Psicólogo do Esporte: Importante Aliado Diante dos Desafios



Assistimos, no período de um mês, a um grande evento esportivo mundial: A Copa do Mundo de 2006. “A maior copa de todos os tempos” contou também com episódios que não devem cair no esquecimento com o passar dos anos e a chegada da Copa de 2010. Necessitam, ao menos, de reflexão e planejamento para novas atitudes.
Ronaldo, Fenômeno está gordo ou está um pouco acima do peso? Uma verdadeira polêmica. Por mais que possamos pensar que “é tudo a mesma coisa”, existe aqui uma questão de sutileza, ou seja, o como se fala, algo que afeta psicologicamente a auto-estima humana. Com certeza você mediria suas palavras para falar a um (a) amiga (o) que ela (e) está vestindo uma roupa inadequada; muitas outras coisas você nem diria, por achar difícil de dizer.
Atualmente, tudo o que diz respeito à aparência física é muito valorizado, pois vivemos numa sociedade consumista, que visa o “esteticamente” correto. Uma pessoa que está na mídia tem que ter o equilíbrio psicológico adequado para saber ouvir críticas boas e más. Lógico que não gostamos de ouvir essas últimas, porém o que se deve fazer é refletir sobre o que foi dito, verificar se isso é relevante ou não para a sua vida e decidir se deve mudar ou não a atitude. Feito isso, jamais “ruminar” a crítica: ela já foi elaborada mentalmente e aproveitada ou não por você.
Uma frase que ouvi repetidas vezes durante os jogos e jornais no período da Copa foi “a maldição do melhor atingiu esse jogador”; seja ele melhor do mundo ou da sua própria seleção. Seria mesmo uma maldição? Será que ainda estamos nos primórdios da civilização, precisando explicar fatos que acontecem repetidas vezes através da superstição, como faziam nossos antepassados? Não, essa é apenas uma forma simplista de passar o fato de que alguns jogadores estão chegando sem preparo psicológico a grandes competições. Imagine você a quantidade de jogadores que gostariam de conquistar uma vaga na seleção brasileira. Apenas 23 são chamados. Esses já são os melhores. Mas ainda há os que se destacam, os que prometem, enfim... Toda essa pressão que a mídia exerce encima de determinados jogadores, explica a “maldição”, que fez, por exemplo, com que Ronaldinho Gaúcho não conseguisse monstrar durante a Copa o futebol que sabe jogar dentro de campo. A própria desclassificação brasileira pode ter sido um desequilíbrio psicológico de não saber lidar com o favoritismo.
E para fechar com chave de ouro, Zinedine Zidane e a cabeçada no peito de seu adversário. Será mesmo que o italiano ofendeu sua irmã? Se positivo, racionalmente, vale a pena partir para a agressão num momento em que um título mundial está em jogo? Aliás, como capitão de um time, Zizou deveria estar focado apenas nesse objetivo, se bem preparado psicologicamente para este momento, que, aliás, selava o término de sua brilhante carreira, que incluía a qualidade de ser bem-educado.
A Psicologia do Esporte iniciou suas pesquisas há aproximadamente um século, estudando inicialmente aspectos próximos à fisiologia. Ao longo dos anos outros temas como motivação, personalidade, agressão e violência, liderança, dinâmica de grupo, bem-estar psicológico, pensamentos e sentimentos de atletas e vários outros aspectos da prática esportiva e da atividade física foram sendo incorporados à lista de preocupações e necessidades de pesquisadores e profissionais. Na atualidade, diante do equilíbrio técnico alcançado por atletas e equipes de alto rendimento, os aspectos emocionais têm sido considerados como um importante diferencial nos momentos de grandes decisões.
Mas a Psicologia do Esporte não é feita apenas dos aspectos relacionados com a prática esportiva. Ela também é feita do estudo do fenômeno esportivo a partir do referencial da Psicologia Social (Rubio, 2001).
Por essa perspectiva o esporte é reconhecido como um conjunto complexo de elementos que envolve o atleta, protagonista do espetáculo; o espectador e a torcida, razão da realização do espetáculo; e os patrocinadores e as empresas empenhados com a manutenção de equipes e atletas, responsáveis diretos pela transformação do esporte em um dos principais negócios do planeta e pela superação do amadorismo, um dos elementos fundamentais do esporte moderno. Isso porque é possível afirmar que toda manifestação esportiva é socialmente estruturada, na medida em que o esporte revela em sua organização, no processo de ensino-aprendizagem e na sua prática, os valores subjacentes da sociedade na qual ele se manifesta.
Questões como o desenvolvimento da identidade do atleta, formas de manejo e controle de concentração e ansiedade, aspectos de liderança em equipes, estudadas e tratadas de maneira pontual e pragmática dentro da Psicologia do Esporte voltada para o rendimento, foram deslocadas de um contexto social maior que é o lugar e o momento que o atleta está vivendo. (Rubio, 2001)
Enfim, é preciso que se cuide da mente tanto quanto se cuida do físico para que seja atingido o bem-estar psíquico. Enquanto não se modificar esta conduta, através do trabalho de profissionais especializados, continuaremos a ver altas performances físicas e péssimos em detrimento das emocionais. E se assim for, para quê Fair Play?
Autor: Monica P. Nascimento


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