Poder E Indução Da Midiática



Que o poder da mídia não tem medidas! Isso muito gente sabe. Porém, conhecer os mecanismos que ela utiliza para alcançar, facilmente o que propõe – atingir ao público alvo – isso, já é mais difícil. Por ser um meio de comunicação de massa e ter um enorme alcance, a televisão chega tanto ao cidadão mais rico, morador do bairro mais nobre de uma grande cidade, ao mesmo tempo em que chega também ao humilde morador da favela. Neste momento ocorre uma igualdade de condições, isto é, todos se tornam telespectadores.

Justamente nesta hora em que todos se tornam iguais perante a televisão, que a propagação de idéias, valores, princípios e ideologias torna-se mais evidente. Entretanto, estes conceitos não são veiculados ao telespectador de maneira direta. Estas mensagens são camufladas, além de serem direcionadas ao inconsciente do espectador, caracterizando um tipo de mensagem denominada "mensagem subliminar".

É o que confirma o site www.virtualbairro.com.br, que explica o significado da subliminaridade.

A mensagem subliminar é dotada de uma arte a mais. A arte da persuasão inconsciente. Ela trabalha com o subconsciente das pessoas. Dá-se o nome de mensagem ou propaganda subliminar toda aquela mensagem que é transmitida em um baixo nível de percepção, tanto auditiva quanto visual. Embora não possamos identificar esta absorção da informação, o nosso subconsciente capta e ela é assimilada sem nenhuma barreira consciente, e aceitamos-a como se tivéssemos sido hipnotizados.

Assim como muda o comportamento das pessoas, a mídia, no caso a televisão, interfere diretamente naquilo que será vestido por alguém. Seja por um status, ou até mesmo por gosto pessoal, contanto que esteja sendo usado pela grande maioria. Este vestuário – que a grande maioria veste - está visível a todos na novela das seis, das sete, das oito, das vários canais de TV, nas minisséries, na capa da revista, etc.

Mas engana-se quem pensa que a mídia cria a moda. Não mesmo! Ela simplesmente populariza, reproduz, divulga e induz as pessoas a usarem aquilo que foi criado por alguém: "os estilistas". Cabe a esses profissionais decidirem o que por no mercado fashion, o que será levado ao público que se pretende atingir. E cabe a televisão influenciar as pessoas, alguns mais outros menos, a desejar, a consumir, etc, algo que foi criado para ser a moda da vez.

Para difundir esta moda, a mídia utiliza-se de suas técnicas de indução inconsciente, sendo a principal delas a utilização dos "modelos indutivos". Os modelos indutivos são os atores, cantores, enfim, pessoas famosas ou que possua um biotipo de acordo com o padrão estabelecido como beleza e é levado à mídia mesmo sem talento algum... porém esta é outra questão. E, o fato do indivíduo possuir uma grande tendência à imitação, em especial daqueles que estão em maior evidência, não é necessário uma grande argumentação, para fazê-lo usar aquilo que foi imposto como a "moda da vez". E quando cito a teoria da imitação não estou falando de uma idéia nova não. O filósofo Aristóteles, já entendia muito bem essa importante característica humana, da qual a mídia se apoderou.

"O imitar é congênito no homem (e nisso difere dos outros viventes, pois, de todos, ele é o mais imitador e, por imitação, aprende as primeiras noções) e os homens se comprazem no imitado. As imitações 'diferem, porém, umas das outras, por três aspectos: ou porque imitam por meios diversos, ou porque imitam objetos diversos ou porque imitam por modos diversos e não da mesma maneira" (Aristóteles, Poética, 1448ª-VI, apud. Teorias da Comunicação, 2001, p. 74).

Muitos estudos têm demonstrado a capacidade que a TV tem em transmitir informações e moldar atitudes sociais, bem como é uma das principais influências na questão comportamental e cultural. A influência que ela despeja sob as pessoas recebe ajuda por ser um aparelho que ocupa tantas horas da vida cotidiana das mesmas, diferentes das revistas e outros meios de comunicação que se utilizam imagens. Além de atingirem um público bem maior.

