Cortar gastos ou investimentos?



Autores: Marçal Rogério Rizzo* e Patrícia Aparecida Trevisan**

Durante as eleições, um dos temas que mais foram tocados, no campo da economia, foram os gastos públicos. Este tema foi muito lembrado, em razão dos gastos do governo terem aumentado consideravelmente, nos últimos anos e, claro, a sociedade arca com isso através do aumento dos impostos.

Várias são as opiniões, os artigos e os autores sobre esse assunto. Diante disso, para elaborar o presente artigo, foi realizada uma breve pesquisa que nos alicerçou.

No artigo “É mínimo o espaço para cortes de gastos” de Fernando Canzian, publicado na Folha de São Paulo, em 22 de outubro de 2006, o autor afirma que o espaço para cortes de despesas no Governo Federal é mínimo. Lembra que 11% do total dos gastos é para tocar a máquina pública e ressalta que, esses gastos são crescentes e o espaço para economizar diminui ano a ano.

No mesmo artigo, o autor cita que, em 2005, o governo gastou R$ 357,4 bilhões para se manter. Aplicou boa parte desse recurso em pessoal (folha de pagamento), previdência, benefícios assistenciais e subsidiados. 14% do total foram gastos em despesas “blindadas”, que vão para saúde, gastos dos poderes, exceto executivo e subsídios. Apenas 11% são passíveis de corte que são os destinados a custeio da máquina pública, tais como, a conta de luz e os investimentos em infra-estrutura.

Já Sacha Calmon em seu artigo encontrado na Internet intitulado “Corte de gastos: A bolsa família explodiu os gastos da assistência social”, publicado em 18 de outubro de 2006, afirma que o governo federal pode reduzir seus gastos em, pelo menos, 40%. Dessa forma, sobrariam mais recursos para investir em outros setores para alavancar o crescimento econômico.

Diz, ainda, que são três os itens que formam os gastos mais significativos do governo, sendo eles: pagamento dos juros da dívida pública; gastos com seguridade (saúde, previdência e assistência social) e os gastos correntes da máquina pública.

Afirma que, para tratar dos juros, bastaria trazer a taxa “Selic” para 9%, o que diminuiria significadamente os juros da dívida pública. Já para a seguridade, a solução para o aspecto de saúde seria o aumento da prevenção e a diminuição de medicinas curativas, computadorizando-se todos os diagnósticos, o que diminuiria consideravelmente os seus gastos. Em relação à bolsa família que explodiu os gastos da assistência social e virou panacéia eleitoreira, ao invés de induzir ao trabalho e à educação, a solução seria instituir conselhos populares com poder de fiscalizar esse gasto. Quanto à previdência, tem-se o regime geral que é o pior do mundo (com um teto ridículo e um piso vergonhoso), em que qualquer aperto aumentaria a pobreza.

Por último, tem-se o item de despesas correntes, em que de cada R$ 10,00 empregados em bens e serviços, pelo menos R$6,00 são decorrentes de superfaturamento, descontrole de quantidade e qualidade, desperdício, corrupção e desnecessidades.

Há quem diga que os gastos do governo podem ser entendidos como investimentos, porém devemos lembrar que todo investimento deve ser realizado, pensando no seu retorno e, no caso do governo, o retorno deve ser coletivo e não pessoal, partidário e somente político. Para encerrar, o que sabemos é que o corte nos gastos ou nos investimentos (dependendo da óptica de cada um) precisa urgentemente ser feito ou, será que vão aumentar a carga tributária?

*Marçal Rogério Rizzo: Economista, professor universitário, especialista em Economia do Trabalho pela Unicamp, especialista em Gerenciamento de Micro e Pequenas Empresas pela Universidade Federal de Lavras, mestre em Desenvolvimento Econômico pelo Instituto de Economia da Unicamp e doutorando em Dinâmica e Meio Ambiente pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP de Presidente Prudente - SP).

**Patrícia Aparecida Trevisan: Acadêmica do 2º. Semestre do Curso de Ciências Contábeis do Centro Universitário Toledo de Araçatuba (SP) – UniToledo.
Autor: Marçal Rogério Rizzo


Artigos Relacionados


Software Para Controle Financeiro Pessoal

Educação De Verdade

A Epidemia Dos Impostos E Dos Gastos Públicos

Os Custos Da Dívida Pública Fragilizam O Estado Brasileiro

Aumenta Gastos De Brasileiros Com CartÕes De CrÉdito No Exterior

Colapso Hídrico

Como Usar Uma Planilha De Gastos