O Blues: O Início Da Improvisação



Luis Gustavo Souza Ruz1

Resumo: Sempre nos deparamos com músicos que se dizem "improvisadores", porém utilizam sempre as mesmas frases, as mesmas escalas; alguns tocam com o improviso pronto, o que demonstra uma tremenda falta de criatividade e preguiça de pensar. O artigo quer mostrar que o blues, por possuir estrutura harmônica simples, dará liberdade ao iniciante na improvisação para explorar a criatividade brincando com as notas.Descreve os principais estilos vindos do blues e apresenta alguns nomes marcantes, ao longo do caminho. Cita, também, alguns guitarristas que usaram de sua influência blues para expandir suas músicas, ir mais adiante e incorporá-lo a novos estilos, que satisfação suas opostas buscas por sonoridades diferentes. Além disso, o artigo tem a preocupação de esclarecer sobre a progressão básica, escalas principais para dar início ao mundo do improviso.

Palavra-chave: guitarra. improvisação. blues.

1 Graduando 6° período, Curso de Música – UNINCOR.

1.INTRODUÇÃO

Esse artigo fala dos nomes que foram importantes para o blues ao longo de sua trajetória como o de Charley Patton, San House, Willie Brown, Leroy Carr, Bo Carter, Silvester Weaver, Blind Willie Johnson, Tommy Johnson, Robert Johnson, as big bands: Sonny Boy Williamson, Big Bill Broonzy, Elmore James, T-Bone Walker. Outros nomes grandiosos como Willie Dixon, Howlin Wolf, B.B. King, John Lee Hooker, Muddy Waters, Albert King, Freddie King, Buddy Guy, Stevie Ray Vaughan. E de alguns guitarristas que beberam suas influências nesses bluseiros e mais adiante incorporaram novos estilos, em busca de sonoridades opostas. Como principal exemplo, citamos os guitarristas Jeff Beck, Jimi Hendrix e Wes Montgomery. A finalidade do trabalho é chamá-los a observar que esses guitarristas, dentre muitos outros, obtiveram grande êxito por terem o blues como base de suas músicas, pois sem sombra de dúvidas, ele foi imprescindível para que cada uma deles pudesse superar os limites. Ou seja, o blues está por de trás de variados estilos servindo-lhes como influência.

Para finalizar, um pequeno esclarecimento básico sobre progressão, e improviso no blues. Com uma simples explicação das escalas iniciais e sobre o melhor momento para aplicá-las. Deste modo é esperado que o guitarrista iniciante no improviso possa compreender melhor a organização da progressão básica do blues, e aprender a utilizar as escala principais. Para que dessa maneira, possa vir a penetrar no pensamento bluseiro.


2.A HISTÓRIA DO BLUES

A história do Blues esteve sempre ligada à cultura afro-americana, especialmente aquela oriunda do sul dos Estados Unidos, das plantações de algodão dos escravos, que cantavam para embalar as intermináveis e sofridas jornadas de trabalho, posteriormente denominado de Blues. "Ele nasceu na bacia do Mississipi, nos campos de algodão. Era uma música através da qual o negro emitia seu desabafo, para suportar a dureza do trabalho". (MONTANARE. 1993, p. 59).

Em seu início era apenas vocalizado, pois os escravos não tinham conhecimentos musicais para tocar instrumentos. Com o passar do tempo é que adicionou o violão. Mesmo sem conhecimentos teóricos foram criando padrões de harmonia, até chegar ao famoso blues de 12 compassos e o esquema de pergunta e resposta. Mas a característica de vocalização continua ainda sempre muito presente.

Seu ritmo sensual e vigoroso e a simplicidade de suas poesias são traços da forte personalidade africana. Tratavam, em suas poesias, sobre aspectos basicamente populares: trabalho, amor, religião, sexo, traição. Nos Estados Unidos surgiram através dos cantos religiosos, os spirituals e outras formas parecidas, gritos, cânticos e canções de trabalho das comunidades de escravos libertos. As letras das canções incluíam, muitas vezes, sugestões sutis, protestos contra a escravidão e até mesmo formas para escapar dela. Por isso a forte influência vocal. Concluímos, então, o Blues como uma forma musical vocal e/ou instrumental de estrutura repetitiva, que se baseia no uso de notas de baixa freqüência como modo de expressão. Com a preocupação de evitar a escala maior. "O blues é música vocal. Essa é a verdade. Uma boa guitarra de blues deve vir do mesmo lugar de onde vem o canto. Você está usando notas – não palavras – mas está dizendo as mesmas coisas". (Robben Ford, 1999, p.26).

