O Novo Eleitor Brasileiro



Existem certos momentos que mudam para sempre a vida de um povo, que se tornam marcos a partir dos quais a história toma um novo rumo. Creio que esta campanha eleitoral, a primeira após a minirreforma, é um destes momentos-chave. Eleitores e candidatos, portanto nossa sociedade como um todo, serão outros daqui para frente, seremos todos um pouco melhores. Caminhamos para um patamar político-eleitoral mais elevado.
O fim dos “showmícios”, da sujeira dos cartazes em logradouros e espaços públicos, das antigas e condenáveis práticas de compra de votos, impôs a todos novas relações, mais maduras e honestas. Em um dos momentos mais decisivos para o País, nossa democracia se depura, ainda que reagindo a denúncias, escândalos e CPI’s.
Nesta campanha, atípica para alguns, os dois lados tiveram de evoluir, amadurecer e assumir maiores responsabilidades diante do processo eleitoral. Deste diálogo, toda a cenografia, a iluminação e a sonoplastia foram retiradas de cena. Restaram dois atores, sem figurino ou maquiagem, e suas “falas” têm de ser consistentes. Um espetáculo minimalista, mas talvez o mais belo e importante para artistas e público.
O novo eleitor brasileiro é forçado a prestar mais atenção às propostas, observar com atenção a vida e atuação pública pregressa de quem pede seu voto. Ele também deve passar a cobrar. E cobrar não apenas as promessas, mas uma atuação ética e responsável daqueles que se elegerem.
Merecerá o voto deste novo eleitor quem se apresentar com transparência, coerência, compromisso. Transparência em todos os aspectos de sua vida, principalmente se algum cargo público á exercido. Coerência dentro do discurso atual, mas principalmente deste com toda sua história. Compromisso com as causas e anseios da população e não com pedidos de um ou outro eleitor mascate de título na mão.
Esta campanha também baniu a prática obsoleta e ensinou uma lição aos órgãos de imprensa. As denúncias vazias e o “jornalismo de dossiê” já não são ferramentas eficazes na luta pelos “corações e mentes” dos eleitores. De tanto ver escândalos na mídia, a população aprendeu a diferenciar fatos verdadeiros, paridos em trabalho jornalístico autêntico, de factóides construídos nos comitês eleitorais por marketeiros frankensteinianos. O quarto poder mostrou que também tem suas limitações.
O que nos resta a todos é apertar nossas 21 teclas no dia primeiro de outubro e esperar que nossa democracia avance tanto quanto já avançou nossa tecnologia eleitoral. Que nossas eleições sejam, mais que um exemplo de tecnologia para o mundo, também um momento pleno de cidadania.
Autor: Vera Edwards


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