Futebol e Política - Ópio do povo



Que o futebol está no cerne da cultura nacional, todos sabem. Mas poucos têm consciência das implicações que isso traz à vida prática. O lazer é essencial para uma vida com qualidade. Porém, deve haver uma justa medida entre o lazer e a vida ordinária. Quando o lazer toma o centro da vida, desloca nossa atenção para fatores talvez não tão importantes, agindo como um entorpecente, que ameniza as dores da vida, criando um mundo paralelo alegrado artificialmente. Como Marx acusava a religião de ser o “Ópio do Povo”, queremos apresentar o futebol como um elemento comum de ação entorpecente.
Quem não queria ver o Brasil como hexa-campeão? Sem dúvidas, era um sonho nacional. Assim, desde maio que os meios de comunicação direcionaram toda sua programação para o evento mundial. Brasileiros de todas as idades pararam para ver a evolução da seleção na Copa. Mas poucos percebiam que com Copa ou sem Copa a vida continuava.
Então, o futebol demonstra sua ação alucinante. Cada partida tinha o poder de fazer um país parar, escolas, bancos, lojas e todos os tipos de estabelecimentos pararam para se concentrar nas disputas e acompanhar em tempo real as batalhas futebolísticas, onde cada brasileiro se vê representando nos jogadores, que numa batalha sem armas tentam defender seu país.
Nas antigas batalhas existiam bons soldados, que lutam por amor à pátria e que levam em seu peito o garbo arrojado, tradição de seu povo. Contudo, podia ser encontrado naquelas batalhas, o velho mercenário que por algumas moedas de prata deixava de lutar, abandonando ao léu os fiéis soldados. Alguns destes mercenários não só deixavam de lutar, mas mudavam de exército, traindo sua pátria.
A população ficava eufórica, aguardando quando ao final da sangrenta batalha os soldados chegavam trazendo as notícias do fim da guerra e a vitória alcançada. Hoje, podemos ver as batalhas em tempo real. Assim, acompanhamos a força de uma covardia. Soldados que abandonam a batalha e deixam que o inimigo assuma a frente e vença sem dificuldades. Não sabemos se retrocedem por algumas moedas de prata como fazem os mercenários, mas pudemos presenciar a covarde entrega.
Então, alucinados com o “Ópio do Povo”, aguardávamos a vitória satisfatória. Mas como o circo já estava armado, simplesmente ficamos como meros espectadores ignorantes. A vida continua andando, agora nos damos conta de que temos uma eleição pela frente e que outro circo se armará.
Nesta batalha política não temos nem alguém qualificado por quem torcer, mas sabemos que não depende do vencedor, agirá novamente de modo mercenário e a traição será certa.
Autor: Dennys Robson Girardi


Artigos Relacionados


Fim Da Copa Do Mundo

Neymar Na Copa, Fora Adriano!

Copa Do Mundo

Copa Do Mundo E Fé Na Vida!

Explode Coração

Não Somos "técnicos" Da Seleção, Mas Das Eleições...

Futebol Paulista Bate Um Bolão Na Primeira Década Do Milênio