Educação de verdade



Autores: Marçal Rogério Rizzo e Patrícia Aparecida Trevisan

Em período de eleições, o debate sobre vários temas vem à tona. Um destes temas é a educação pública e isso ocorre em razão da sua relevância e importância para a construção de uma nação.

A população brasileira deveria impor aos políticos uma crescente atenção em relação ao sistema de ensino público que, ultimamente, tem perdido a qualidade. Hoje, convivemos com alunos que “terminam” o Ensino Médio sem ter “apreendido” o conhecimento necessário. As políticas governamentais em relação à educação têm sido catastróficas e, em breve, a sociedade estará convivendo com os danos de uma política eleitoreira, mal sucedida e irresponsável.

Sobre as políticas educacionais, há muita coisa escrita e publicada por especialistas da área. Recorremos ao artigo de Denílson Botelho (historiador e professor universitário), intitulado de “Escola pública: Crônica da falência premeditada”, que encontramos na internet. Ao falar de educação pública no Brasil, é comum ligar a imagem do ensino público a algo que esteja falido, ultrapassado, pois esse sistema tem produzido analfabetos funcionais, isso em razão da “proibição” da reprovação de alunos da rede pública. Constata-se que parte dos políticos e dirigentes da área do ensino defendem a posição equivocada que, se “empurrar” o aluno, haverá maior eficiência na rede pública de ensino.

Ricardo Viveiros elaborou o artigo “Faz contas ou faz-de-conta?” que afirma que há casos onde o aluno do Ensino Fundamental é aprovado sem ao menos saber ler e escrever, e, sendo aprovado com um rendimento insatisfatório, deixa os “políticos” orgulhosos, comemorando o fato de que 93% dos jovens entre sete e quatorze anos estão matriculados na escola. É o que recentemente divulgou o MEC. O autor diz que há uma educação de faz-de-conta, onde os professores fingem ensinar, alunos aparentam aprender e as autoridades simulam priorizar a educação.

O que se constata, ao longo da pesquisa realizada sobre a educação, é que a situação não é satisfatória. Há uma decrescente qualidade de ensino público e o país precisa mudar. Até os salários dos responsáveis pela formação dos alunos têm sofrido perdas imensuráveis. Sabe-se que, em todos os níveis e graus da educação, a profissão de professor não tem sido valorizada adequadamente e têm ocorrido reflexos negativos no processo de ensino/aprendizagem por conta desse descaso.

Paulo Renato Souza (ex-ministro da Educação) escreveu um artigo no Jornal Folha de São Paulo onde afirma que o Estado sozinho não é capaz de resolver esse grave problema num curto período de tempo. Hoje, o poder público tem dificuldades para promover melhorias de qualidade nos serviços sociais, surgindo, assim, a preocupação das empresas privadas. Porém devemos lembrar que o Estado é capaz de cobrar muito impostos, é capaz de promover a criação de milhares de cargos de confiança para seus bajuladores políticos, mas infelizmente fazer o que é a sua função, ou seja, dar uma educação pública, gratuita e de qualidade.

Esse é mais um ano eleitoral em que muitas promessas são feitas e a esperança e a confiança vão depositadas em candidatos. Esperamos que a população tenha consciência de que somos os patrões desses políticos e que depois de eleitos, sejam cobrados de suas respectivas obrigações.

Para encerrar, recorremos a uma frase de Ricardo Viveiros: “É hora de o governo parar de fingir que faz e, todos nós, de fingir que acreditamos”.



Marçal Rogério Rizzo: Economista, professor universitário, especialista em Economia do Trabalho pela Unicamp, especialista em Gerenciamento de Micro e Pequenas Empresas pela Universidade Federal de Lavras, mestre em Desenvolvimento Econômico pelo Instituto de Economia da Unicamp e doutorando em Dinâmica e Meio Ambiente pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP de Presidente Prudente - SP).


Patrícia Aparecida Trevisan: Acadêmica do 2º. Semestre do Curso de Ciências Contábeis do Centro Universitário Toledo – UniToledo.

Observação: Artigo publicado inicialmente no jornal Folha D’Oeste de Jales (SP) na edição no. 4.051 do dia de 07 de outubro de 2006.
Autor: Marçal Rogério Rizzo


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