A televisão conquista as pessoas através de vias emocionais ou racionais. A hegemonia de um ou outros dos fatores que influenciam nas decisões e comportamentos os raciocínios e as emoções, correspondem das grandes vias de comunicação persuasiva, a racional e a emotiva, que se caracterizam, por sua vez, pelo uso preferencial de um dos dois tipos de pensamento, o primário e o secundário, o lógico e o associativo.A via racional pretende convencer, oferecer razões ou argumentos que levem o persuadido a assumir o ponto de vista do persuasor. A via emotiva, em troca, pretende seduzir, atrair o receptor pelo fascínio.

Em todos os casos, a imagem se conecta com estas forças motoras que são emoções, os desejos e os temores, as paixões, e oferece, explicitamente ou implicitamente, uma saída para a tensão que geram, uma proposta de solução do conflito. Para alguns é simplesmente o espelho em que o espectador vê refletido e ativado os desejos, seus temores e necessidades. Mas voltando a questão dos modelos indutivos, digo que é correto afirmar que a capacidade socializadora dos modelos televisivos se vê potencializada pelo fato de que se costumam adequar a todos aqueles parâmetros que a psicologia social exige para a eficácia dos processos de modelagem, ou seja, na moderna psicologia social se tende a propor uma concepção dos processos de influência social sustentada por mecanismos de identificação. Diversos estudos comprovam que quando os indivíduos pensam que são parecidos com os modelos, estas influências tornam-se maior do que quando acreditam que são diferentes, evice-versa.

Sabendo o quanto às pessoas se deixam levar por aqueles que admiram – na maioria das vezes aquelas pessoas que se encontram em maior evidência - a TV utiliza-se então destes modelos para mostrar, impor, ou ensinar ao mundo o que deve ser usado, ou seja, aquilo que foi criado para ser a moda da vez. Essa pode ser considerada uma das principais técnicas de indução usada pela mídia.

A necessidade de imitação vem da necessidade de similaridade que ao mesmo tempo se choca com a vontade de possuir superioridade. Ou seja, quem segue a moda quer estar de acordo com o que é mostrado como o "bom", usado pelo "bom", então definitivamente é "bom". Enquanto outros utilizam estes artigos, para mostrar que podem usufruir a moda porque são melhores, diferenciando-se daqueles que não tem como se manter nesse padrão. Com isso, cresce cada vez mais o mercado da moda, que trabalha criando novidades. Além disso, é evidente que, ao imitar algo o resultado dos mesmos seja diferente, cria-se, neste momento, os estilos.

As relações e expressões emocionais dos modelos provocam reações e excitações emocionais em seus observadores. No âmbito da aprendizagem por modelagem simbólica, a televisão adquire hoje uma relevância social sem comparação com nenhum outro meio de comunicação ao longo da história".(Joan Ferré, 1998 p. 59)

Informamos que a influência da mídia se dá devido ao fato das pessoas serem suscetíveis aos modelos de indução, ou seja, no caso da moda, na tentativa de serem iguais ou semelhantes aos modelos, as pessoas passam a consumir tudo o que é mostrado junto a eles. Inúmeros estudos mostram que as pessoas deixam-se influenciar facilmente pela televisão. Isso porque querem ser como as atrizes de televisão, usar o que elas usam. Percebe-se também que isto é cultural, vindo desde antigamente. Além de seu comportamento em seu ciclo de convivência, a presença do indivíduo é notada e anotada em círculos sociais pela maneira como ele se veste. Isso pode ser percebido no instante que as reviravoltas da moda, ao que diz respeito ao vestuário, aparecem sustentadas pelas estratégias de distinção e de rivalidade nas diferentes classes que acompanham os movimentos de elevação e de enobrecimento da burguesia.

