorias específicas, para o tratamento das questões de saúde dos trabalhadores com a agregação de técnicos que também militavam no processo da reforma sanitária brasileira, outros da academia, principalmente departamentos de medicina preventiva das universidades. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) ao criar o Instituto Nacional de Saúde no Trabalho (INST), teve um papel importante no assim chamado controle social da questão saúde no trabalho. 13
Os Programas de Saúde do Trabalhador, que começaram a ser criados em vários Estados brasileiros, a partir do início da década de 80, tiveram seu verdadeiro momento de criação ideológica com a VIII Conferência Nacional de Saúde, em 1986, evento que marcou os princípios filosóficos do SUS. 14
Teve Início a consolidação do conceito de Saúde do Trabalhador através das Comissões de Saúde do Trabalhador – COMSAT, Programas de Saúde do Trabalhador e Centros de Referência e Primeira Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador.
Instituídos em 1978 os Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho - SESMT -, com a função de reconhecer, avaliar e controlar as causas de acidentes e doenças. Reproduz na rede publica a prática ineficaz dos SESMT, presente também em serviços conveniados com as empresas e com o próprio sistema publico de saúde, a deficiência na formação de recursos humanos na área, conseqüência da marginalidade ainda atribuída à questão trabalho-saúde, aliada à insatisfação profissional. Essa desintegração expressa em ações fragmentadas, desarticuladas e superpostas de instituições com responsabilidade direta ou indireta na área - agravada por conflitos de concepções e práticas, bem como de interpretação sobre competências jurídico-institucionais Revela a trajetória caótica do Estado em sua função de promover a saúde do cidadão que trabalha. 14
Em 1986, rompe-se com a visão reducionista da Medicina Ocupacional e Medicina do Trabalho, voltada apenas para a produção e o lucro.
A Constituição de 1988 descreve:
Artigo 7°: "São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais além de outros que visem à melhoria de sua condição social”, "Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança”.
Artigo 200 (onde define que compete ao SUS): "executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador“,"colaborar na proteção do meio ambiente nele compreendido o trabalho". O SUS traz um caráter “revolucionário” quando define seus princípios: de universalidade, integralidade, descentralização e controle social.
Na II Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador, realizada em Março de 1994 descreve seu relatório final: o SUS deve ser a instância do Estado que deve coordenar e nuclear as ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde dos trabalhadores, resistências de órgãos ligados ao MTE (Ministério do Trabalhoe e Emprego) e do empresariado.
A Saúde Do Trabalhador No SUS caracteriza-se pelo avanço limitado, não incorporado pela rede além das dificuldades para garantir a integralidade.
A saúde do trabalhador passou aos poucos a ser incorporada nas ações do SUS em 1990, por meio da Lei Orgânica da Saúde (LOS, nº. 8080, artigo 6º) é conferida a direção nacional do SUS a responsabilidade de coordenar a política de saúde do trabalhador. Por atribuição da Lei Orgânica de Saúde 8.080/1990, seria competência da Vigilância Sanitária da Secretaria de Saúde proceder à fiscalização dos ambientes de trabalho na questão referente à saúde e segurança ocupacionais.
Formular uma política de saúde do trabalhador significa contemplar essa ampla gama de condicionantes da saúde e da doença. Especificamente para o setor público de saúde, do âmbito municipal ao federal, é premente a necessidade de consolidar ações de saúde do trabalhador que abranjam da vigilância à assistência em seu sentido amplo. Porém, a limitada intervenção da Saúde Pública num campo que nunca foi objeto central de preocupação, agudizada pelos percalços da gestão financeira e de recursos humanos na implementação do Sistema Único de Saúde, tem se refletido na tendência de tratar como questão menor a atenção integrada, mas diferenciada, aos trabalhadores. Essa ausência de respostas efetivas vem servindo de justificativa para que o setor privado se incumba gradativamente de determinadas tarefas que, em princípio, seriam um compromisso fundamental do Estado. Dessa forma, as iniciativas laudáveis de criação de programas ou centros de referência com essa finalidade têm resultado, de modo geral, mais do empenho de alguns profissionais do que do necessário processo de institucionalização, fruto de uma política assumida.
