Ecoturismo – uma atividade que deve implementar o desenvolvimento sustentável



Autores: Marçal Rogério Rizzo e Celbo Antonio da Fonseca Rosas

Passear por trilhas, conhecer lugares naturais pitorescos, isso é praticar o ecoturismo. Mas o ecoturismo vai muito além. Vejamos um conceito resumido de ecoturismo: é uma atividade que abrange a dimensão do conhecimento da natureza, a experiência educacional interpretativa, a valorização das culturas tradicionais locais e a promoção do desenvolvimento sustentável.

Por desenvolvimento sustentável, a CMMAD (Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento) define que “é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas”.

De acordo com a EMBRATUR, o ecoturismo “é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural, cultural, incentiva a sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas”.

O crescente envolvimento da sociedade nas questões ambientais, pressionando governos e instituições para o estabelecimento de requisitos cada vez mais rígidos quanto ao impacto ambiental na implantação de empreendimentos, aliado a uma crescente busca do homem por uma relação mais íntima e freqüente com a natureza, aconselha a não restrição do conceito de ecoturismo, de forma a acompanhar a dinâmica deste segmento.

A atividade de ecoturismo passa, atualmente, por uma transição “produto turístico” para um “conceito de viagem”, sendo que os componentes da definição podem vir a ser integralmente absorvidos por outros segmentos ou atividades do turismo, que talvez hoje não sejam considerados ecoturismo, mas cuja evolução deve ser incentivada.

O ecoturismo, como as demais modalidades do turismo, tem a particularidade de gerar empregos, renda e, conseqüentemente, transformar socialmente e economicamente um município ou uma região. Um aspecto que temos que deixar bem claro, é que o ecoturismo deve estar voltado para o crescimento sustentado, sendo que seus atrativos turísticos estão diretamente e intimamente ligados à natureza, devendo ser preservados. Imaginem uma região que depende de um rio para o incremento da atividade turística. A partir do momento que esse rio for poluído, vai-se embora todos os turistas, todos os empreendimentos e por sua vez empregos, renda e a melhoria das condições de vida dessa população.

Por outro lado, como qualquer atividade turística, o ecoturismo também traz o seu lado negativo, pois com o aumento do número de pessoas em determinado local ou região, aumenta também os problemas relacionados à violência, ao trânsito, a infra-estrutura como falta de água, excesso de lixo, e principalmente ambiental, entre outros. A depredação da natureza ocorre mesmo com fiscais e monitores preparados. O ecoturismo é importante, mas se bem planejado.

É importante a integração da sociedade com o ecoturismo, principalmente a local, para haver uma maior integração do homem com a natureza, servindo também como educação ambiental para as crianças que participam de tal atividade. Para que tal ação se concretize, é necessário aos empresários locais e ao poder público, que se sensibilizem com uma atividade que está se inserindo no atual cenário econômico brasileiro.

A aplicação financeira possui um retorno garantido se houver um planejamento estratégico bem realizado, já que há um grande público para a prática do ecoturismo tanto por lazer, como para educação ambiental, voltado para um trabalho de desenvolvimento sustentável. Na região, essa prática ainda é pouco aproveitada, mas a crescente busca por tal atividade, num ramo de mercado promissor, transformará essa realidade brevemente, devido a grandeza de recursos naturais e culturais existentes em nossa região.

Marçal Rogério Rizzo: Economista, professor universitário, especialista em Economia do Trabalho pela Unicamp, especialista em Gerenciamento de Micro e Pequenas Empresas pela Universidade Federal de Lavras, mestre em Desenvolvimento Econômico pelo Instituto de Economia da Unicamp e doutorando em Dinâmica e Meio Ambiente pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP de Presidente Prudente - SP).

Celbo Antonio da Fonseca Rosas: Geógrafo, Professor Universitário, Coordenador do Curso de Turismo da FUNEC (Santa Fé do Sul), Mestre em Geografia pela UNESP e Doutorando em Geografia na Universidade Federal de Uberlândia - MG. (UFU).
Autor: Marçal Rogério Rizzo


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