2.1.OS BLUSEIROS QUE MARCARAM ÉPOCA

É mais correto dizer que o blues surgiu de uma forma ambiental e progressiva do que uma única canção. O marco de seu surgimento, como estilo musical, foi a instrumentalização das canções de trabalho (work songs).

A partir da década de 20 surgem nomes como o de Charley Patton, em seguida San House, Willie Brown, Leroy Carr, Bo Carter, Silvester Weaver, Blind Willie Johnson, Tommy Johnson entre outros. Na década de 30 destaca-se Robert Johnson. As big bands começaram a surgir na década de 40: Sonny Boy Williamson, Big Bill Broonzy, Elmore James e T-Bone Walker. Com o sucesso do Blues Chicago, o Blues tornou-se a cultura popular dos Estados Unidos. Em meados dessa década, explode um período intenso de migração, que já vinha vindo a algum tempo, da população negra à Chicago. Eles estavam fugindo da repressão e miséria, em busca de novas oportunidades. Os bluseiros chegavam "aos montes" à Chicago. Conseqüentemente, após se surpreenderem com a eletricidade na música, multiplica-se a gama de novas possibilidades, o que permite aos músicos voar cada vez mais alto.

Nesse mesmo período surge outro nome grandioso, o de Willie Dixon. Considerado "poeta do blues" é dele a composição de vários clássicos do blues. Não menos importante foi a rouca e grave voz do guitarrista e gaitista Howlin Wolf, B.B. King também se consagrou, porém, na guitarra solo como elemento central do blues. Criou um estilo quase inigualável de frasear o instrumento de forma pura e melódica. Sua marca registrada é o vibrato, dando aos solos formas quase verbal. Sua voz, muitas vezes sua se destacava mais que o instrumento. Foi classificado como "rei do blues". Outro nome que não poderia ser deixado de citar é o de John Lee Hooker. Um dos primeiros a eletrificar a guitarra no blues, além de ter sido o precursor do Blues Chicago.

A apresentação de Muddy Waters foi um marco para os anos 50, o blues ganha renome internacional e viria a influenciar o surgimento de novas vertentes musicais. Na América, os efeitos foram diretos, e músicos como Jimi Hendrix desenvolveram estilos próprios fundamentados na raiz do blues: Albert King, Freddie King e Buddy Guy iniciaram uma mudança na sonoridade desse maravilhoso estilo. Eles adicionaram elementos do rock, com som do blues tradicional. Essa moda chegou apenas a contrariar alguns puristas.

Nos anos 70 o blues começou a perder espaço para a era do disco. Apenas nos anos 80 o brilhante guitarrista, oriundo do Texas, Stevie Ray Vaughan o blues voltou à tona, ganhou forças, graças a sua marca intensa, virtuosa e própria. Após sua morte, em 1990, coincidência ou não, ocorreu o desaparecimento gradativo do estilo no cenário mundial dos anos 90.

3.PRINCIPAIS ESTILOS ORIUNDOS DO BLUES

A música popular ocidental tem sofrido inúmeras influências do blues, definindo o surgimento na maioria dos estilos musicais como o ragtime, o jazz: "O jazz brota em duas vertentes significativas: o ragtime e o blues". (MONTANARE, 1993, p. 59). "A outra vertente do jazz é mais, digamos, rural, mas é muito mais significativa em termos de expressão do sentimento: o blues". (MONTANARE, 1993, p. 59); o country, o rhythm and blues:

... já excursionava, desde aproximadamente 1945, com seu grupo, os Saddlemen, por algumas cidades americanas. O que eles tocavam era, basicamente, uma música rural (conhecida como country music) que, aos poucos, foi recebendo umas doses de blues urbanizado, chamado de rhythm and blues.(MONTANARE, 1993, p. 63);

o rock'n roll: "Em 1950, surgiu o primeiro registro discográfico que se tem notícia no rock". (MONTANARE, 1993, p. 63). "Para todos os efeitos, o rock'n roll é considerado como uma evolução natural do blues e do rhythm and blues". (MONTANARE, 1993, p.63); além de ska-rocksteady, soul music, música popular convencional e até mesmo a música clássica moderna.

