A REDE GLOBO E A DETERIORIZAÇÃO DA IMAGEM DO RIO DE JANEIRO PERANTE A SOCIEDADE



Resumo
O artigo “A REDE GLOBO E A DETERIORIZAÇÃO DA IMAGEM DO RIO DE JANEIRO PERANTE A SOCIEDADE” pretende evidenciar a questão da mídia (destacada pela a Rede Globo) como agente projetor de uma imagem positiva e negativa da cidade do Rio de Janeiro. A Globo, principal emissora de televisão do Brasil, detém forte controle no desenvolvimento dessa imagem. Ao mesmo tempo em que valoriza e glorifica a cidade do Rio com suas telenovelas, destrói e distorce com seus tele-jornais.

Com que intensidade a Globo pode prejudicar consideravelmente uma das principais cidades do país? A partir de conceitos referentes à psicologia e antropologia principalmente, e de dados específicos, este trabalho tentará esclarecer estas questões.


A REDE GLOBO E A DETERIORIZAÇÃO DA IMAGEM DO RIO DE JANEIRO PERANTE A SOCIEDADE
Larissa Messano*

A importância da capital carioca no cenário nacional é inegável e de fácil percepção. Constitui a segunda maior metrópole do país, com 5,9 milhões de habitantes, possui a maior densidade demográfica e o mais alto índice de urbanização.

O parque industrial e o turismo na cidade são peças chave no movimento da economia nacional. O estado do Rio de Janeiro é o maior produtor de petróleo do país, responsável por 70% da produção nacional.

No entanto, mais do que uma metrópole modernizada com cenários paradisíacos, a população brasileira, assim como o resto do mundo, viu ser construída uma imagem da cidade que pode não corresponder diretamente à realidade. Isto por que, de fato, as características da cidade vão além de seu papel na economia nacional e suas praias e pontos turísticos. A violência, a sujeira, a pobreza, entre outros problemas sociais atormentam a população carioca há tempos. Mas, até que ponto a informação que obtemos pela mídia correspondem à descrição precisa de como o Rio de Janeiro realmente é? É a televisão capaz de construir uma imagem, quer positiva ou negativa capaz de alterar o pensamento e as atitudes das pessoas em relação à cidade?

É de entendimento comum que os meios de comunicação cumprem a função de proporcionar conhecimento de seu povo, ou seja, manter uma relação entre “o sistema de informação e a sociedade” (MAMOU, ano, p.?). No país, essa relação é levada a cabo, principalmente, pela Rede Globo. Prova disso, são os números de uma pesquisa qualitativa da emissora, anunciada por Schroder, diretor-responsável porseus telejornais. A pesquisa afirmou que 80% da população brasileira não possui outra fonte de informação além das oferecidas pelo canal e que os telejornais concorrentes não ultrapassam, juntos, seis pontos de audiência em média. Já o Jornal Nacional, possui 40 pontos em média por exibição e já chegou a atingir os 70 pontos na década de 70. (FONTE DESTA INFORMAÇÃO). O dado traduz a importância do programa jornalístico no país, daí sua seleção como objeto empírico deste estudo.

A valorização da programação da Rede Globo, na verdade, é explicável. A empresa representa a quarta maior emissora de televisão do mundo e, entre favoráveis e contrários ao canal, todos concordam que sua qualidade técnica é extremamente sofisticada. Estes atributos são reconhecidos além de nossas fronteiras.

Não apenas no Brasil, as informações transmitidas pelo Jornal nacional e por toda a programação global alcançam outros países e continentes a través da exportação de programas a canais estrangeiros e da difusão da Globo Internacional. O JN, por exemplo, pode ser assistido nos Estados Unidos, Reino Unido, México, entre outros países. Estima-se que 60 milhões de pessoas assistam aos programas globais ao redor do mundo. As tramas também já colocaram a emissora no Livro dos Recordes como a maior produtora de telenovelas do mundo. Mais de 130 países já tiveram acesso a 300 produções globais. Isto significa que grande parte da população mundial está sujeita à influência do canal na construção de uma imagem irreal da cidade do Rio.

No caso do Brasil, uma mesma emissora, pelo que podemos concluir nas pesquisas de audiência, é responsável por levar aos telespectadores as novelas e jornais que servirão de referência na formação de opinião. De acordo com o texto Contextos e Paradigmas na Pesquisa sobre o mass media, “os efeitos provocados pelos meios de comunicação de massa dependem das forças sociais que predominam num determinado período” (FONTE DESTA INFORMAÇÃO). Ou seja, as relações entre as partes de uma sociedade e o contexto na qual se inserem influencia diretamente nos efeitos dos meios de comunicação de massa na mesma. Afinal, cada sociedade tem uma cultura diferente e com isso, reações diferenciadas. Notam-se os efeitos dos meios de comunicação de massa na formação de idéias, valores e conhecimentos da população. Mas qual a influência da mídia no comportamento das pessoas?