As principais dificuldades encontradas residem na absoluta falta de recursos humanos; nos problemas que o próprio SUS tem enfrentado na busca de sua consolidação ou pela pouca ou nenhuma prioridade dada às ações de saúde do trabalhador na rede pública.
Há ainda pouca clareza quanto ao lugar/setor que esta área deve ocupar no organograma das Secretarias de Saúde, se na vigilância sanitária, se na vigilância epidemiológica, se na assistência à saúde.
A avaliação dos aspectos relacionados à dimensão psicossocial do trabalho tem sido objeto de estudos recentes em saúde e trabalho. Assim, diversas propostas teóricas e metodológicas vêm sendo elaboradas na perspectiva de apresentar modelos para estudo dessa dimensão. 5
Através do processo trabalho e saúde, pode-se analisar as concepçöes sobre estresse psicológico; e, na perspectiva empírica, avaliar as relaçöes entre organizaçäo do trabalho e saúde psíquica. 15
Em 1998 a Organizaçäo Mundial de Saúde (OMS), após uma pesquisa internacional sobre estresse no trabalho, concluiu que apesar de serem conhecidos muitos fatores que causam estresse, pouco se sabe sobre o tema em países em desenvolvimento, especialmente acerca dos aspectos psicossociais do estresse, por näo existirem instrumentos adaptados a diferentes culturas, para monitorar o estresse do trabalhador 16.
Um estudioso no campo da psicopatologia do trabalho, faz uma reflexão sobre o sofrimento psíquico advindo da forma como o trabalho se organiza. Ele afirma que o sofrimento começa quando o trabalhador usou tudo que estava a seu alcance em termos de conhecimento e de poder na organização do trabalho, e mesmo assim ele não pode mais mudar nem sua tarefa, nem a forma como ela é feita.17
Este autor destaca, ainda, a importância do reconhecimento para minimizar o sofrimento decorrente do conflito existente entre a organização real e a prescrita. O reconhecimento está no centro da construção da identidade, pois cada trabalhador possui um desejo de realizar coisas e de se auto-realizar e para isso ele vai investir seus esforços, tentando expressar o que ele é e o que quer ser.
Classificando o sistema de gestäo da segurança e saúde do trabalho como (SGSST) 19que tem por objetivo o planejamento e execução das ações desenvolvidas no trabalho, refere que este sistema começa a apresentar bons níveis de desempenho da conformidade, à medida que procura métodos para mapear aspectos culturais e psicossociais menos tangíveis e mensuráveis, que deveriam ser focalizados para fornecer garantia suficiente de um ótimo funcionamento do sistema de trabalho.
Um estudo sobre penosidade no trabalho, coloca que, na perspectiva psicossocial, o trabalho penoso é mais do que a exigência de esforços que provoquem incômodo e sofrimento, e sim quando estes sentimentos ultrapassam o limite do tolerável. Isso acontece quando o trabalhador não tem mais controle20.
A título de reflexão sobre ações que promovam satisfação no trabalho e saúde dos trabalhadores, sugerem-se diretrizes e mudanças na concepção e organização direcionadas para os aspectos psicossociais no trabalho18.
Diante do exposto, observa-se que os fatores psicossociais são determinantes no modo de viver e adoecer dos trabalhadores, sendo considerado um dos fatores que mais causam sofrimento a saúde em seus mais variados aspectos, torna-se relevante conhecer suas implicações a fim de evitá-los nos ambientes de trabalho, e promover medidas que possam assegurar o bem estar relacionado a estes.
Investir em ações que promovam saúde nos locais de trabalho, podem minimizar os riscos adoecimento e melhorar a satisfação na execução das atividades.
Diante do exposto, torna-se relevante conhecer a relação entre os aspectos psicossociais e seus impactos para a Saúde do Trabalhador que desafiam a saúde física, psíquica dos trabalhadores interferindo em seu processo produtivo .
O objetivo deste estudo é analisar o perfil das pesquisas científicas relacionadas aos aspectos psicossociais da saúde dos trabalhadores em publicações do Brasil no período de 1997 à maio de 2007, bem como seus resultados comuns.