Os indivíduos influenciados redefinem sua identidade social auto-atribuíndo-se as características estereotipada associadas ao grupo de que pertença da fonte de influência. Daí se despende o esforço dos emissores para dar a impressão de que se identificam totalmente com os receptores". (Ferré, 1998, p. 58)

O INÍCIO

Para entendermos o hoje, devemos buscar respostas no passado. Quando falamos da questão cultural envolvendo o vestimento, é importante que retornemos a história da moda. A moda é o reflexo das mudanças sociais ocorridas em cada época, tanto que depois da revolução a moda deu uma grande explosão, isso porque as idéias mudaram, depois da revolução francesa, o "mundo" mudou, inclusive a moda.

A Moda do século XX é bastante citada nos livros de moda porque as mudanças foram radicais e aconteceram por décadas, não mais por séculos.

A fase inaugural da moda deu-se na Europa Ocidental da metade do século XIV à metade do século XIX, onde o ritmo precipitado da vaidade e o reino das fantasias instalaram-se de maneira ordenada e durável. Nesta época, também as classes nobres proibiam as classes plebéias de copiar os tecidos, acessórios as formas do vestuário e até os tipos de tecidos diferentes.

O vestuário dos nobres, portanto, no século X, parecem mais panos jogados sobre o corpo, e tem o caimento reto. À medida que o tempo passava os vestidos começam a evoluir. Não há muito que se falar sobre a moda até o século XV, pois as mudanças não são tão radicais, e a moda teve muita influência da igreja e os costumes da época. A luxúria dos reis e rainhas é bastante notada nos vestidos da época.

Nos séculos XV, a moda em boa parte da Europa era muito voltada a nobreza. Em 1486, em Portugal, D. João II proíbe o uso de sedas, veludos, chaparias, bordadas e canutilhos. Esta proibição, extensiva a todas as classes sociais, apenas permitia o uso de seda nas sainhas, cintas e bordados nos vestidos. O conceito de moda apareceu no final do século XV e principio do renascimento, na corte de Borgonha (atual parte da França), com o desenvolvimento das cidades e organizações da vida nas cortes, enriquecida pelo comércio, os burgueses passaram a copiar as roupas dos nobres. Ao tentar variar suas roupas para se diferenciar dos burgueses, os nobres inventavam algo novo e assim por diante.

Mas falando em décadas, podemos citar os anos 60 como sendo um dos grandes momentos para a moda. Isso porque, ele chegou com uma explosão para a juventude da época em todos os aspectos. Era a vez dos jovens, que influenciados pelas idéias de liberdade "On the Road" (titulo do livro do beatnik Jack Keurouse, de 1957) da chamada "Geração beat", começava a se opor a sociedade de consumo vigente. O movimento, que nos 50 vivia recluso em bares nos EUA, passou a caminhar pelas ruas nos anos 60 e influenciar novas mudanças de comportamento jovem, como a contracultura e o pacifismo do final da década. Nesse cenário, a transformação da moda passaria ser radical.

Era o fim da moda única, que passou a ter várias propostas e a forma de se vestir se tornava cada vez mais ligada ao comportamento.

Conscientes desse novo mercado consumidor e de sua voracidade, as empresas criaram produtos específicos para os jovens, que, pela primeira vez, tiveram sua própria moda, não mais derivada dos mais velhos. Aliás, a moda era não seguir a moda, o que representava claramente um sinal de liberdade, o grande desejo de juventude da época. Algumas personalidades de características diferentes, como as atrizes Jean Seberg, Natalie Wood, Audrey Hepburn, Anouk Aimée, modelos como Twiggy, Jean Shrimpton, Veruschka ou cantoras como Joan Baez, Marianne Faithfull e Françoise Hardy, acentuaram ainda mais os efeitos de uma nova atitude.

No Brasil, a Jovem Guarda fazia sucesso na televisão e ditava moda. Wanderléa de minissaia, Roberto Carlos, de roupas coloridas e como na música, usava botinha sem meia e cabelo na testa (como os Beatles). A palavra de ordem era "quero que vá tudo pro inferno".

