A Bola Rola e a Bolsa Tomba



Enquanto a bola rola e a mídia global, exceto a dos EUA, dá toda cobertura à Copa, as Bolsas de Valores estão fazendo um ajuste profundo. Ao mesmo tempo, a questão eleitoral entra em “tela de descanso”.

• A COPA: Com certeza este é um evento de integração dos povos, através de uma disputa esportiva, pois levam-se informações de um país e região sobre os outros. A maior informação desperta interesses e atua na linha de um mundo mais globalizado.

• AS BOLSAS: Enquanto isso, nos últimos dias, estamos assistindo um ajuste, para baixo, das cotações das bolsas de valores no mundo inteiro, com intensidade forte no Brasil. O ajuste se dá, nos EUA, em função dos juros maiores que estão sendo adotados para reduzir a inflação, e nos países emergentes pela fuga de capital originada pelo mesmo fato. Uma pergunta que surge é: por que o ajuste está sendo mais forte no Brasil, se temos melhores fundamentos macroeconômicos que os outros países emergentes?

• O BRASIL: Um dos motivos que faz com que os administradores de carteiras retirem o dinheiro do Brasil é a nossa moeda valorizada, em relação à época em que eles trouxeram o dinheiro para cá. Quem trouxe US$ 100 mil quando a cotação estava em R$ 3,00/US$, trocou seus dólares por R$ 300 mil. Investiu na bolsa, ganhou, por exemplo, 50%, está hoje com R$ 450 mil, ou seja, US$ 200 mil, considerando uma taxa cambial de R$ 2,25/US$. O fato de ter obtido um bom ganho, o fato de saber que os investidores comportam-se como “manada”, o fato de ter uma eleição no Brasil nos próximos meses cujo efeito nos mercados é imprevisível, leva à decisão de desinvestir no Brasil. Assim, excessivas vendas de ações, ao não encontrarem compradores, levam a fortes quedas de preços. Ao mesmo tempo, ao comprar dólares para enviar aos países de origem, forçam a taxa cambial para cima, tendo saído do patamar de R$ 2,10 para taxas entre R$ 2,25 a R$ 2,30 por dólar. Essa maior taxa cambial, de certa forma, ajuda o governo no seu esforço de evitar maior valorização da moeda. Bolsas em baixa, prejudicam o país pois encarecem o custo de capital e desestimulam investimentos produtivos geradores de emprego.
• FUNDAMENTOS: Apesar do soluço, estamos enfrentando a primeira crise externa do governo Lula com bons fundamentos macroeconômicos. Não fosse assim, o tombo seria bem maior.
• A ANESTESIA DO FUTEBOL: “Tudo isso acontecendo e eu aqui na praça, dando milho ao pombos”..., digo, assistindo ao jogo. Mas é assim mesmo. Depois da copa, vem a eleição, aí o “bicho vai pegar”.
Autor: Edison Luiz Leismann


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