A Cortesia



Dentre os grandes ideais vividos pelos homens do medievo a cortesia tinha um papel fundamental. A cortesia não era uma ação ou uma qualidade, era propriamente um sentimento de amor, por isso vamos nos referir a ela como “amor-cortês”.
A cortesia era uma propriedade daqueles que viviam e conviviam na corte. Ou seja, o cortês estava sempre próximo ao rei. Por isso, tinha uma postura específica, não era rude nem torpe, destacava-se por sua educação. Sua qualidade principal era a fineza no trato com as pessoas. Simplicidade nas palavras e sabedoria para ouvir os mais experientes eram outras qualidades importantes.
Os grupos de cavaleiros, templários ou não, tinham na cortesia uma virtude a ser alcançada. A cortesia envolvia uma grande relação de amor. O cortês tinha sempre em mente sua amada, por ela se empenhava em guerras, cruzadas e duelos. De modo geral, esse “amor-cortês” para com a musa não se concretizava, ficando no ideal imaginário de cada jovem. Assim, sempre que vemos filmes quem enfocam as justas, duelos de cavaleiros medievais, percebemos que o prêmio, quase sempre, era a mão da uma mulher de destaque. Os jovens sonhavam com as mulheres da nobreza, geralmente a rainha ou a filha de um rei, pois nelas estava concretizado todo o ideal de nobreza e cortesia; as jovens tinham como ideal de par amoroso os cavaleiros, que cultivavam os valores de nobreza.
Muitos destes amantes sofreiam a vida toda por um amor impossível. Muitas destas histórias se tornaram grandes romances, citamos: Tristão e Isolda, Abelardo e Eloísa etc. Onde os jovens se amavam intensamente sem mesmo nunca se encontrar, eles nutriam carinho e afeto em promessas de amor eterno.
Deste “amor-cortês” surgiram inúmeros jograis, poemas e cantigas, que tinham a função de endeusar um amor idealizado. Este amor ideal estava ligado à figura de um herói. Os heróis moviam o imaginário arquetípico medieval, na religião irrompiam como santos, no dia-a-dia como modelos de vida e virtudes. Muitos deles são conhecidos até hoje, quem não lembra de Dom Quixote, Rei Atur ou Parsival ou como santos, São Francisco e Santa Clara, São Bento e Santa Escolástica? Há também outros que ficaram ocultos na história, mas auxiliaram na definição do caráter juvenil de então. O herói colocava o homem a serviço de um ideal maior, dando força a ele para realizar seu caminho evolutivo.
O “amor-cortês” que se manifestou em muitas e diferentes formas, delineou a compreensão humana de uma época. O ser humano de então estava voltado para ações honrosas e dedicadas. Há quem diga que a grandeza de um tempo está na quantidade de pessoas que são capazes de dedicar a vida por um ideal maior. Naquele tempo, o “amor-cortês” vivenciado por homens e mulheres de destaque definiu um código de valor para a juventude. O humano de valor era aquele capaz de ser cortês.
Hoje, a cortesia deixou de participar do ideário humano. O ideal atual não tem a preocupação com o trato humano, o ser humano passa a ser compreendido como algo descartável e o amor como um objeto passageiro. As relações humanas passaram a ser guiadas pelo interesse material. No ideário medieval do “amor-cortês” vemos a luz de uma possibilidade para o comprometimento, não com as finanças ou com o mercado, mas com o ser humano, tal como ele é.
Autor: Dennys Robson Girardi


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