Era das conexões re-constrói a atual sociedade e demanda novas discussões



“Não estamos na era da informação. Não estamos na era da Internet. Nós estamos na era das conexões. Ser conectado está no cerne da nossa democracia e nossa economia. Quanto maior e melhor forem essas conexões, mais fortes serão nossos governos, negócios, ciência, cultura, educação...”. Com estas palavras, o autor
David Weinberger traça a tendência mundial de se estar plugado na web. Vivemos em uma época caracterizada pela transformação de átomos em bits, pela convergência tecnológica e pela informatização total das sociedades contemporâneas.

Os avanços tecnológicos que constroem as bases para convergência digital estão cada vez mais rápidos. Em paralelo, os negócios da área estão sendo impulsionados, tanto pela disponibilidade de tecnologia como pela demanda de usuários acostumados com as conveniências da era digital. É gritante a necessidade de fomentar discussões acerca das possibilidades oferecidas pelo mundo web. A importância de discussões sobre esta temática está na possibilidade de ampliar a análise e a crítica sobre um campo que ainda muito novo e mutável.

Um conceito que envolve este mundo é o de Cibercultura, termo utilizado na definição dos agenciamentos sociais das comunidades no espaço eletrônico virtual. Vale ressaltar que estas comunidades estão ampliando e popularizando a utilização da Internet e outras tecnologias de comunicação, possibilitando assim maior aproximação entre as pessoas de todo o mundo. O que torna a dicussão bastante pertinente. A Cibercultura provém de um espaço de comunicação mais flexivel que o produzido nas mídias convencionais [TV, Rádio, Jornal], cujo sistema hierárquico de produção e distribuição da informação seguem um modelo mais rígido. Já no ciberespaço, a relação com o usuário se desdobra no contexto do todos-todos.

A cibercultura, conforme defende o professor André Lemos da UFBA, desenvolve-se de forma onipresente, fazendo com que não seja mais o usuário que se desloca até a rede, mas a rede que passa a envolver os usuários e os objetos numa conexão generalizada. Agora, em pleno século XXI, com o desenvolvimento da computação móvel e das novas tecnologias nômades (laptops, palms, celulares), que trabalham a convergência digital, o que está em marcha é a fase da computação ubíqua e que trabalha a mobilidade. Estudar a cibercultura é estudar as relações sociais, já que a Internet faz parte do dia-a-dia das pessoas.

Algumas obras têm sido lançadas com o intuito de enriquecer as discussões neste campo. Carla Coscarelli é professora do Programa de Pós-Graduação em Estudos Lingüísticos da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ana Elisa Ribeiro é mestre em Lingüística e desenvolve tese de doutorado sobre letramento digital no Programa de Pós-Graduação em Estudos Lingüísticos da UFMG. Ambas lançaram o livro “Letramento Digital: aspectos sociais e possibilidades pedagógicas”, da Editora Autêntica, no qual outra temática é discutida às luzes das relações da era das conexões.

O Letramento Digital está relacionado à recepção que o leitor faz do que é produzido pela rede e as aptidões que ele desenvolve para lidar com o computador. Carla Coscarelli explica que a familiaridade com o ambiente digital, demanda o desenvolvimento de muitas habilidades que não se restringem ao computador pessoal. A compreensão também é exigida do indivíduo em outras situações, como nas agências bancárias em que ele precisa saber lidar com as teclas e telas para conseguir realizar com sucesso suas operações.

Coscarelli lembra ainda a perspectiva pedagógica da tecnologia. A escola precisa pensar no aluno que tem acesso à Internet. Os alunos precisam dominar os mecanismos de busca e serem leitores críticos para selecionar as informações que são relevantes e pertinentes. Afinal, como lembra Ana Elisa Ribeiro, “é fundamental as faculdades de jornalismo repensarem a formação dos alunos. Há escolas que ainda não falam em jornalismo digital. O web jornalista tem que estar apto a pensar a produção, a tecnologia, os recursos, e a recepção neste meio”. Muito ainda temos a percorrer para entender e otimizar o uso da tecnologia no nosso tempo.
Autor: Camila de Oliveira Guimarães


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