O jeitinho brasileiro e a corrupção



Autores: Marçal Rogério Rizzo e Willian Guimarães Santos

Existe uma pergunta que aflige a sociedade de nosso país: A corrupção está ou não no sangue do brasileiro? Isso vem em nossas mentes, quando presenciamos pessoas, aparentemente de boa índole, ingressarem na vida pública, ou mesmo na iniciativa privada e se tornarem corruptas. Em ano de eleição, essa pergunta atormenta a todos, especialmente, quando presenciamos boa parte do Congresso Nacional envolvido em escândalos como o do “mensalão” e, agora, dos “sanguessugas” (e o pior tudo vai acabar em pizza!).

Praticar atos corruptos está se tornando comum aos políticos. Cláudio Ferraz escreveu um artigo na revista Desafios do Desenvolvimento (publicada pelo IPEA em julho do ano passado) e afirma que “[...] em municípios pequenos onde grande parte da população tem baixo nível de escolaridade o controle social sobre o gasto público é mais difícil e facilita práticas de ‘clientelismo e corrupção’ [...]”.

Lembra ainda que após a criação da reeleição os políticos planejam o seu primeiro mandato, e tendem a ser mais eficientes fazendo uma boa administração para, então, tentarem a reeleição e, assim, permanecerem no cargo. Ferraz diz ainda que: “[...] os modelos tentaram evitar atos de corrupção num primeiro mandato, para assim aumentar suas possibilidades de reeleição [...] e com isso a apropriação de rendas públicas num segundo mandato”.

Isso evidencia, mais uma vez, que o jeitinho brasileiro esta aí fazendo de “gato e sapato” o povo brasileiro. Dados da corrupção ativa foram investigados pela Controladoria Geral da União e os resultados mostram que existe uma forte presença de desvio de recursos, licitações irregulares e superfaturamento. Ferraz observa que é importante essa investigação, especialmente relacionada aos “[...] marinheiros de primeira e os de segunda viagem”, sobretudo os prefeitos. Lembra que em “[...] municípios onde os prefeitos estão no segundo mandato [...] eles fazem mais obras [...] mas também roubam mais [...] os chamados roubam mas faz”.

Como todos sabem, a imagem que o brasileiro passa para o mundo é de um povo desonesto. Um exemplo que representa o Brasil na “Disney” é o Zé Carioca, um sujeito malandro com suas artimanhas, ou melhor, um sujeito que possui o “jeitinho brasileiro”.
Agora, devemos lembrar de casos isolados que demonstram que nem todos são malandros. Destacamos o senhor Francisco (funcionário da Infraero), que devolveu uma maleta com alguns milhares de dólares para o seu dono. Este fato mostra e comprova que há brasileiros honestos, pena que a maioria destes “Homens” não estão no poder!

Persistimos na afirmação de que quem estraga o Brasil são os políticos desonestos e, pior, são eles que elaboram as leis que regem esta nação. Isso só mudará quando todos se conscientizarem e deixarem de ser acomodados e começarem a mudar esta triste realidade. Que tal começarmos a pensar nisso na próxima eleição? Isso mostraria o descontentamento de uma nação com seus políticos que não pensam em seu povo, mas sim em seu bolso. Nas eleições, pensem com carinho e não vão para as urnas com aquele “jeitinho brasileiro” de votarem no “menos pior”.

Marçal Rogério Rizzo - Economista, Professor Universitário da UniToledo, Especialista em Economia do Trabalho pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Especialista em Gerenciamento de Micro e Pequenas Empresas pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) e Mestre em Desenvolvimento Regional pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Willian Guimarães Santos - Acadêmico do 1º. Semestre do Curso de Comércio Exterior do Centro Univeristário Toledo – UniToledo.

Artigo publicado no site da UniToledo em 02 de agosto de 2006. (www.toledo.br)
Autor: Marçal Rogério Rizzo


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