4.A PROGRESSÃO E IMPROVISO NO BLUES

De acordo com uma reportagem escrita por Andy Ellis, publicada na revista Guitar Player2, uma progressão básica que se usa no blues é I – IV – V de uma tonalidade, tocadas com aberturas dominantes, que se estendem por 12 compassos:

Número de compassos

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

Blues de 12 compassos

I7

I7

I7

I7

IV7

IV7

I7

I7

V7

IV7

I7

V7

Com mudança

I7

IV7

I7

I7

IV7

IV7

I7

I7

V7

IV7

I7

V7

São sempre acordes dominantes que podem ser tocados com abertura de 7ª, 9ª ou 13ª. Os acordes dominantes contêm um intervalo chamado de trítono, que corresponde a 4# (aumentada). Consistindo dos graus 3 e b7, o trítono define o som da dominante. Esses graus 3 e 7 menor são chamados de "notas de tensão",ou seja, "chamam" uma próxima nota. O grau 3 estabelece se o acorde é maior ou menor; o b7 fornece seu som característico. Essa é uma das técnicas do blues e R&B, ter os trítonos como alvos. Os modelos das escalas ajudam a tocar o blues, porém o segredo é pensar em intervalos. Andy fala de outra forma popular de progressão "...com uma 'mudança rápida', quebra os quatro compassos iniciais em I7 com uma mudança para IV7 no

2 Guitar Player – março 1999. Ano 4, n.º 37.

compasso 2". Estamos de acordo ao afirmar que com o auxílio do ciclo das quartas irá facilitar na hora de determinar (numa tonalidade qualquer) os acordes I – IV e V. O ideal é pensar em graus ao invés de notas. Tudo porque na hora do improviso, dependendo da seqüência dos acordes, irá variar a ênfase que se deva dar à determinadas notas e as relações entre elas. Ou seja, na hora do improviso utiliza-se as notas de acordo com os acordes, dando um pouco mais de ênfase ao I grau do acorde. Tomaremos o exemplo de do acorde de C maior. Se a harmonia for para o IV grau (F7M) deverá recorrer às notas da escala de fá. E assim por diante. Se a harmonia for par o V grau (G7) deverá recorrer às notas da escala de sol. Saber da harmonia da música é imprescindível para obtermos liberdade para improvisar. Aprender sobre acordes, incluindo os de 5 notas, nos mostrará que as notas podem ser utilizadas para se fazer transições suaves de um acorde para outro, isso também ajudará muito na hora do improviso. O que dá o tom de um acorde é a tônica, dando o direcionamento para a improvisação. Os riffs ou partem de uma tônica, ou se direcionam para ela. Os arpejos se iniciam de uma tônica, as escalas e os intervalos também. O aprendizado do blues pode ser difícil em dois aspectos. O primeiro é a quase inexistência de partituras quando comparada à outros estilos. Tudo isso por causa de sua tradição. É uma música que se aprende e transmite de ouvido, é requer uma prática exaustiva e uma constante audição. "Foi um tempo de aprendizado porque ouvíamos todos aqueles cantores e bandas cheios de feeling, e é esse o principal ingrediente do blues – o feeling". (Robben Ford, 1999, p. 26); o outro ponto é o improviso. Normalmente demora-se muito, mais muito tempo para o estudante improvisar com segurança, exige muitas horas todos os dias dedicação. Porém, o artigo anseia mostrar a seus leitores que o blues, por vários motivos, e principalmente por possuir uma progressão simples, chama o guitarrista ao improviso, pois leva-os a descobrirem os fraseados. O blues não existe sem improviso. "... uma apaixonante viajem musical que começou com o blues". (Robben Ford, 1999, p. 26). A improvisação necessita-se de muita prática, estudos teóricos e práticos em sua aplicação. É comum hoje em dia ouvirmos músicos improvisando em variados tipos de ritmos, com o mesmo fraseado, usando a mesma escala, ou até mesmo com frases já prontas. Além de necessidades técnicas, o improvisador, necessita também de conhecimento teórico para colocar cada nota no lugar certo, não causando choques harmônicos. Para ser um bom improvisador é preciso saber de acordes e escalas. O blues por ter uma estrutura harmônica muito simples, tocando acordes dominantes e resolvendo em acordes dominantes, o músico estudante de improvisação, encontrará mais liberdade para poder brincar com as notas. Assim sempre encontrará novos caminhos explorando sua criatividade.

