VALE E PETROBRAS . UMA PRIVADA E OUTRA PÚBLICA
Duas grandes empresas disputam espaços no noticiário da imprensa nacional. A primeira que já foi controlada pelo governo Federal e a segunda que ainda continua estatal. A Vale foi privatizada no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, com a utilização de mais de U$ 3 bi, de recursos liberados por agentes de fomento do Governo, com maior participação do BNDES. Na época, a venda e a forma de alienação acarretaram uma série de protestos de seguimentos expressivos da sociedade. A alegação era a de que sem recursos próprios, uma minoria de pessoas ou empresas estava adquirindo o controle acionário de uma estatal com o maior patrimônio mineral do mundo e a preço vil. As preocupações se confirmaram e somente três anos foram suficientes para zerar tudo o seu passivo. Foi realmente um ótimo negócio e o patrimônio que era de U$ 3 bi, passou a ser avaliado em U$ 57 bilhões. Talvez, o melhor negócio de investidores com o governo nos últimos 20 anos. Hoje o seu controle acionário é composto de 41% de estrangeiros, 5,7% do governo, 34% da Valepar,que detém 51% das ações ordinárias e o percentual restante diluído nas negociações em Bolsa. No espelho do balanço do terceiro trimestre, a Vale acusa lucros acima de R$ 10 bilhões ou U$ 4.6 bilhões. Para uma receita de R$ 30 bilhões, o lucro líquido, no período passa de 25% . É remuneração excepcional de capital e em qualquer País com economia estável e inflação anual de 3%. Considerando-se uma remuneração sobre o valor patrimonial em dólar, o ganho real ainda fica próximo de 10% nos nove meses do ano. As nossas reservas internacionais de US$ 79 bilhões estão sendo remuneradas em pouco mais de 4% aa. Com a aquisição do controle acionário da INCO por U$ 18 bilhões e que tem faturamento anual de U$ 5 bilhões e lucros projetados de US$ 800 milhões, a Vale, se pagar juros anuais de 6% sobre o financiamento dos U$ 18 bilhões, passará a ter uma despesa financeira de U$ l, 080 bilhões anuais. Estou simplesmente ordenando dados colhidos no site da empresa e na imprensa. É sabido que os preços dos produtos da Cia. foram beneficiados com um reajuste acumulado de 100% de 2005 até esta data. Com a concorrência, será muito difícil manter os mesmos reajustes nos preços. Torcemos, sinceramente, para que o Brasil, responsável por 20% de suas vendas; a Ásia, por 34% e a China por 19% continuem aumentando o consumo da matéria prima essencial ao desenvolvimento de qualquer Nação. Torcemos também para que a INCO traga dividendos para a Vale aqui no País. Mas a Vale não pode relegar a segundo plano, investimentos em PPP como a norte/sul, projeto de integração nacional e também do seu interesse. Que as máguas dos brasileiros, no passado, transformem em alegrias nos novos investimentos no presente e no futuro. É uma compensação natural pelo imenso patrimônio que recebeu a custo próximo de zero.
Quanto a Petrobrás, orgulho dos brasileiros, desde a sua fundação, mesmo como estatal, está trilhando o caminho certo e preparado para nos dar a suficiência na produção de petróleo. Bilhões de dólares foram economizados nos últimos 10 anos com a drástica redução nas importações. A empresa teve também um lucro expressivo de mais de R$ 20 bilhões sobre uma receita líquida de R$ 118 bilhões. Considerando ainda o valor patrimonial de mercado, avaliado em R$ 200 bilhões, os lucros chegaram também a 10% sobre ele. Logo, Petrobrás e Vale, coincidentemente tiveram próximos os porcentuais de lucros sobre as receitas e sobre os patrimônios. O que se conclui é que a empresa seja ela pública ou privada, bem gerenciada, com pessoal altamente qualificado, com a parceria da tecnologia, com qualidade e competividade e rigoroso controle de custos, não tem porque dar errado. Os erros não são das empresas, são dos maus administradores. Fica caracterizado e evidenciado que a empresa pública não foi criada para dar prejuízo, mas lucros financeiros e principalmente, sociais, que não é a prioridade da Vale do Rio Doce.
Autor: João da Rocha Ribeiro Dias
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