Reciclando idéias – Programa Habitare: um futuro possível
Considerando o aspecto prático desse padrão de consumo, devemos nos conscientizar de que todo produto deriva de matéria-prima, que em determinados casos pode ser natural, e não renovável, e todo produto demanda um ciclo produtivo, consumindo energia, gerando poluentes e resíduos. Resíduos esses que derivam não só da produção, mas do consumo e do pós-consumo.
As atividades de arquitetura, urbanismo e engenharias, devem considerar urgentemente os aspectos envolvidos nos processos de produção e conservação do ambiente natural e construído. Conhecer as transformações que os materiais sofrem e que afetam seu desempenho ao longo do tempo, no cumprimento de uma função para o qual o produto foi projetado, pode significar pequenas alterações de projeto, que resultem numa performance de durabilidade influenciando diretamente no desenvolvimento sustentável. A indústria da construção civil exerce forte impacto na economia de um país e, portanto, até mesmo pequenas alterações no processo construtivo, incluindo-se aí os processos de fabricação de seus componentes, podem promover mudanças significativas da eficiência ambiental. Praticar a engenharia ou a arquitetura ambientalmente responsáveis, é saber optar pelo piso cerâmico produzido pelo processo x ou y, decidir pelo uso de granito ou de madeira, ou ainda optar pelo sistema de aquecimento de água elétrico ou solar, avaliar o ciclo de vida do produto, desde a etapa de extração de matérias-primas, transporte, fabricação, uso e descarte, considerando sempre a avaliação econômica e a preferência do interessado, devem fazer parte do cotidiano dos profissionais atuantes na construção civil.
O Habitare - Programa de Tecnologia da Habitação, financiado pelo FINEP- Financiadora de estudos e projetos e pela Caixa Econômica Federal, direciona esforços no sentido de desenvolver pesquisas no campo da habitação de interesse social, e tem abordado diferentes casos que exemplificam a possibilidade de sucesso de compromisso consciente de exploração do ambiente natural e a construção e ocupação adequada de nossas cidades. Entre alguns dos estudos desenvolvidos pelo programa Habitare podemos citar:
a fabricação de tijolos utilizando cinzas de carvão mineral de caldeiras, a produção dessas cinzas atualmente está estimada em 500 milhões de toneladas por ano no mundo, dos quais somente 20% são aproveitados;
o reaproveitamento de resíduos na área do ambiente construído, estudando a possibilidade do uso de sub-produtos da indústria para desenvolvimento de materiais de baixo custo;
a fabricação de componentes habitacionais de argamassa celulósica, compostos basicamente de cimento, areia e fibras de celulose, provenientes da reciclagem de papel imprensa;
o uso de agregados RCD (resíduos de construção e demolição) reciclados em concreto, a massa de RCD representa de 13% a 67% da massa dos resíduos sólidos urbanos, e cerca de duas a três vezes a massa dos resíduos domiciliares, no Brasil estima-se em 68,5 milhões de toneladas por ano, para uma população urbana de 137 milhões de pessoas.
Tornar essas e outras iniciativas casos exemplares de sucesso e garantir a qualidade do ambiente são responsabilidades dos profissionais que o constroem. Recicle suas idéias, pois é possível atingir um nível de maturidade suficiente para a utilização em massa de estudos como os exemplificados. Com a conscientização e o empenho daqueles que tem o poder e a obrigação social de garantir o desenvolvimento sustentável de uma sociedade, ou seja, todos os seus integrantes.
Fonte: http://habitare.infohab.org.br/
Autor: Edson Satoru Kimura
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