Educação brasileira em um mundo globalizado



O que temos visto na educação brasileira é um esforço muito grande do governo brasileiro em diplomar crianças, jovens e adultos para cumprir com as metas de educação traçadas no ano 2000 pelas Nações Unidas no encontro “Educação para todos”, ou seja, reduzir em 50% o número de analfabetos até o ano de 2015. Para atingi-la, o Brasil vem buscando um método muito eficiente, ou seja, “diplomar” alunos. Segundo LUFT1, a palavra diplomar significa: “conferir diploma a alguém”, e podemos dizer que é exatamente isto que o governo brasileiro está fazendo. Segundo dados da prova objetiva do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) do ano de 2005 que foi criada pelo Ministério da Educação do Brasil como uma ferramenta de avaliação da qualidade geral do Ensino Médio no país, 60,2% dos alunos tiveram desempenho “insuficiente a regular”, 34,9% “regular a bom” e apenas 4,9% “bom a excelente”.
Fazendo uma análise da educação brasileira, podemos dizer que realmente escolhemos seguir o caminho de diplomar a qualquer preço, ou seja, não importa se nossas crianças, jovens ou adultos estão aprendendo a ler, escrever, interpretar textos e resolver as operações matemáticas mais básicas, e sim, aumentar a quantidade de formandos que concluem o ensino fundamental e ensino médio. O resultado de tudo isso é o grande número de analfabetos funcionais, ou seja, pessoas que sabem escrever o próprio nome, porém não possuem a capacidade de ler, escrever e interpretar um texto, não fazendo a leitura do mundo, ou seja, não usando a escrita e a leitura no seu cotidiano. Apenas ser alfabetizado, ou seja, decodificar as letras é insuficiente para responder às demandas atuais de conhecimento. Estamos falando de níveis básicos de educação que ainda não conseguimos atingir e a partir disto, podemos afirmar que a educação brasileira deveria estar preocupada com as exigências do futuro, garantindo que as crianças de hoje estivessem preparadas e atualizadas quanto às novas tecnologias, como o uso da informática, e para a comunicação globalizada, através da internet, por exemplo, desenvolvendo inclusive habilidades em outros idiomas, que será imprescindível para a abertura de novos negócios no mundo globalizado.

O Brasil deveria se preocupar com a qualidade da educação do seu povo, já que ela é o único caminho para o desenvolvimento de vantagens competitivas em um mundo globalizado. Um exemplo de mudança da educação para o futuro é a do Chile. O país fixou as metas de aprendizagem, deixando explícitas as maneiras de atingi-las e introduzindo conteúdos voltados para o desenvolvimento de competências2. Na educação do Chile, por exemplo, anteciparam a aula de Inglês da 7ª para a 5ª série e os trabalhos manuais foram substituídos por educação tecnológica. É com essa visão, que hoje o Chile possui uma taxa de analfabetismo de 3,5%, sendo a do Brasil de 11%, uma expectativa de vida de 78 anos, quando no Brasil é de 71 anos, e um PIB3 per capita U$ 4.910 e no Brasil é de U$ 3.090. São índices econômicos e sociais que refletem o resultado de uma nação que não colocou de lado o investimento no capital humano (educação).
Essa mudança brusca na forma de educar é o resultado da globalização, impulsionada pelo avanço tecnológico que tem feito com que as distâncias físicas tornem-se imperceptíveis, graças à massificação da internet, expansão e modernização dos meios de transportes, que agilizam as entregas de mercadorias.
Se o Brasil não tomar o caminho de uma educação mais inteligente baseada nas demandas dos negócios e exigências do futuro, o país sofrerá para conquistar espaço no mercado internacional e o crescimento do PIB, ainda que “Deus seja brasileiro”.
Leandro Almeida Silva, 29 anos, formado em Administração de Empresas pela PUC de Campinas, pós-graduando em Gestão de Pessoas pela Universidade de Sorocaba.

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1 LUFT, Celso Pedro. Minidicionário Luft. 20 ed. São Paulo: Ática, 2001. (distribuído pelo governo do Estado de São Paulo através do Programa Nacional do Livro Didático)

2 Competências são as combinações de conhecimento observáveis e aplicados, habilidades, comportamentos e atitudes que criam vantagem competitiva.

3 PIB – produto interno bruto – somas de todas as riquezas produzidas por um país.
Autor: Leandro Almeida Silva


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