A ONU E O DESENVOLVIMENTO HUMANO



A ONU E O DESENVOLVIMENTO HUMANO


A organização das Nações Unidas divulga, a cada ano, o relatório de avaliação do Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento – PNDU –Entoaram alvíssaras Brasil afora, louvando os progressos feitos por nosso País, refletidos nos índices apresentados no relatório. Acho justo, muito justo mesmo, darmos vazão a esse júbilo, em face das indicações de que estamos progredindo. Faz bem ao ego coletivo dos brasileiros vermos que as organizações internacionais identificam o Brasil como um país em progresso e que seu povo vai, pouco a pouco, dele se beneficiando. Temos que nos orgulhar! O Brasil de hoje é sem dúvida, melhor do que o Brasil de ontem. E agora, o que fazemos com os dados recolhidos e o orgulho inchado! Precisamos olhar a realidade com os olhos de brasileiros cientes de nossas realizações, mas críticos diante de nossas deficiências. Assim é que o relatório do PNDU nos diz que ainda estamos longe de um Canadá, o primeiro da lista de desenvolvimento humano, ou até mesmo de alguns países latino-americanos, cuja classificação é nitidamente superior à nossa.
Comparar grandezas absolutas de qualidade de vida é algo relativamente simples. Quantificar-se uma pessoa que tenha os anos de escolaridade suficientes para as exigências de qualificação de mercado atual pode ser mensurado com alguma facilidade.Difícil é medir o grau de adequação das políticas públicas necessárias e suficientes para elevar o IDH de um povo.E mais difícil, ainda, é colocá-las em funcionamento.Esse é o grande desafio do Brasil e dos países de grande populações e extensos territórios como os nossos. Nações como o Canadá ou os EUA, que lançaram as bases de seu atual estágio de desenvolvimento desde o século XIX, se não antes, colhem os frutos de trabalho contínuo, dentro de condições mais favoráveis ao desenvolvimento individualizado das nações. Hoje, qualquer leigo sabe disso, a dependência das nações pobres e em processo de desenvolvimento das ações e reações da economia mundial, faz com que o esforço a ser despendido para galgar novas posições seja muito mais custoso e sujeito a bruscas quedas.
O relatório que a ONU publica é, sem sombra de dúvidas, um elogio ao esforço que os brasileiros vem fazendo para elevar o nosso País. A escolaridade média de 5 anos é muito pouco se comparado com os 12 anos dos países desenvolvidos ou, até mesmo, com os 8 anos de alguns vizinhos sul-americanos É também um alerta para as enormes disparidades regionais que ainda temos que vencer, e o grande fosso que existe separando os países mais desenvolvidos do mundo dos demais. Temos, também, estados como o Piauí, Alagoas, Maranhão e Tocantins, onde miséria, ignorância e mortalidade precoce fazem desses estados símbolos de nosso atraso e alertas permanentes para nossa consciência social. Na verdade, desequilíbrios e injustiças sociais existem em todos os países.
O Brasil tem, nos últimos anos, tentado dar a seu processo de desenvolvimento uma face mais humana, onde não só fatores econômicos sejam priorizados, mas também, sobretudo, fatores humanos sejam valorizados. Esse redirecionamento de prioridades refletiu-se na mudança do índice de desenvolvimento humano no Brasil nas ultimas décadas.Estou convencido que é chegada a hora de aproveitarmos a estabilização econômica para acelerar o desenvolvimento do País, Acabou-se o tempo em que elevar a renda per capita ´por meio de concentração de renda permitia enganar o mundo, mesmo que a imensa maioria da população continuasse na miséria.Acabou-se o tempo em que o poder concentrado nas mãos de uns poucos, assegurava a estabilidade política pelo paternalismo e pela força do dinheiro.
Estamos no inicio de um novo milênio e que pode nos levar ao grupo de países desenvolvidos e, para isso, devemos trabalhar solidariamente dentro do Brasil para que todos possam desfrutar dos benefícios que vieram se acumulando. Paralelamente, a globalização nos obriga, e isso é bom, a sermos solidários com as demais nações. Ou vamos todos juntos para frente ou corremos o risco de retroceder. O desenvolvimento humano do Brasil é condição incontornável para seu progresso. Devemos educar e dar saúde a nossos compatriotas para que isso se traduza em aumento de renda e poupança interna, verdadeiro sustentáculo de um desenvolvimento nacional sustentado.
Autor: João da Rocha Ribeiro Dias


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