COMO ERA FÁCIL SACAR RECURSOS DO TESOURO NACIONAL



ERA MUITO FÁCIL SACAR RECURSOS DO TESOURO


Houve um tempo, não muito distante, em que as decisões do Conselho Monetário Nacional eram tomadas por banqueiros e outros seguimentos empresariais; em que o Banco do Brasil era responsável pela emissão, aplicação e gerenciamento dos recursos do Tesouro; em que a Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC) deu origem ao Banco Central, que administrativa politicamente e sem critério, a emissão da moeda e a liberação de créditos favorecidos; em que muitos haveres de bancos oficiais são lançados na conta de créditos incobráveis, sem a preocupação de identificação de tomadores, sejam eles solventes ou insolventes; em que o Banco Central liquidava Bancos, congelando as contas passivas e deixava valorizando as contas do ativo; em que não se sabia e ainda não se sabe, quanto realmente foi o desembolso do tesouro para socorrer bancos, através do Proer; em que o sistema financeiro oficial, inclusive o Banco do Brasil, foi socorrido com bilhões de reais do Tesouro para endossar operações duvidosas de financiamentos; em que à desorganizada gestão dos recursos dos Institutos de Previdência Privada receberam bilhões de reais do Tesouro, como premio; em que os Diários Associados administravam as verbas de publicidade do IBC e de outros órgãos do Governo; em que as câmaras setoriais eram criadas para proteger os cartéis e os monopólios, em detrimento dos interesses da sociedade; em que Jânio Quadros, através de resolução da Sumoc, passou a adotar em nossa moeda a expressão “valor legal”, por falta de lastro em ouro ou outras reservas reais que garantissem as emissões; em que havia o monopólio dos postos de gasolina, do gás e outras atividades rentáveis; em que o governo aplicava recursos do erário na Bolsa de Valores, para garantir a rentabilidade dos investidores e especuladores; em que o dólar era valorizado para garantir melhores ganhos reais para os exportadores e para alimentar a incompetência de alguns empresários; em que os recursos do BNDES eram aplicados, com exclusividade, em empresas localizadas nas regiões sul e sudeste e servia também de UTI para o enriquecimento de maus empresários e caloteiros e distanciar ainda mais as igualdades regionais; em que o governo financiava com recursos do Tesouro as fusões de bancos e de empresas alimentícias; Em que somente a região sul e sudeste eram contemplados com financiamentos estatais para a aquisição de Bens de capital, para o desenvolvimento da agra indústria; em que os bancos privados, para liberarem empréstimos para pessoas físicas ou empresas privadas, exigiam, do correntista, saldo médio praticamente igual ao valor do empréstimo pleiteado; em que os nossos governantes levantavam financiamentos no Banco Mundial e não cumpriam a contra partida e pagavam juros e multas de milhões de dólares sobre os recursos disponíveis e não utilizados; em que os bancos privados desviavam recursos da poupança e dos depósitos à vista para aplicação em seus próprios empreendimentos; em que milhões de reais de financiamentos agrícolas foram desviados com o chamado calote do “adubo” e do calcário; em que o Estado perdia ações judiciais por decurso de prazo e a revelia (consentido), envolvendo bilhões de reais em prejuízos para o tesouro; em que bilhões de reais foram sacados do tesouro para indenizações fraudulentas de terras adquiridas para a reforma agrária; em que as cias aéreas não sofriam nenhuma fiscalização do Governo; em que as agencias reguladores eram dirigidas por aquele que deviam ser fiscalizados; em que tentaram transformar o Tribunal de Contas da União em agente de pressão política partidária; em que o Banco Central emitiu “debêntures” para socorrer os jornais O Estado de São Paulo e o Jornal do Brasil; em que o Tesouro liberava recursos orçamentários para obras que nunca terminavam e não sofriam nenhuma fiscalização; em que tinha muito recurso, a fundo perdido, para ciclovias, mas faltava para saneamento básico; em que os governantes falam em trens bala, mas esquecem de metrôs e trens urbanos; em que governantes asfaltavam ruas e mais ruas, sem a prévia estrutura básica para os serviços de água e esgoto; em que os precatórios se transformaram em fonte de receita fácil para aqueles que burlavam as leis; em que o Tesouro Nacional avalizava financiamentos de empresas públicas e privadas, de Estados e Municípios sem análise prévia e criteriosa da capacidade de endividamento e que resultaram em prejuízos vultosos para a Nação; em que o Banco do Brasil tinha uma linha de. crédito para financiar exportação de serviços, enquanto que qualquer país do primeiro mundo só libera financiamentos, com credito privilegiado, para a venda de bens de capital, que gera emprego e renda; em que a maioria das empresas brasileiras democratizava os lucros e buscavam no governo a socialização dos prejuízos; em que o governo não sabia e ainda não sabe, em detalhes, como foram investidos e gastos os bilhões de dólares que resultaram no grande endividamento externo e interno; Estas divagações sérias servem para mostrar como era fácil os desvios de recursos do Tesouro. O Brasil é realmente uma grande potencia econômica e financeira, pois passou por tudo isso e ainda resiste bravamente a tantos desacertos. . Reflitam, quantos bilhões de reais foram jogados fora e que serviram de instrumento para facilitar a concentração de riquezas. Faltaram, como sempre, planejamento e controles rígidos na administração dos recursos do erário. Os governantes devem começar a se familiarizar com os números das estatísticas. Elas refletem a nossa realidade e é uma fonte permanente de consulta e apoio, para que os governantes não cometam, no presente, os erros de um passado não tão distante e que causaram incalculáveis prejuízos ao Tesouro Nacional e atrazaram o desenvolvimento econômico-social do nosso País.
Autor: João da Rocha Ribeiro Dias


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