4.1.AS ESCALA DO BLUES E OUTRAS ESCALAS DERIVADAS

As escalas mais usadas no blues são escalas pentatônicas (maiores e menores) e pentatônicas acrescida do blue-not, que corresponde à escala de blues. As escalas pentatônicas não possuem nem o 4º, nem o 7º grau. Isso faz com que elas tenham mais liberdades para se encaixarem em maior número de acordes. É melhor, devido a maior liberdade que se tem para colocar mais notas. Com o blues torna-se mais fácil para aprender a improvisar. Ainda mais com as facilidades que temos nos dias atuais. Por isso, a escala de blues, é a primeira escala a ser ensinada, depois da escala maior, ao iniciante de improvisação. Temos também a escala mixolídio, entre muitas outras estudadas na arte da improvisação.

[...] Hoje em dia, os jovens têm mais vantagens. Demorou uns 20 ou 30 anos para ver o blues escrito em notação musical – diziam que não se podia escrever blues. Agora os garotos podem assistir a vídeos de grandes músicos de blues e pegar exatamente o que os dedos deles estão fazendo. Eles podem parar a fita e ver o que eu não via quando estava aprendendo. (GUY, Buddy. 1999, p. 28).

[...] Se você ama o blues pode tocá-lo. Em todas as entrevistas que dou, me perguntam se um branco pode tocar blues. Eu odeio essa pergunta! É um ser humano cara. Se eu tivesse oito dedos na mão esquerda, então diria que provavelmente um branco não conseguiria tocar como eu. Mas esses caras o famoso Stevie Ray Vauhgan, este jovem Jonny Long, Eric Clapton e Jeff Beck, só alguns exemplos, tem algumas coisas que eles fazem que eu gostaria de fazer. (GUY, Buddy. 1999, p. 30).

A pentatônica maior, segundo o livro de Luciano Alves3, tem três tons e dois intervalos de 3ª menor. Sua aplicação pode ser executada em cinco inversões e em diversos acordes das categorias maior, menor e dominante.

As escalas pentatônicas geradas pelo I, IV e V graus da escala maior são perfeitamente executáveis em uma progressão II – V – I. Apenas no V grau há uma nota de passagem, que deve ser evitada ou, de preferência, pode-se executar a escala pentatônica começando no tom do V grau.(ALVES, 1997, p. 62).

3 ALVES, Luciano. 1997. ed. 2, São Paulo.

Luciano descreve a formação da escala pentatônica menor, como possuidora de três tons e dois intervalos de terça menor. Sua aplicação pode ser executada em cinco inversões e em diversos acordes das categorias menor, maior e dominante. Da escala de blues ele fala que esta possui dois semitons, duas 3as menores (3ªm, t, st, st, 3ªm, t), e que suas tensões estão relacionadas com a escala menor natural ou modo eólio.

A sonoridade característica do blues é alcançada, sobretudo, quando a escala é executada sobre acordes dominantes. A terceira nota é a quarta justa do acorde e, por ser dissonante, precisa atingir a 5ª justa ou retornar à tônica. A passagem ou repetição da quarta nota, ou "blue note" é extremamente importante; e a nota mais relevante da escala, para que a sonoridade seja "blueseada", é a segunda (3ª menor em relação à tônica), que cria um intervalo de 9ª aumentada no acorde, ou seja, uma indefinição no modo (maior ou menor). (ALVES, 1997, p. 68).

No método de Luciano a escala mixolídia tem sua origem no V grau (dominante) da escala maior. Sua formação implica em cinco tons e dois semitons – t t st t t st t. Essa escala é usada na categoria dos acordes dominantes que não possuem alterações (b5, #5, b9, #9 ou #11) e também nos acordes dominantes com 4ª suspensa (ou 11ª), com diferente nota a evitar.

