AGRICULTURA: CRISE ESTRUTURAL?



Em recente seminário em São Paulo, que discutia como o mundo deveria enfrentar o fenômeno China (e Índia), foi perguntado a um especialista em competitividade mundial quais setores brasileiros teriam maiores dificuldades no futuro. Ao responder as enormes dificuldades que teriam os setores calçadista e têxtil, terminou por sugerir que os empresários desses setores deveriam fechar suas fábricas e salvar o capital ainda existente. Perplexa, a repórter ainda arriscou uma pergunta se havia, na opinião do especialista algum setor onde o Brasil ainda teria chances de manter-se competitivo neste mundo cada vez mais globalizado. A resposta foi pronta e certeira: o agronegócio brasileiro é e será líder mundial em competitividade.
Os atuais problemas da agricultura são conjunturais, ocasionados por quebras de safras seguidas e por três anos seguidos de taxas cambiais declinantes. Como ocorre um período de 4 a 5 meses entre a compra de insumos e a venda da produção, por três anos seguidos o câmbio foi desfavorável, ocasionando uma potencialização da crise oriunda das quebras de safra. Como desgraça sempre “vem a cavalo” isso ocorreu imediatamente após decisões de excessivos investimentos, realizados no afã dos preços altos de 2002/2003. Mas tudo isso passa. Este ano os insumos serão comprados noutra situação de preços e o clima não castiga sempre, de forma que as perspectivas futuras são favoráveis.
O Pacote Agrícola (Plano Agrícola e Pecuário para safra 2006/2007) apresentou a solução para a maior parte dos problemas momentâneos do agronegócio, apesar das reclamações dos representantes do setor.
A prorrogação das dívidas vencidas em 2005/2006 e as que ainda vencerão em 2006 por até cinco anos (com dois de carência) e com juros de 8,75% ao ano resolve o problema. A exigência de estar em dia com essas dívidas nos vencimentos até 2004 é correta e justa. É preciso separar os que sofreram problemas climáticos e de preços dos oportunistas.
Os valores abundantes para custeio, comercialização e investimentos, com ampliação de limites e valores com taxas subsidiadas de 8,75% ao ano são amplamente favoráveis.
A possibilidade de financiamento pelo moderfrota de máquinas usadas deve “irrigar” o setor, permitindo que quem fez superinvestimentos regrida para um patamar razoável.
A principal falha ocorre pela insegurança quanto à implantação das promessas de seguro agrícola propostas no “pacote”.
A manutenção dos preços mínimos da safra passada é condizente com a redução de custos e representa uma melhoria de margem.
As novas regras de comercialização e os novos instrumentos que estão sendo utilizados são inteligentes e futuristas. Os novos mecanismos de financiamento do setor são corretos no sentido de atrair novos financiadores para a agricultura.
Enfim, conhecer a fundo as medidas é questão fundamental. Planejar e administrar a propriedade de acordo com as novas regras é tão importante quanto saber plantar e colher. Estamos numa nova era do agronegócio.
Autor: Edison Luiz Leismann


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