Aprendendo a Tomar Decisões



Introdução

Decidir esta implícito na vida do homem e na sociedade, dentro das relações humanas, sociais e organizacionais, decisões são tomadas a todo o momento, certa vez um sábio ensinou que somos os senhores de nossas decisões, mais nunca seriamos os controladores das conseqüências naturais destas decisões. A chave para o sucesso pessoal e organizacional está diretamente ligada a capacidade de decidir apropriadamente.

Partindo do pressuposto que cada decisão gera uma conseqüência, e que as mesmas podem ser ou não previstas e que poderão sair da esfera de controle humano, torna-se imprescindível adquirir a capacidade de saber decidir. Para tanto, faz-se necessário à compreensão de que uma decisão baseia-se em duas dimensões ou enfoques: Um que envolve as emoções, também conhecido com descritivo ou filosófico e o outro baseado na razão, chamado de normativo ou pragmático, idéias estas encontradas na obra de Antonio Loriggio . Ambos são a base das decisões tomadas por homens e organizações, embora algumas decisões possam aparentemente estar fundamentadas unicamente numa destas dimensões.

A importância do saber decidir

Conta-se que em um país do oriente, numa pequena vila, morava um homem que era conhecido por sua sabedoria e caráter. Ele era respeitado por todos e pessoas de lugares distantes, vinham procurá-lo para receber seus sábios conselhos. Nesta vila também morava um certo jovem, como todo jovem considerava a si mesmo como a pessoa mais sábia do lugar e que os mais velhos tinham idéias ultrapassadas e fora de moda. Para poder provar a sua sabedoria resolveu ele pregar uma peça no ancião. Foi até a floresta e lá pegou um pássaro, enquanto segura o pássaro em suas mãos, planejou como abordaria o velho. –Vou pergunta-lhe: Oh! Sábio que trago eu em minhas mãos? (só que estarei com minhas mãos para trás antes de fazer esta pergunta). Se ele acertar o que trago nas mãos perguntarei para ele: Esta vivo ou esta morto? Se ele me responder que esta morto, abro minhas mãos e solto o pássaro e se disser que esta vivo apertou minhas mãos e mostro a ave morta, assim provarei que sou mais esperto do que ele.

Confiante do sucesso de seu plano foi procurar o sábio. Encontrou-o sentado na praça, observando as pessoas e a natureza. Não perdendo tempo, o jovem dirigiu-se para o sábio e de pronto e em voz alta, para chamar a atenção de todos disse:

- Sábio o que tenho em minhas mãos?

- Um pássaro meu jovem! Respondeu o ancião com sua mansa voz. Nisto uma multidão começou a aglomerar-se em volta dos dois.

Quando viu que havia atraído a atenção dos presentes e que o velho havia respondido conforme ele planejará, sem perder mais tem perguntou ao sábio: E o pássaro, ele esta vivo ou esta morto?

A pergunta calou a multidão. Pois, embora eles soubessem da sabedoria do ancião, nenhum deles o tinha por adivinho, julgando assim em seus corações que o garoto havia apanhado o velho por meio de astúcia. Mas, para espanto de todos os presentes o velho olhou bem dentro dos olhos do menino e lhe respondeu:
- Ele não esta vivo nem esta morto, ele esta em suas mãos!

Cabisbaixo e derrotado o menino deixa a praça, enquanto todos os presente se admiram com a resposta do ancião, embora triste por não ter conseguindo vencer o sábio, o garoto aprendeu uma grande lição. As nossas escolhas não estão vivas e nem mortas, estão simplesmente em nossas mãos!

Valores agregados as decisões

Através desta história trazemos o conceito de que as decisões estão em nossas mãos e Segundo Goleman (1996) o ser humano utiliza muito mais do que a sua inteligência racional para tomar as suas decisões, sendo dotado do que ele chamou de Inteligência emocional, capacidade de relacionar-se consigo mesmo (Intrapessoal) e com os outros (interpessoal). Ele ainda indica que esta inteligência emocional (IE) possui cinco componentes: a capacidade de autoconhecimento, de auto controle, automotivação, empatia e sociabilidade, manifestadas num grau maior ou menor, à medida que a inteligência emocional esta em ação (Goleman, 1999). Para De Bono (2001) a criatividade é um valor fundamental no processo decisório, e a simplicidade se tornará uma valor central para os indivíduos e as organizações. “Sugiro que cada país tenha um ‘Instituto Nacional da Simplicidade’, que se transformaria em um órgão de referencia”, isto segundo ele permitiria a simplificação das decisões e processos.

Alguns elementos se apresentam na composição de uma circunstância que exige uma tomada de decisão, perceber tais fatores ampliam a capacidade de visualização da melhor decisão. Estes fatores são: a urgência ou importância; a necessidade, o efeito ou alcance da decisão; o tempo; o risco; dentre outros.

Ferramentas norteadoras do processo decisório

Pelo simples fato de sempre precisar decidir, comumente constroem-se idéias de que é fácil tomar uma decisão. Porém, no cotidiano, as pessoas deparam-se com um sentimento de inadequação, a depender do grau de alcance e possível risco que uma escolha trará. Um exemplo disso é tomar a decisão de pedir alguém em casamento, há tantas variáveis que necessitam ser observadas, como por exemplo: Local que desejam morar, se uma casa ou apartamento, se possuem os mesmos sentimentos a respeito de filhos, se há compatibilidade de idéias e sentimentos, etc. Uma decisão desta magnitude se equivocadamente tomada traria tristeza e infelicidade.

