O biodiesel a partir da mamona é viável?



Ao prestarmos atenção nos jornais, revistas e telejornais nos depararemos com várias matérias sobre o biodiesel.

Em outros casos encontraremos manchetes dizendo que o preço do petróleo se aproxima dos 70 dólares o barril. Por esse motivo, o biodiesel já pode ser considerado uma alternativa a essa crise.

O Brasil vem estudando o biodiesel desde os anos 80. Esse combustível não é tóxico, é biodegradável e o seu uso promove redução da emissão de gases tóxicos no escapamento dos veículos e a redução de gases que contribuem para o efeito estufa.

O governo brasileiro traçou um marco regulatório que traz uma meta ambiciosa de misturar 2% de óleo vegetais ao diesel, isso sem a necessidade de ajustar os motores que receberão o novo combustível. O Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel já deu início a esse processo a partir desse ano. Já teremos em alguns postos do Brasil a comercialização do biodiesel.

Nosso país possui diversidade de solos, de climas e de culturas. Podemos explorar o biodiesel a partir da mamona, da soja, do girassol, da palma, do dendê e, até mesmo, de produtos de origem animal, como é o caso do sebo.

A cultura da mamona, além de ser uma alternativa para a produção de biocombustível, pode ser um potencial no resgate econômico e social das famílias rurais. O plantio da mamona pode ser um forte instrumento de renda para os produtores familiares que se inserirem no programa.

Esse nobre óleo feito a partir da mamona é utilizado pela indústria química e pela indústria de lubrificantes, entretanto pode ter sua demanda aumentada conforme prevê a “Lei da Oferta de Procura”, assim, o preço de mercado da mamona pode dobrar.

Esse programa, pela sua magnitude, pode ter estar apenas engatinhando. Hoje ele só está ocorrendo graças a subsídios. Há redução fiscal que chega até a isenção de 100% em alguns casos e claro há o financiamento do BNDES com juros baixos. O governo traçou a meta ambiciosa de produzir 800 milhões de litros de biodiesel por ano, o que significa uma redução de 160 milhões de dólares na importação de diesel. Diante disso, podemos afirmar que o impacto econômico é enorme, seja na redução das importações de petróleo e diesel refinado, seja na melhoria na balança comercial e no desenvolvimento regional fixando o homem no campo.

Há um grande risco de que a meta imposta pelo governo não seja cumprida, pois vem estimulando a produção do biodiesel a partir do óleo da mamona, principalmente na região do semi-árido do Nordeste. O risco está no fato de que para a mamona ser competitiva o subsídio deverá ser um tanto quanto “milagroso”.

O Jornal O Globo trouxe uma matéria dizendo que o mercado internacional de mamona paga aproximadamente mil dólares por uma tonelada de mamona (para produção de óleo de mamona) e o biodiesel produzido a partir de uma tonelada de mamona renderia quinhentos dólares, diferença essa que poderá inviabilizar o cumprimento da meta governamental. Para atingir o objetivo inicial o governo precisaria desembolsar aproximadamente dois bilhões de dólares em subsídios. Questionamento: O governo terá condições de manter o programa de pé? Esperamos que sim, mas vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos!

Marçal Rogério Rizzo: Economista, Professor Universitário, Especialista em Economia do Trabalho, Mestre em Desenvolvimento Regional pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Autor: Marçal Rogério Rizzo


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