As peripécias de quem exporta



Iniciemos esse artigo com as palavras de José Lopes Vasquez: “A exportação é a atividade que proporciona a abertura do país para o mundo”.
As exportações trazem inúmeras vantagens para os países e para as empresas exportadoras. Existe um estudo da ONU (Organização das Nações Unidas) que afirma que para cada bilhão de dólares em exportação são criados 50 mil empregos. Por falta de compromisso de nossos governantes o Brasil deixa de exportar no mínimo 5 bilhões de dólares.
Sabemos que hoje o mundo é outro, muito mais complexo do que parece. Estamos num estágio globalizado em que há uma abertura do mercado, que é resultado do policentrismo econômico aliado a fatores como o desenvolvimento tecnológico, a flexibilização do trabalho e a formação de blocos econômicos.
Para ingressar nesse novo mundo do comércio internacionalizado é necessário criar estratégias, planos, metas e claro estar por dentro do que o mercado necessita. Para se exportar são necessários alguns itens que estão presentes ao processo de exportação como, por exemplo: uma boa logística que possa atender de forma mínima aos exportadores. Mas infelizmente isso é quase impossível no Brasil.
Estamos presenciando há décadas a mesma “ladainha” da recuperação das estradas. No entanto, não é isso que ocorre. Os acidentes vêm crescendo ano após ano e o principal fator causador é a péssima condição das estradas. Onde há estrada em boas condições, há pedágios. Parece que não combina estrada boa sem pedágio. Pode se contar nos dedos os poucos exemplos dessa combinação. Além do mais, não há uma fiscalização adequada nas rodovias do Brasil. Se a carga é valiosa tem que seguir com escolta, e isso encarece o produto. Falta policiamento, falta inspeção nas condições dos carros e caminhões que transitam por aqui.
O comércio exterior só poderá crescer, se melhorarmos a infra-estrutura dos portos, das rodovias, das ferrovias, para, assim, diminuir custo das exportações.
Outro fator que devemos levar em consideração e que está intimamente ligado com as exportações, é um câmbio favorável. Mas parece que o Banco Central, que é guiado pela política econômica, não é favorável as exportações.
Deixando o Real forte, tira-se nossa competitividade no mercado externo e dá condições para o ingresso de mercadorias importadas, que competem diretamente com a indústria nacional. Isso já ocorreu nos governos passados e infelizmente vem ocorrendo fortemente no governo Lula. Diga-se de passagem, o PT criticava a valorização do Real.
Existem mais pontos a serem lembrados como: a cultura e a capacidade exportadora, que devem ser incentivadas por uma política pública que estimule a classe empresarial a buscar o mercado exterior. O excesso de burocracia também tem dificultado a nossa competitividade e também era criticado por esses que ocupam o governo.
Existe a necessidade de reduzir a burocracia, prospectar novos mercados, efetuar acordos de cooperação comercial, selecionar possíveis “nichos” de mercado e conhecer a cultura de cada um desses países. Existe uma inércia do governo na quebra das barreiras alfandegárias. No inicio do governo houve uma busca de novos mercados, mas agora tudo se resume as eleições e isso tem incomodado aos exportadores.
Diante disso tudo que foi lembrado, vou terminar esse artigo da mesma forma que terminei um outro que já escrevi nesse mesmo jornal sobre esse mesmo tema. Lembro aqui da brilhante a frase da música “Brasil” composta por Cazuza, Nilo Romero e George Israel: “Brasil, mostra a sua cara, quero ver quem paga pra gente ficar assim (...)”.

Marçal Rogério Rizzo é Economista, Professor Universitário, Especialista em Economia do Trabalho pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Especialista em Gerenciamento de Micro e Pequenas Empresas pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) e Mestre em Desenvolvimento Regional pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). É autor do livro “A evolução da Indústria Calçadista de Birigüi” lançado pela editora Boreal. Endereço eletrônico: [email protected] ou [email protected]

Artigo publicado no Jornal A Tribuna - Primeiro Caderno – página A-2 – Jales (SP), 09 de abril de 2006.
Autor: Marçal Rogério Rizzo


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