5.A EXPANÇÃO DO BLUES A OUTROS GÊNEROS MUSICAIS

Esse trabalho escolheu, em meios outros tantos nomes, os de Jeff Beck, Jimi Hendrix e Wes Montgomery, como exemplos de guitarristas que usaram o blues para superar os limites. Jeff Beck, por exemplo, é um músico se expressa através de seu trabalho, veio do cenário do rock, muito influenciado pelo blues, sempre em busca por uma sonoridade selvagem, optou por uma fusão de estilos "experimentos" e "inovações" com a guitarra, que vão desde o jazz, rock'n roll, blues, clássico – fusion, mais lírico e melodioso como nunca fora feito na história do fusion. Totalmente original, pura criação, audácia, muito swing, sofisticação, timbres inspirados e elegantes. "...Jeff Beck era um amante de Otis Rush, Buddy Guy, B.B. King, Elmore James, John Lee Hooker, Muddy Waters, o blues e rhythm & blues negro." (Luiz Chagas, 1998, p. 32)4. A característica de seu trabalho esta no fato de ele não trabalhar sempre com o mesmo estilo musical, optando por uma fusão de estilos que vão desde o jazz ao rock and roll realmente com um toque muito pessoal. Jeff Beck na verdade é uma prova viva de que o blues abre muitas4 Guitar Player – setembro 1998. Ano 3, n.º 32.

portas, "... Goodbye Porkpie Hat (Wired) é um blues com muita classe, não é um blues dos doze compassos, aquele estilo Chicago. Isso me ajudou a abrir algumas portas. Tenho uma carta de Charles Mingus sobre essa gravação". (Jeff Beck, 1998, p. 32). Participou de uma banda famosa de blues na Inglaterra da década de 60, The Yardbirds, porém após dezoito meses saiu cansado e frustrado, pois queria muito mais do que a banda tinha para oferecer.

Usando a mesma guitarra que muitos usam há 50 anos eu busco meios de tirar sons que ninguém nunca ouviu. Adoro quando as pessoas escutam minha música e não sabem que instrumento estou usando. Toco deste jeito porque consigo tirar os sons mais "doentes" possíveis. Não ligo para regras, se eu não quebrar as "regras" no mínimo 10 vezes em cada música, então não estou fazendo meu trabalho direito! (Jeff Beck)

Jimi Hendrix, o segundo exemplo citado, foi além de cantor, compositor e produtor, um guitarrista que ampliou a tradição da guitarra no rock experimenta,l com ruidos microfonia. Um som bluseiro, uma mistura de hard rock, acid rock, blues rock, rock experimental. Apesar de terem existido alguns guitarristas anteriores que empregaram recursos como o "feedback", por exemplo, distorções e outros efeitos especiais, foi Hendrix quem soube usar estes recursos como ninguem, de forma à transcender suas fontes. Tudo graças as suas raizes negras: blues, soul music, R&B. "A introdução de Still Raining e Still Dreaming é uma das coisas mais impressionantes que já vi. Parece que a Guitarra fala...". (Eduardo Ardanuy, 1997, p.30) 5.

O ultimo exemplo, é o apurado som de Wes Montgomery. Ele foi o influenciador dos grandes músicos desse século: Eric Johnson, Pat Martino, Pat Metheny, Jimi Hendrix etc. Wes não tinha formação teórica, mas era muito fluente na linguagem jazzística.

Ele passeava por standards, clássicos do be-bop e baladas com a tranqüilidade, mas o blues era a base de seu estilo. Aventurando-se muito além dos três acordes tradicionais do gênero, ele compôs inúmeros blues, numa grande variedade de estilo e ritmos, muito dos quais apresentavam incríveis mudanças entre a primeira e segunda partes. (GRESS, Jesse. 1998, p. 57) 6.

Cada uma de suas músicas é um estudo de senso melódico e groove. "Os solos de Wes seguiam muitas vezes uma fórmula com três níveis de pegada: primeiro alguns choruses com linhas normais; em seguida oitavas; e então o clímax, com um solo matador feito com acordes". (GRESS, Jesse. 1998, p. 57).

