Vamos pensar ambientalmente



O agronegócio tem sido motivo de muita discussão no Brasil. Agora, nesse momento de eleição, estamos vendo isso a todo o momento. Há candidatos que afirmam que, se eleitos, trabalharão para garantir o sucesso do agronegócio.

Lembro ainda que o tema é polêmico em razão de haver momentos que os olhos de todos se enchem com as cifras que o mesmo produz, e há momentos que a crise toma conta do agronegócio. Diante disso, inicia-se a corrida para o “muro das lamentações”. Vimos, há pouco tempo, passeatas de tratores, obstrução de ruas, rodovias, bancos e outras ações reivindicatórias. Garanto aqui que os agricultores estão corretos em reivindicarem o que lhes é de direito para produzir, obterem seus lucros e seu sustento.

Este artigo não tem por objetivo tratar do agronegócio propriamente dito, mas tem, sim, o caráter informativo e reflexivo sobre as transformações ambientais que o mundo vem e que, em parte, estão ligadas diretamente às atuações exploratória e gananciosa do homem. Hoje, não podemos mais prever como estará o clima em um curto espaço de tempo. Os meteorologistas e climatologistas estão assustados diante de tantas mudanças. Não existe mais as quatro estações bem definidas. Hoje pode estar frio e amanhã um calor insuportável. O mês de janeiro pode não ter chuva e, em abril, ter um “dilúvio”.

É, minha gente, como dizia um amigo meu: “Se nada for feito, a coisa vai ficar feia!”. Em pleno século 21, existem pessoas que acreditam no cenário que vem sendo desenhado, onde teremos graves problemas ambientais, desde terríveis secas ate furacões. Essas pessoas enxergam a floresta, a mata, a várzea, o brejo entre outros espaços ambientais, como um problema. Para eles, bonito é ver a terra limpa, pronta para o plantio. Pensam que a única vocação econômica para a região é plantar soja, cana ou criar gado.

As matas que ali estão são obstáculos e, no momento que aparece a primeira “seca”, ateiam fogo e, em um curto espaço de tempo, essa área estará produzindo “riquezas” econômicas. Nunca pensaram em diversificar a sua produção? Já ouviram falar do manejo sustentável? E do plantio direto? E a rotação de cultura? E por aí vai....

Agora, quem pensa e age diferente não é respeitado e é tido como maluco. Mas que maluquice há em pensar ambientalmente correto? Volto a dizer é necessário criarmos uma corrente amiga da natureza e discutirmos o que queremos para o futuro da região. O debate deve ser amplo e, desde já, lembro que se cada um fizer a sua parte, todos poderão colher frutos melhores no futuro. Para encerrar, digo que eu não quero ficar vendo a monocultura exportadora tomando conta da região e do país ampliando as desigualdades sociais!

Marçal Rogério Rizzo: Economista, professor universitário, especialista em Economia do Trabalho pela Unicamp, especialista em Gerenciamento de Micro e Pequenas Empresas pela Universidade Federal de Lavras, mestre em Desenvolvimento Econômico pelo Instituto de Economia da Unicamp e doutorando em Dinâmica e Meio Ambiente pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP de Presidente Prudente - SP).

Observação: Artigo publicado inicialmente no jornal Folha da Região de Araçatuba (SP) na edição no. 10.706 – Ano 35 do dia de 29 de setembro de 2006 – página A-2.
Autor: Marçal Rogério Rizzo


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