No final dos anos 60, de Londres, o reduto jovem mundial se transferiu para São Francisco (EUA), região portuária que recebia pessoas de todas as partes do mundo e também por isso, berço do movimento hippie, que pregava a paz e o amor, através do poder da flor (flower power), do negro (black power), do gay (gay power) e da liberdade da mulher (women's llib). Manifestações e palavras de ordem mobilizaram jovens em diversas partes do mundo.

A esse conjunto que surgiram em diversos países, deu-se o nome de contracultura. Uma busca por um outro tipo de vida, underground, à margem do sistema oficial. Faziam parte desse novo comportamento, cabelos longos, roupas coloridas, misticismo oriental, música e drogas.

No Brasil, o grupo "Os Mutantes", formado por Rita Lee e os irmãos Arnaldo e Sérgio Batista, seguiam o caminho da contracultura e afastavam-se da ostentação do vestuário da jovem guarda, em busca de uma viagem psicodélica.

A moda passou a ser a moda antes reservada às classes operárias e camponesas, como os jeans americanos, o básico da moda de rua. Nas boutiques chiques, a moda étnica estava presente nos casacos afegãos, colares indianos, túnicas floridas e uma série de acessórios da nova moda, tudo kitsch, retrô e pop.

Toda a rebeldia dos anos 60 culminou em 1968.O movimento estudantil explodiu e tomou conta das ruas em diversas partes do mundo e contestava a sociedade, seus sistemas de ensino e a cultura em diversos aspectos, como a sexualidade, os costumes, a moral e a estética. No Brasil, lutava-se contra a ditadura militar, contra a reforma educacional, o que iria mais tarde resultar no fechamento do Congresso e na decretação do Ato Institucional nº 5.

Coroados com a chegada do homem a lua, no mês de julho de 1969, os anos 60 chegaram ao fim. Porém o evento que mais afetou ao público jovem ocorreu um mês depois. Foi o grande show de rock, o "Woodstock Music & Art Fair", que reuniu cerca de 500 mil pessoas em três dias de amor, música, sexo e drogas.

As últimas décadas vêem surgir os Yuppies, grunges – com kurt Cobain à frente, mauricinhos e patricinhas, começo da moda nos anos oitenta. Os noventa foramconsiderada a década da individualidade. De cada "tribo" e de cada estilo, a moda tira proveito de detalhes em algum breve momento. Tudo é rápido e passageiro no final do século.

Hoje, a moda é marcada pelas celebridades. Gisele Bündchen, Nicole Kidman, Britney Spears, David Beckhman, e qualquer pessoa que apareça na televisão acabam servindo como influência na sociedade. Conforme Glória Kalil em seu mais recente livro, Chic [érrimo] 2004: "Nesta década em que vivemos, todos querem ser celebridades, ter fama ou simplesmente ser igual a quem é famoso". E realmente é assim, pois tudo que aparece na mídia, tende a ser copiado, devido ao imenso desejo de ser igual.

Tecnológico e globalizado o mundo busca praticidade e se despe de regras diante de uma tendência que parece definitiva: estar na moda, enfim é viver a própria personalidade. O estilo de cada um é o que conta, sendo um fator decisivo na hora da escolha.

É fato comprovado... A cada tendência marcada pelo tempo, lá está um "modelo de indução". Hoje a TV se utiliza deles para chegar até as pessoas e esse é seu ponto forte.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

BARTHES, Roland. Sistema da moda. Universidade de São Paulo, 1979.

ELLIS, Albert. Teoria racional – emotiva. Ed. Best Seller. Ano 1993.

FERRÉ, Joahn. Televisão Subliminar – Socializando através da comunicação despercebida. Ed. ArtMed – Porto Alegre. Ano 1998.

KALILl, Gloria. Chick[érrimo] Moda e etiqueta em novo regime, ed. Editora F – QM edorores associados Ltda, 2004.

Site www.virtualbairro.com.br - O que é subliminar?

JAFRA, Revista Cosméticos. Periódico. Ano 2002.


Autor: Greice Pozzatto


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