A impetuosa relação: pobreza e eleição



Autores: Marçal Rogério Rizzo e Leandro Magioni Berti

Quando pensamos em eleições no Brasil, logo nos vêm à cabeça, várias coisas. Dentre elas, destacamos a compra de votos. Parte dos candidatos e seus fiéis “escudeiros” buscam as alternativas mais fáceis e viáveis para a conquista e garantia dos votos. Cabe advertir que grande parcela da população brasileira é pobre e isso facilita a compra de votos.

Os valores pelos quais os votos são vendidos chegam a ser irrisórios. O voto é trocado por uma camiseta, por um boné ou mesmo por alguns pedaços de carne assada e copos cerveja. Essa prática é antiga e põe em cheque a democracia, já que as chances de obter votos são maiores para aqueles que possuem melhor condição financeira.

Segundo o marqueteiro eleitoral Carlos Roberto Oliveira, que é citado em um artigo de José Nêumanne, publicado na revista Primeira Leitura do mês de maio de 2006, a “eleição no Brasil, principalmente nas regiões pobres como o Nordeste, não é exercício de democracia, mas mecanismo de distribuição de renda”.

Cabe lembrar que a culpa não é da população pobre por aceitar um “prato de comida” em troca de seu voto. Nêumanne, no mesmo artigo, lembra que: “Se a eleição é um dos raríssimos momentos em que o pobre brasileiro encontra alguma forma de reduzir, ainda que seja só um pouquinho, sua miséria, por que não o faria?”. Os verdadeiros culpados de tudo isso são os próprios políticos, que, além de comprar o voto (com dinheiro público proveniente de esquemas de corrupção), mantêm esse estado de miséria para continuarem tendo pobres que vendam o voto. É dessa forma que se perpetuam no poder por décadas e, às vezes, de geração para geração.

Ainda Nêumanne refere-se ao governo dizendo que há uma tentativa de se esconder atrás de migalhas oferecidas para parte da população mais carente, enquanto grandes quantias de dinheiro são desviadas de cofres públicos. Vale apontar que o Poder Executivo não governa sozinho. O Poder Legislativo deveria estar junto nessa empreitada exercendo suas funções que, em síntese, é fiscalizar e legislar. Mas, cadê os deputados e senadores? Certamente a maioria deles está fazendo qualquer coisa, menos o que é sua função.

A corrupção entre os políticos brasileiros tem passado dos limites e, pela falta de candidatos honestos, a população fica sem esperança e acaba optando pelo candidato que lhe comprar o voto. O povo esquece que vai eleger mais um “corrupto” que cobrará caro por esse voto que foi comprado.

O político que chega ao poder comprando votos, irá recuperar o capital gasto para se eleger e, ainda, vai querer fazer um caixa extra para a próxima eleição. Um dado importante que merece destaque é a informação que foi revelada no artigo intitulado Pela integridade e contra a corrupção cujos autores são Ricardo Young e Carlos Eduardo Lins da Silva, publicado no jornal Folha de São Paulo do dia 22 de junho de 2006, onde é destacado o relatório da Controladoria Geral da União revelando que, em pelo menos 70% dos municípios brasileiros, há casos comprovados de corrupção. Agora, terminaremos este artigo com uma indagação: Por que nossa carga tributária é tão alta e os serviços públicos são tão ruins? Pensem e tirem suas próprias conclusões!


Marçal Rogério Rizzo: Economista, professor universitário, especialista em Economia do Trabalho pela Unicamp, especialista em Gerenciamento de Micro e Pequenas Empresas pela Universidade Federal de Lavras, mestre em Desenvolvimento Econômico pelo Instituto de Economia da Unicamp e doutorando em Dinâmica e Meio Ambiente pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP de Presidente Prudente - SP).

Leandro Magioni Berti: Acadêmico do 2º. Semestre do Curso de Sistemas de Informação do Centro Universitário Toledo – UniToledo.

Observação: Artigo publicado inicialmente no Jornal de Birigüi (SP) na edição no. 00654 – Ano IV do dia de 26 de setembro de 2006.
Autor: Marçal Rogério Rizzo


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