5 Guitar Player – julho 1997. Ano 2, n.º 18.

6 Guitar Player – setembro 1998. Ano 3, n.º 32.

6.CONCLUSÃO

Esse trabalho foi desenvolvido para mostrar que o blues fornece uma base sólida na teoria e na prática. Dará ao guitarrista as ferramentas iniciais que são muito necessárias para quem deseja se iniciar no estudo do improviso, e para a base de uma boa guitarra. O dará, também, liberdades para prosseguir na evolução do instrumento, e trilhar seja qual for o som que se ambiciona. Além de tudo, o blues está por trás de grande número de estilos, servindo-lhes com sua forte influência. Como seria possível, por exemplo, uma pessoa tocar rock'n roll sem ter passado na escola do blues? Ou tocar jazz, country, R&B e até mesmo a música clássica moderna? Não tem jeito. Ele será um alicerce facilitando a exploração de outros estilos.

Como exemplo dos caminhos que o blues pode levar o artigo cita em meios outros tantos nomes os de Jeff Beck, Jimi Hendrix e Wes Montgomery. A escolha dos nomes aconteceu pelos critérios de que os três são magníficos guitarristas que tiveram influências do blues, se tornaram virtuosos improvisadores, porém, cada um seguiu um caminho completamente diferente do outro. Resumindo, Jeff Beck preferiu um som mais selvagem fazendo fusão com jazz, rock, blues, clássico – fusion, ou seja, um som experimental. Jimi Hendrix que explorou a guitarra como ninguém havia feito até então, graças a sua raiz bluseira, que permitiu ao músico incorporar novos recursos experimentais. Wes Montgomery tendo o blues como base de seu estilo, definiu na guitarra a sonoridade que viria a ser. Com a sua fluidez e liberdade de seu modo único de tocar em oitavas. Esperamos que o artigo possa ter, também, ajudado a compreender um pouco mais sobre a organização da progressão básica e a maneira como utilizar algumas das principais escalas: pentatônicas (maiores e menores), escala de blues, e mixolídio.

The Blues: the beginning of the improvisation.

Abstract: In we always come across them with musicians who if say "improvisations", however always use the same phrases, the same scales; some touch with the ready improvisation, what it demonstrates to a tremendous lack of creativity and laziness to think. Therefore the choice of the subject. The article wants to show that blues, for possessing simple harmonic structure, will give freedom to the beginning one in the improvisation to explore the creativity playing with notes. It describes the main styles come of blues and presents some influence names, throughout the way. Quotation, also, some guitarists who had used of its influence blues to expand its musics, to go more ahead and to incorporate it new styles, that satisfaction its opposing searches for different noises. Moreover, the article has the concern to clarify on the basic progression, main scales to give beginning to the world of the improvisation.

Key-words: guitar. improvisation. blues.

REFERÊNCIAS

ALVES, Luciano. Escalas para improvisação (em todos os tons para vários instrumentos). ed. 2. São Paulo, Ed. Irmãos Vitale, 1997, p. 44.

MONTANARI, Valdir. História da Música da Idade da Pedra à Idade do Rock. 4. ed. São Paulo, Ed. Ática, 1993, p. 87.

REVISTA GUITAR PLAYER. Brancos de alma negra (em português).n.º 19, ano 2. Agosto 1997, São Paulo. ISSN: 1413-4721. p. 114.

REVISTA GUITAR PLAYER. Jimi Hendrix (em português).n.º 18, ano 2. Julho 1997, São Paulo. ISSN: 1413-4721. p. 114.

REVISTA GUITAR PLAYER. Jeff Beck – Tributo a Wes Montgomery, o blues de Scott Henderson (em português).n.º 32, ano 3. Setembro 1998, São Paulo. ISSN: 1413-4721. p. 98.

REVISTA GUITAR PLAYER. Seja um deus do blues (em português).n.º 37, ano 4. Março 1999, São Paulo. ISSN: 1413-4721. p. 82.

REVISTA COVER GUITARRA. Blues Brasil (em português).n.º 66, ano 6. Maio 2000. Ed. Jazz, São Paulo. p. 46.


Autor: Luis Gustavo de Sousa Ruz


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