METODOLOGIA
Estudo do tipo exploratório retrospectivo, com revisão bibliográfica onde se tem como objetivo tornar mais explicito o problema, aprofundar as idéias sobre o objeto de estudo, acerca do objeto a ser investigado 21. Sendo a pesquisa bibliográfica um exemplo de pesquisa exploratória. Pesquisou-se as bases de dados virtuais em saúde em especial na BIREME (SCIELO, MEDLINE E LILACS). Utilizando-se as palavras - chave: saúde dos trabalhadores e aspectos psicossociais.
Os dados foram analisados a partir das relações e associações entre a saúde do trabalhador e os aspectos psicossociais, buscando identificar os aspectos comuns entre as publicações.
RESULTADOS E DISCUSSAO
A análise dos artigos permitiu identificar o perfil dos mesmos que serão apresentados a seguir.
Tabela I - Ano de publicação dos artigos referentes às pesquisas científicas relacionadas aos aspectos psicossociais da saúde do trabalhador no período de 1997 a maio de 2007.


AANO Nº DE ARTIGOS PORCENTAGEM
11997 1 6%
1998 1 6%
11999 1 6%
22002 4 23%
22003 3 18%
22004 3 18%
22006 4 23%
TTOTAL 17 100%
Em nossa investigação delimitamos o período de dez anos que vai de 1997 a maio de 2007, para fazermos a contagem da produção científica. Nos números pesquisados da SCIELO, LILACS e MEDLINE no período de janeiro de 1997 a maio de 2007 encontramos 17 trabalhos publicados na área de saúde do Trabalhador com aspectos psicossociais (tabela I).
Observamos na tabela I que a maioria das publicações foram realizadas no ano de 2002( 23%) e 2006 (23%).

Este número de publicações é um número reduzido dado à importância dos aspectos psicossociais da saúde do trabalhador. Uma vez que o trabalho não é uma entidade, mas uma interação complexa de tarefas, papéis, responsabilidades, incentivos e recompensas, em determinado contexto sócio-técnico. E, por isso, o entendimento da satisfação no trabalho requer que essa atividade seja analisada em termos de seus elementos constituintes, em que satisfação geral no trabalho é o resultado da satisfação com os diversos elementos do trabalho18. , abordam o impacto de programas de promoção da saúde no local de trabalho sobre a satisfação. Os autores ressaltam que mudanças na organização do trabalho e melhoria do ambiente psicossocial incrementam substancialmente tanto os impactos sobre a satisfação no trabalho.

Tabela II-Local de publicação dos artigos referentes as pesquisas cientificas relacionadas aos aspectos psicossociais da saúde do trabalhador no período de 1997 a 2007
CIDADES N DE ARTIGOS PORCENTAGEM
São Paulo 6 35%
Bahia 5 29%
Brasília 2 12%
Santa Catarina 1 6%
Outros 3 18%
TOTAL 17 100%
Os trabalhos científicos encontrados foram realizados por profissionais dos seguintes estados: de São Paulo 06 trabalhos (35%), Bahia com 5 trabalhos ( 29%), Brasília com 2 trabalhos (12%),Santa Catarina com 1 trabalho (6%) e Outros com 3 trabalhos (18%).
A produção científica vai depender da demanda de cada estado, do número de instituições de ensino destes estados. O estado de São Paulo que produziu mais, por ser uma região geopolítica que faz com que a concentração de trabalhadores esteja na região sudeste.
Tabela III – Fonte de publicações dos artigos referentes as pesquisas cientificas relacionadas aos aspectos psicossociais da saúde dos trabalhadores no Brasil no período de 1997 à 2007.
FONTE N DE ARTIGOS PORCENTAGEM
LILACS 13 76%
SCIELO 4 24%
MEDLINE 0 0%
TOTAL 17 100%
As fontes analisadas foram LILACS com 13 artigos (76%), SCIELO com 4 artigos (24%) e MEDLINE com nenhuma publicação relatada no período pesquisado. Ressaltamos que dos 17 artigos encontrados na BIREME, 02 são citados tanto na LILACS quanto na SCIELO ,01 citado duas vezes na LILACS.
Tabela IV – Idiomas de publicação dos artigos referentes as pesquisas científicas relacionadas aos aspectos psicossociais da saúde dos trabalhadores no Brasil no período de 1997 a 2007.

