A Rússia e as boas intenções



Se há um país em que as boas intenções foram testadas muitas vezes é a Rússia. Como todos sabemos, delas o inferno está cheio. O maior país do mundo é riquíssimo em minerais e recursos, argumento que brasileiros costumam usar desde o Conde Afonso Celso (porque me ufano de meu país...) para se julgar fortes e ricos. Faz fronteira entre o ocidente e o oriente, de um lado a Europa, de outro a China. Pedro, O Grande, tratou de ocidentaliza-lo à força, mandou que todos cortassem as barbas, envergonhados muitos russos as conservaram em caixas para ser enterrados com elas e não se encontrarem imberbes à frente do Criador.

Em tempos modernos a Rússia foi o laboratório das idéias da esquerda, Marx foi entronizado como portador da Revelação final dos tempos, sua interpretação da história indiscutida como um dogma. Toda a força do totalitarismo foi usada para criar um estado que tudo decidia e que daria ao país a justiça, a igualdade que todos anseiam. Em nome desta justiça social todos os crimes foram cometidos, mas não é isto que importa aqui, o que conta é se estas idéias produzem o fim almejado. A conclusão aponta para um fracasso tão estrondoso que é difícil de ser absorvido pelos que cultuaram suas soluções intervencionistas. Sobreviveu em todo mundo um modelo, o capitalismo, que não foi criado por ninguém, não foi pré-teorizado, é simplesmente o egoísmo humano em ação.

Surpreendentemente nos países em que foi deixado agir houve progresso. Que os governos são incessantemente chamados a corrigir seus excessos, taxando uns, policiando outros, socorrendo os mais fracos, é a mais pura verdade. É um sistema que deixado por si mesmo produz iniqüidade, que trabalha contra si mesmo, estreitando mercados, precisa ser regulado, corrigido. Porém os abismos a que os idealistas levaram a Rússia são profundos. A renda per capita é metade da brasileira. O PIB um terço do brasileiro. Suporiam os propagandistas da esquerda que a Rússia era uma ficção apenas bem sucedida no lado militar?

Pior que tudo, a espinha empreendedora do povo russo foi quebrada. Em três gerações todos esqueceram como agir por si mesmos, um país de dependentes aonde os que se organizam são os criminosos, as máfias. Burocracia pesada, corrupção, desesperança, este o quadro do qual a nação lentamente procura livrar-se sob um novo autoritarismo. Quantos sabem que o Brasil hoje é três vezes mais poderoso economicamente que a terra dos czares? No entanto em nosso meio ainda florescem os que crêem em estado forte, ditaduras e filosofias alternativas. Que a providência nos livre de sermos objeto de suas experiências, elas só foram úteis para demonstrar o erro de suas teses.
Autor: Petrucio Chalegre


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