Nos telejornais, a força da mensagem transmitida e a influência que ela pode causar na vida dos cidadãos são potencializadas por tratar de fatos verídicos. As notícias ali divulgadas envolvem a vida real: houve um incêndio em meu bairro, morreram duas pessoas na cidade vizinha, aumenta o tráfico de armas em meu país. O fato ocorrido não pode ser alterado porque são baseados na realidade. A forma como são veiculados, no entanto, pode determinar diferentes interpretações por parte do telespectador. Todos os dias as notícias envolvendo temas como violência têm destaque no JN.

Segundo o (sociólogo, antropólogo, historiador, professor, filósofo...) Ombudsman, a estruturação das informações por parte da imprensa é prejudicial. “Por mais que se esforcem, a ótica dos jornais está voltada para os transtornos que se abatem sobre os vizinhos de classes média e alta, mais do que para os dramas dos moradores da favela. Os episódios de invasões de morros e mortes são uma constante na cidade do Rio, mas só merecem atenção maior quando ocorrem na zona sul. Em seguida, ocorre a falta de continuidade no acompanhamento sério do assunto” (Folha de S. Paulo, data)

Por outro lado, é fato que o fenômeno da violência no Rio cresce de forma alarmante A antropóloga, Regina Novaes em A Memória das Favelas confirma: “a situação no Rio nunca foi tão grave como hoje”. Os principais focos de violência continuam sendo morros e favelas, palcos das ações envolvendo tráfico de drogas e armas. Estima-se que, só no Estado do Rio de Janeiro, os morros abrigam cerca de 1,4 milhões de habitantes. Ela completa: “o poder privado dos traficantes desafia a cada dia tanto os poderes constituídos quanto organizações da sociedade civil” (FONTE DESTA INFORMAÇÃO).

O terror dos atos violentos não é, no entanto, um fenômeno recente na cidade, como confirma Malaguti, mestre em História Social, em O medo na cidade do Rio de Janeiro. De acordo com o livro o medo da população está presente desde a época da monarquia, com a chegada dos escravos, a censura implacável, o domínio do racismo e a imposição dos valores da igreja. Vera afirma que “a escravidão exerceu uma enorme influência sobre a divisão e organização da sociedade contemporânea”. Foi um dos fatores que influenciaram os inúmeros problemas sociais que enfrentamos hoje e desde então a violência e o crime tornaram-se obsessão na sociedade contemporânea.

Mas, como o medo contribui na construção de uma imagem? Primeiramente, é preciso entender o que é o medo e como ele surge no ser humano. Em Introdução à psicologia, Davidoff conceitua medo como “uma emoção caracterizada por sentimentos de antecipação de perigo, tensão e sofrimento e por tendências de esquiva ou fuga” (2001, 390). Ou seja, é necessário um estímulo de insegurança que desperte no indivíduo a sensação. Não significa, entretanto, que o estímulo ocorra diretamente: “as pessoas não precisam ter experiências assustadoras com estímulos neutros para passar a ter medo delas. Como somos seres dotados de cognição, freqüentemente nos assustamos com aquilo que vemos ou imaginamos.” (DAVIDOFF, 2001, p. 105).

Sobre o sentimento da população diante a violência, Ombudsman diz na Folha de S. Paulo que ela “se instalou nas nossas cidades na forma de bandos fortemente armados há duas décadas e a cobertura das causas, do entorno social e das políticas de segurança é irregular. Isso dá a sensação de inconseqüência, de superficialidade e de sensacionalismo”. (www.nomedosite.com.br) ou (SOBRENOME, ano, p.?)

Vale ressaltar nesta abordagem o conceito de sensacionalismo. Os diversos significados dados ao termo com suas interpretações, em alguns casos distraem a análise do conceito exato: “a notícia sensacionalista é um grito escrito (sonoro e visual) que difunde valores, conceitos, sentimentos e imagens do lado perverso da cultura e estabelece "o primeiro contato da camada inculta com um meio de comunicação cultural" (Dines, 1971, p. 69).

Pode, portanto, o Jornal Nacional ser considerado sensacionalista? O que posiciona uma fonte de informação nessa classificação é e o modo de apresentação da notícia. "O que vai diferenciar um jornal dito ‘sensacionalista’ de outro dito ‘sério’ é somente o grau. Sensacionalismo é apenas o grau mais radical de mercantilização da informação: tudo o que se vende é aparência e, na verdade vende-se aquilo que a informação interna não irá desenvolver melhor do que a manchete". (Marcondes Filho, 1985, p. 66).

Talvez possamos encaixar o JN em uma classificação de “sensacionalismo sério” no qual é dado destaque a temas como violência e problemas sociais em geral e, principalmente, por explorar os sentimentos gerados por estes temas (medo, raiva, tristeza) de forma sutil mas eficiente.