IDIOMAS N DE ARTIGOS PORCENTAGEM
PORTUGUES 17 100%
INGLES 0 0%
ESPANHOL 0 0%
TOTAL 17 100%


Entre os artigos pesquisados prevaleceu em sua totalidade nos 17 artigos (100%) a língua portuguesa.
Considerando que na base de dados pesquisada, não apareceram pelos descritores de palavras-chaves como resultado da pesquisa artigos em outros idiomas. No Brasil, as informações publicadas, ao nível das instituições de saúde são insuficientes para fornecer um quadro mais completo sobre os aspectos psicossociais e suas interações sobre a saúde dos trabalhadores.
Tabela V – Tipos de Estudo dos referentes à pesquisas cientificas relacionadas aos aspectos psicossociais da saúde dos trabalhadores no Brasil no período de 1997 a 2007.
5.1. Qualitativo e Quantitativo
TIPO DE ESTUDO N. DE ARTIGOS PORCENTAGEM
QUALITATIVO 8 39%
QUANTITATIVO 9 61%
TOTAL 17 100%
5.2. Exploratório e Descritivo
TIPO DE ESTUDO N DE ARTIGOS PORCENTAGEM
EXPLORATORIA 10 59%
DESCRITIVA 7 41%
TOTAL 17 100%
5.3. De campo e Bibliográfica
TIPO DE ESTUDO N DE ARTIGOS PORCENTAGEM
CAMPO 11 65%
BIBLIOGRAFICA 6 35%
TOTAL 17 100%
Nos tipos de estudo analisados foram encontrados a pesquisa qualitativa onde apresentou 8 (47%) dos artigos, enquanto a quantitativa 9 (53%) dos artigos.Quando analisados os referenciais exploratórios ou descritivos encontramos 10 (59%) para a pesquisa exploratória e 7 (41%) para a pesquisa descritiva já para as analises pesquisa de campo e bibliográfica foram encontrados 11 (65%) e 6 ( 35%) respectivamente. As pesquisas neste período encontram-se em uma tendência quantitativa, exploratória e campo.
Tabela VI - Classificação das publicações sobre pesquisas cientificas relacionadas aos aspectos psicossociais da saúde do trabalhador do Brasil no período de 1997 à 2007.
TIPOS DE PUBLICAÇOES N DE ARTIGOS PORCENTAGEM
TESE DOUTORADO 2 12%
DISSERTAÇAO MESTRADO 3 18%
MONOGRAFIA ESPECIALIZAÇAO ZERO ZERO
MONOGRAFIA GRADUAÇAO ZERO ZERO
OUTROS 12 70%
TOTAL 17 100%
Observa-se no gráfico 6 que outras publicações prevaleceram as teses de doutorado e mestrado constituindo a maioria dos artigos 12 ( 70% ). Como a monografia é uma exigência dos cursos percebe-se que as publicações das mesmas tem sido restritas ou talvez pouco exploradas pelos alunos de pós-graduação 0 (0%). As pesquisas realizadas em nível de doutorado perfazem um total de 2 (12%) neste período da pesquisa. Esta escassez de publicações pode trazer prejuízos futuros para o trabalhador e confirmar o que Ricci (1997) 22 afirma: A enfermagem sempre pesquisou. O problema é que nunca documentou, a pesquisa faz parte do dia a dia do enfermeiro.
Tabela VII- Analise dos Resultados mais importantes encontrados nos artigos em publicações sobre pesquisas cientificas relacionadas relacionadas aos aspectos psicossociais da saúde do trabalhador do Brasil no período de 1997 à 2007.


