Riscos ou Incertezas



Etimologia
Procuro sempre quando leio, estudo ou escrevo, ter o dicionário apoiando o processo de aprendizagem, posto que inúmeras são as transgressões aos conceitos léxicos do que o pretendido por alguns autores.

Outrossim, ocorre o entendimento por falsa sinonímia, enfim, equívocos que levam-nos a interpretações errôneas prejudicando o entendimento ou a comunicação.

Abaixo, na acepção do dicionário Houaiss vêem-se os conceitos dos termos que nos interessam caracterizar neste artigo:
• Risco: fr. risque (sec. XVI) 'perigo, inconveniente mais ou menos previsível', ‘probabilidade de insucesso, de malogro de determinada coisa, em função de acontecimento eventual, incerto, cuja ocorrência não depende exclusivamente da vontade dos interessados’.

• Incerteza: ‘falta de certeza; dúvida, hesitação, indecisão, imprecisão, ambigüidade’, ‘difícil de entender, de precisar; que tem (ou pode ter) diferentes interpretações; ambíguo, vago, dúbio, obscuro’.

Enquanto termos tecnicos, são conceituados como:
• Risco: “estado do conhecimento no qual cada alternativa leva a um conjunto de resultados, sendo a probalidade de ocorrência de cada resultado conhecida do tomador de decisão”. (Boucinhas)

• Incerteza: “estado do conhecimento no qual cada alternativa leva a um conjunto de resultados, sendo a probalidade de ocorrência de cada resultado não é conhecida do tomador de decisão”. (Boucinhas)

Natureza das variáveis
Riscos e incertezas traduzem-se, no passado, em alegrias ou decepções por acertos ou erros nas decisões tomadas; no presente, são fatos que refletem lucros ou perdas e, no futuro, são preocupações do planejador, do tomador de decisões na análise da presença dessas variáveis.

Tememos dois exemplos para caracterizar os conceitos:
1. Pular de um barrando ou saltar um obstáculo: nessa situação, nosso cérebro avalia várias condições –força muscular, resistência da estrutura óssea, peso, preparo físico, altura ou distância do obstáculo e daí, nos lançamos ou não. Sabemos do risco de saltarmos dois metros ou de saltamos de um prédio de dez andares. Calculamos o risco e assumimos as conseqüências resultantes da ação, sabemos da probabilidade de sucesso do evento e criamos um plano alternativo ou assimilamos o prejuízo, que também é calculado.

2. Encontramo-nos no meio de um tiroteio, um assalto ao banco onde estamos, por exemplo: não temos controle algum sobre a situação extremamente caótica. Qual a probabilidade de sermos atingido? Se atingido, qual a chance de sobrevivência? Então, ficamos deitados ou escondidos, nos abrigamos e descartamos medidas ousadas como correr ou enfrentar! A imprevisibilidade da situação não permite a criação de “planos B” nem calcularmos ou prevermos as chances de ocorrências. Aceitamos a incerteza como um evento não controlável, um “acidente de percurso” e nos sujeitamos ou não. Deixaremos de entrar num banco ou andar na rua?

A terminologia técnica impede o uso inapropriado de termos com significados ambíguos, que dão margem à interpretações ou atitudes errôneas e desastrosas. Num diálogo descomprometido aceita-se abusos no vernáculo, mas em assuntos técnicos é imprescindível esmero na utilização correta de vocábulos, posto que encerram conceitos específicos.
Gerenciamento de Risco

O PMI (Project Management Institute) – associação mundial de gestores de projetos - coloca entre as nove áreas do corpo do conhecimento de projetos, o gerenciamento de Riscos como de vital importância no sucesso destes.

O planejador – o tomador de decisões – deve avaliar os riscos nas atividades componentes, saber das probabilidades de ocorrência de riscos, criar planos alternativos, medidas neutralizantes, principalmente quanto aos fatores críticos de sucesso (FCS) – pressupostos de situações tidas como certas de existirem / ocorrerem para que as medidas ensejadas se viabilizem ou nas atividades que estão no caminho crítico (sem folgas) e portanto impedidas de sofrerem atrasos. Essa antevisão esperada do planejador não se dá por adivinhações (predição1) e sim por previsões(2) fundamentadas em séries históricas, por lições aprendidas ou projeções(3).

Gerenciamento de Incertezas?
É factível? Na análise das variáveis de mercado (SWOT) os analistas financeiros e econômicos encontram fórmulas de cálculo para criação de indicadores do “risco país” (ou “incerteza país”!), movimentos de bolsas de valores e outros situações que classificamos de “especulativas”. É exeqüível calcular a tendência em épocas de mudança política no governo? Alguém poderia prever que o presidente Collor provocaria um “choque” na economia? E quanto à cenários de regiões com “risco” (incerteza!) eminente de guerra? Ou sujeita às incertezas climáticas? Porém, as ameaças (incertezas) no mercado e no ambiente não cessarão, ainda mais em tempos de mudanças aceleradas como nesta era do conhecimento, visto que as mesmas não estão sob controle de ninguém nem tampouco conhecem-se os fatores de probabilidade, portanto há que se precaver da melhor forma possível.

Tanto os riscos quantos as incertezas merecem tratamento preventivo dos empreendedores, porém de formas diferenciadas, pois uma linha muito tênue os separa. Se não houver planejamento o caos estará instalado e o resultado do impacto está na capacidade de absorção da organização, e se criadas as devidas defesas, as turbulências serão amenizadas.

Glossário
1 Predição: situação em que o futuro tende a ser diferente do passado, mas a empresa não tem nenhum controle sobre o seu processo e desenvolvimento.
2 Previsão: esforço para verificar quais serão os eventos que poderão ocorrer ou registrar uma série de probabilidades.
3 Projeção: situação em que o futuro tende a ser igual ao passado.

XMMVI
Autor: Wagner Herrera


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