Biografia de Brígida de Alencar




Biografia de Brígida das Virgens Pereira de Alencar

Brígida Maria das Virgens Pereira de Alencar, cabocla de origem indígena Cariri, era filha adotiva de Leonel Pereira de Alencar Rêgo, talvez filha natural de um dos seus filhos, assim como a sua irmã Úrsula das Virgens Pereira de Alencar, que fora raptada em Juazeiro da Bahia, por bandeirantes rivais, sendo mais tarde casada com um sertanista português da família Nogueira, indo morar em Santa Maria da Boa Vista, em Pernambuco, onde deixou vasta geração, cujos antecedentes viviam já no sertão do Ceará. Brígida nasceu em Cabrobó na metade do século XVIII e sempre viveu no sertão do Cariri, em Pernambuco, tendo sido criada junto com os filhos e netos da família Alencar, cuja parte da família ficou no Ceará e outra migrou para Cabrobó, por volta de 1792 quando ocorreram os primeiros desentendimentos. Não se tem ao certo quem foram seus pais naturais, mas os registros apontam em direção a deduzir que Brígida era uma Alencar bastarda e que foi incorporada à família, vivia cuidando da casa e das funções religiosas da capela de Cabrobó. Casou-se com um português que a ajudou a cuidar da catequese dos índios de sua tribo, auxiliando freis e padres que atendiam nas capelas da região. Consta em documentos das igrejas que Brígida teve quatro filhos, sendo que uma de suas filhas, Josefa Maria do Carmo, mais tarde esposa do Tenente - Coronel Martim da Costa Agra, fundador de Parnamirim. Sabe-se que Brígida não teve conhecimento de todas as povoações que brotaram em terras de sua propriedade, as quais ficaram de herança para os seus descendentes, inclusive a área do povoado do Saco do Martinho na qual Brígida esteve apenas de passagem, no final do século XVIII, por ocasião de missões em Ouricuri, sendo que a Vila de Santana não chegou a conhecer, pois já tinha falecido quando estava sendo demarcada a picada para abertura da estrada ao que seria mais tarde Leopoldina, que corresponde hoje ao município de Parnamirim.
Consta que Brígida ao ficar viúva e órfã herdou todas as terras da família Alencar das sesmarias do interior do sertão do São Francisco, em Pernambuco, ficando para os outros herdeiros as sesmarias do cariri do lado cearense. Tornou-se rica fazendeira, pois inicialmente era arrendatária das terras que começavam de Cabrobó a Exu, antes uma sesmaria abandonada por donatários de capitanias e apossada pela família D’Ávila da Casa da Torre, a qual foi adquirida com trabalho dos colonos e por serviços prestados ao governo pelos líderes das famílias, capitães, majores e tenentes-coronéis da época. Ocorreram conflitos políticos e questões familiares quanto à divisão das terras e redefinição das áreas do Ceará e de Pernambuco. Os herdeiros da família d’Ávila faliram e os das famílias Alencar e Pereira tiveram problemas sérios com a justiça por repressão política, divisão de terras e por vingança contra as famílias Saraiva, Bezerra e Sampaio. Considera-se que as desavenças entre famílias causadas pelos ex-donos das terras, tenham sido provocadas pelos Franciscos Garcia D’Ávila (pai, filho e neto) e seus amigos políticos de domínio no governo brasileiro, a maioria da milícia portuguesa, que se posicionaram contra a família Alencar e isto possivelmente tenha sido o motivo de desentendimentos. Senhores de engenhos, coronéis, proprietários e arrendatários de fazendas do sertão, inicialmente, tinham boas relações de amizade, eram conterrâneos e parceiros desde Portugal; mais tarde, no Brasil, os herdeiros dos D’Ávila e os herdeiros dos conterrâneos se estranham por falta de acordo no pagamento das terras, que eram pagos parte como tributo à igreja e parte à coroa, também pela perseguição aos índios com quem mantinham um bom convívio desde o início da colonização.
A família Alencar, além de não concordar com a política dos D’Ávila em relação aos impostos sobre as terras, também não aceitaram a expulsão dos padres a quem tinham estima e afeição com os quais entraram em apoio na luta contra a escravidão dos negros nas fazendas e na proteção dos índios nas aldeias. Brígida era avó de Bárbara de Alencar, a heroína da revolução de 1817, em Pernambuco, que por sua vez, herdou as terras de Brígida na região de Exú (Pe) e Crato (Ce). José de Alencar, ex-padre, senador e deputado, filho de Bárbara de Alencar, era bisneto de Brígida, sendo que José de Alencar, o escritor cearense de Mecejana, é seu (tetraneto) tataraneto.
Em Cabrobó, o nome de Brígida de Alencar encontra-se no Livro Tombo da Igreja, pois o terreno da Paróquia foi cedido por ela à freguesia de Senhora Santana, domínio que se estendia de Cabrobó, passando por Leopoldina, Ouricuri, Bodocó até Exú. Seu nome também aparece como nome de rua e nome de escola, além de sua maior lembrança figurar no Chalé, casa em estilo colonial, onde era a sede da Grande Fazenda de Cabrobó, ainda existente no centro da cidade, hoje não sendo mais de propriedade de seus descendentes que não permaneceram naquela área, a maioria vivendo em Parnamirim, Ouricuri, Bodocó, Exú, Petrolina, Recife e, principalmente no Crato (Ce). Em Parnamirim, a família Agra e seus descendentes são os principais remanescentes de Brígida de Alencar, pois além de ser tetravó de Dona Mariquinha (Maria Liberalina de Alencar) esposa de seu Hermógenes Martiniano da Costa Agra, também era pentavó materna do próprio Hermógenes, neto do fundador da cidade, considerando que era comum o casamento entre parentes.

Autor: Djalmira Sá Almeida


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