RESULTADOS CONVERGENTES N DE ARTIGOS PORCENTAGEM
ESTRESSE OCUPACIONAL 03 82%
INSATISFACÃO OCUPACIONAl E PESSOAL 04 18%


TOTAL 17 `100%
Os resultados da discussão, revelam que os estudos de 1997, 1999 e 2004, apontam o estresse como principal fator psicossocial entre trabalhadores de empresas. Sendo que em 1997, não existiam estudos sobre as causas do estresse, ficando para os anos posteriores a investigação sobre o assunto.
Em 2002, 2003 e 2006 a insatisfação ocupacional, revolta, desvalorização, ansiedade, alem do comprometimento da vida social e familiar, foram os aspectos psicossociais relatados nestes estudos, visto que na atual conjuntura de nossa sociedade, a globalização é o foco das empresas, enfatizando a teoria de Taylor (os princípios da administração científica) onde colocavam a tarefa em primeiro plano, desvalorizando a representação do homem no campo do trabalho.
Já em 2004, Martinez traz uma reflexão sobre a satisfação e trabalho, saúde dos trabalhadores, sugerindo desta forma mudanças na concepção do trabalho, direcionados para os aspectos psicossociais. Incluindo: (a) previa conceituação, discussão e consolidação de cada organização, sobre as prioridades e conteúdo das mudanças; (b) reformulação nas formas de reconhecimento e valorização dos trabalhadores e de suas funções; (c) mudanças que aumentem, o controle exercido pelos trabalhadores sobre seu trabalho, sem geração de sobrecarga; (d) enriquecimento do trabalho, e não apenas das tarefas, mediante capacitação profissional, planejada e reconhecida pelos trabalhadores; (e) possibilidade de desenvolvimento na carreira e de estabilidade no emprego; (f) melhorias coletivas no fluxo de profissionais, suportes e qualidade das informações organizacionais (g) melhorias nas condições do ambiente físico de trabalho.
Diante do exposto percebe-se uma inversão de valores, visto que somente no estudo de Martinez 2004, observamos a pesquisa com foco voltado para o homem e não somente as tarefas atribuídas a ele, e não apenas a geração de produção.
Contudo, fica evidente a mudança de postura por uma pequena parte das empresas diante do trabalhador.
CONSIDERAÇOES FINAIS
O objetivo deste estudo foi analisar o perfil das pesquisas cientificas relacionadas aos aspectos psicossociais da saúde do trabalhador do Brasil no período de 1997 a 2007, bem como seus principais resultados.
Após análise de 17 artigos encontramos nos anos de 2002 e 2006 os maiores índices de publicações referentes a este assunto e no Estado de São Paulo, a maior quantidade de publicações sendo ela uma região com uma grande quantidade de trabalhadores. A totalidade dos artigos foram encontrados na SCIELO em idioma português. As pesquisas neste período pesquisado encontram-se com uma tendência quantitativa, exploratória e bibliográfica alem de ser em sua grande maioria em nível de mestrado.
A análise dos resultados dos artigos permitiu identificar que a maioria refere que a saúde do trabalhador envolve um marco teórico - pratico complexo que não pode ser visualizado por viés. Seu conhecimento e compreensão exigem visão ampla e profunda do contexto histórico em que a sociedade do trabalho esta inserida e do nexo causal trabalho-saude-doença.
As questões ligadas à organização do trabalho e aos fatores psicossociais no trabalho tem sido mais intensivamente estudadas desde os anos 60 e, principalmente, com o advento das novas tecnologias e sistemas de produção, seja no trabalho administrativo como no industrial. Os aspectos ou fatores psicossociais no trabalho, relativos ao conteúdo e significado do trabalho e às relações sociais de trabalho, podem ser considerados tão ou mais importantes que os demais (características dos postos de trabalho, ambiências, máquinas e equipamentos), isoladamente ou a estes associados, em seus agravos à saúde e ao bem estar.
A complexidade da questão coloca uma série de novas demandas de investigação e acompanhamento da implantação das novas diretrizes estabelecidas em particular devido as Normas Regulamentadoras, sendo necessário continuar as pesquisas principalmente em campo.
Dos 17 artigos pesquisados podemos concluir que as mudanças na estrutura das organizações, exigências trabalhistas, e as condições para desenvolver o trabalho, causam danos a saúde, estando os fatores psicossociais associados a prevalência de danos a saúde dos trabalhadores.
Sendo necessário desta forma ampliar os estudos nesta área dada a importância do tema e a escassez de artigos, considerando que a saúde do trabalhador é um campo em constante evolução, os estudos que possam contribuir para a sua melhoria e qualidade, são fundamentais especialmente aos aspectos relevantes e que apesar da sua importância ainda são pouco explorados.
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Autor: DENISE LIRA SILVA PINHEIRO


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