Nutt (1998), num de seus artigos indica que as decisões dos gestores de organizações passam por quatro estágios, sendo eles: a determinação do rumo; a identificação da alternativa e seu desenvolvimento; a avaliação e por fim a implementação, entretanto ele também observa que ao serem avaliadas estas decisões somente 50% delas são assertivas, pelo simples fato de que pouco havia sido feito, dentro dos 163 casos por ele analisados, para identificar alternativas para solucionar os problemas.

Numa tomada de decisão faz-se necessário adquirir o maior número de elementos e informações possíveis a fim de construir um alicerce para um processo decisório.

Entendendo a utilização dos dados, das informações e do conhecimento.

Raski (2003), indica que existem dois tipos básicos de decisão: as decisões programadas, repetitivas e rotineiras, estáveis, focadas na eficiência e redução dos custos e as não programadas, desestruturadas e criadas para solucionar problemas novos. Segundo a autora a diversos modelos de tomadas de decisão:

O racional – com três estágios: Identificação e definição do Problema; geração de alternativas de soluções; seleção e implementação da solução;

O Carnegie – onde a organizações toma decisões focadas em interesses de grupos distintos;

Incrementalista – utilizado por gerentes limitados pela falta de informação, para mover-se devagar rumo a uma solução de problema a fim de minimizar os riscos;

Desestruturado – tenta explicar as decisões não programadas, sendo usado quando o nível de incerteza é alto.

Independente do modelo a ser utilizado, faz-se necessário adquirir conhecimento sobre o problema para poder propor alternativas de soluções. Para tanto, um gestor focado na necessidade de uma decisão assertiva, primeiramente reunirá todos os dados possíveis a respeito da situação em questão, após esta coleta de dados ele deverá identificar quais informações lhe serão úteis e transformar estas informações em elementos de ação e assim construir um conhecimento a respeito da decisão, causas e possíveis efeitos. O teorema de Pareto ensina que vinte por cento de nossas decisões geram oitenta por cento de nossos resultados, sendo então entendido que oitenta por cento de nossas decisões só geraram vinte por cento de nossos resultados. Para identificar quais seriam estas decisões que trazem oitenta por cento de resultados podem-se utilizar várias maneiras.

Decisões de efeito curto, médio e longo X Riscos.

A Primeira coisa a fazer é mensurar se a decisão terá um alcance curto, médio ou longo de duração. Refletindo sobre o grupo de pessoas que será afetado por tal decisão, quer o público interno ou mesmo o público externo. Se tal ação destruirá as estruturas de confiança estabelecida (Hunter, 2004). Outro fator importante a ser avaliado é o grau de risco, se há riscos financeiros, na imagem ou credibilidade da organização e as opções de alternativas para se tomar uma decisão.

Aprendendo com as decisões

O autor deste artigo sentiu necessidade de ampliar suas competências profissionais, adquirindo assim maior empregabilidade . Para tanto era necessário escolher muito bem a instituição que o ajudaria a construir tais competências. O Primeiro passo tomado foi identificar quais instituições ofereciam o que ele espera, após esta coleta de dados, estes foram processados tornando-se em valiosas informações a respeito das instituições de Salvador-Bahia. Havia chegado o momento de decidir qual instituição ingressar e para tanto fez necessária avaliar muitas variáveis, utilizando da ferramenta conhecida como espinha de peixe . Após o levantamento de todas as possíveis variáveis e da observação da parte contábil, do histórico das instituições e do reconhecimento local e nacional dos cursos o mesmo concluiu que a XXXXXX era a organização satisfaria sua necessidade.


Considerações finais

Indivíduos e organizações precisam decidir a todo o momento, estas decisões geram efeitos de curto, médio ou longo alcance, e a depender da decisão, pode possuir uma carga maior ou menor de risco. Há grande necessidade de buscar compreender mais e melhor o processo decisório, cada decisão por si só é carregada de efeitos e conseqüências e as decisões dentro das organizações afetam não somente a vida daquele que a tomou mais de seus liderados, da família de seus lideradados, dos acionistas, e dos demais clientes internos e externos.


Referências

DE BONO, Edward. Simples, lógico, possível. Artigo publicado: HSM Menagement Edição 25. Março/Abril. 2001

GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional: A teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. 3ª edição. São Paulo. Objetiva. 1996.

GOLEMAN, Daniel. Do que um líder é feito. Artigo publicado: HSM Menagement Edição 14. Maio/junho. 1999

HUNTER, James C. O monge e o executivo – uma história sobre a essência da liderança. 17ª edição. Rio Janeiro. Sextante. 2004.

NUTT, Paul. Entre espadas. Artigo publicado: HSM Menagement Edição 11. Novembro/dezembro. 1998

RASKIN, Sara Fichman. Tomada de decisão e aprendizagem organizacional. Bate Byte 135. Setembro, 2003. Acessado em 07/11/2006 ás 13:20 http://www.pr.gov/batebyte/edicoes/2003/bb135/tomada.shtml.
Autor: Heltmar Maturino Gunça


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