Para ilustrar esse pensamento analisemos a exibição de um espetáculo, o fato ocorrido com o ônibus da linha 174 no dia 12 de Junho de 2000, onde o assaltante durante horas deixou os passageiros,como reféns. Durante toda a negociação com os policias a imprensa televisa fez a cobertura ao vivo, logicamente a Globo não ficou de fora. Com a cobertura completa feita pela a Rede Globo de Televisão ela disponibilizou horários durante toda a sua programação para a cobertura da matéria. Neste momento a Globo explorou o sensacionalismo e explorando os sentimentos gerados por este fato (medo, raiva,tristeza) .

Em contraposição a essa prática de deteriorização de imagem, a mesma emissora transmite em seus horários de maior audiência telenovelas que, na maioria dos casos, têm como cenário principal a cidade do Rio. Nas novelas da Rede Globo os personagens, com algumas exceções, não enfrentam problemas como violência e desigualdade social. O Rio revela-se uma cidade maravilhosa. Destaca-se pela as sua belezas naturais, por sua população formada por pessoas bonitas e felizes.

Nas “novelas das oito”, que vão ao ar às nove da noite, logo após a transmissão do jornal nacional a prática ocorre com freqüência: “é a novela de maior investimento da emissora. É também a novela que, quando dá certo, quando ‘pega’, torna-se um fenômeno cultural de difícil classificação. Dar certo, nesse universo está para além dos números de audiência”, afirma Bia Couto, em um artigo escrito para o Observatório da Imprensa.

Teria a Globo algum benefício em valorizar ou denegrir a imagem do Rio? De acordo com os interesses da emissora, uma razão possível para o comportamento seria o objetivo de alcançar alto ibope através de matérias que exibem violência, por exemplo. Outra possível razão poderia ser a intenção de alertar o governo e a população para a gravidade da situação para que providências possam ser tomadas. Por outro lado, a própria rede pode ser prejudicada com essa atividade. Por ter veiculação mundial não se beneficiará com a criação de uma impressão negativa da cidade, que pode afetar áreas econômicas e de relações internacionais.

A dúvida que persiste é sobre a forma como essas influências das informações atuam de forma a alterar, de fato, o comportamento dos indivíduos. A partir de uma análise da demanda do turismo na cidade do Rio de Janeiro, observa-se que os índices de procura de opções turísticas na cidade vêm aumentando. A população não parece, ao menos por enquanto, abalada e receosa a ponto de deixar de visitar a cidade por questões de segurança pública. A região continua sendo, segundo dados da Embratur, a mais visitada do país com quase 40% da preferência. (www.embratur.gov.br., maio/2005), ou seja, ainda é a cidade mais visitada do país. De que maneira, portanto, o medo se manifesta na população?

Aparentemente, o povo brasileiro se comporta de forma contrária ao que sente. Os atrativos da cidade são fortes o bastante para atrair turistas do mundo inteiro. Fato é que, esta situação pode mudar a qualquer momento fazendo que o medo da violência afete a atividade econômica. A dúvida que ainda existe é sobre o papel do jornalismo da Rede Globo na instauração dessa onda de medo em todo o país. Nos questionamos se a empresa está cumprindo seu papel social informando sobre o que realmente ocorre ou se está manipulando as informações construindo uma imagem distorcida da cidade do Rio.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (Tem muito site. Põe só os que vc tiver tirado referência mesmo, os de consulta não precisa. E põe a página principal, por ex. (www.facom.ufba.com.br, acesso em 00/00/2005). Coloquei uma referência que eu usei.

DAVIDOFF, Linda. Introdução à psicologia. São Paulo: Makron Books, 2001.
MAMOU, Yves. A culpa é da imprensa.

Texto: Contextos e Paradigmas do Consumo Mass Media.

Sites:

www.nomedosite.com.br, acesso em xx/xx/2005

http://www.noolhar.com/opovo/vidaearte/468387.html

http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=157397&idselect=17&idCanal=17&p=22

http://www.facom.ufba.br/artcult/brasiltelenovela/pag_hist.htm

http://www.solavanco.com/artigos/artigo09.html

http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI525672-EI316,00.html

http://www.fenajufe.org.br/port/noticias/one_news.asp?IDNews=3926

Links da Coluna Ombudsman, Folha de S. Paulo.

Embratur – www.embratur.gov.br

http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos/asp24062003994.htm

http://www.defesa.ufjf.br/arq/RV%204.htm

http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/nazarezenaide/nazare_violencia.html

http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT884073-1666-1,00.html

http://www.tvebrasil.com.br/observatorio/arquivo/principal_040420.asp

http://www.editoras.com/revan/0293.htm
Autor: Larissa Barreto da Motta Messano


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