A Ressocialização do Preso em uma Sociedade Injusta



O assunto abordado neste espaço com certeza deve gerar polêmica, criticas e opiniões contrárias, mas deve ser encarado. Outros podem achar estranho um policial militar abordar esse assunto nesta ótica, porém escrevo sobre o assunto com a experiência do dia a dia, da vivência com presos e condenados, foragidos e desempregados desesperados, criminosos por obrigação.
Quem viu os jornais na última semana leu o depoimento de um jovem de 22 anos, flagrado efetuando roubos no centro de Porto Alegre, ao ser indagado pelos repórteres por que roubava, respondeu que não conseguia emprego e precisava comer e alimentar sua família também disse que ninguém empregava um ex-presidiário.
Também prendemos essa semana uma pessoa que, desesperado, roubou uma jovem para pagar a luz de sua casa, que iriam cortar novamente.
Não quero discorrer aqui sobre criminosos de colarinho branco, daquele que rouba milhões do povo, daquele que desvia dinheiro de projetos assistencialistas para o seu bolso, estes, na sua maioria, passam longe das cadeias.
Escrevo aqui sobre pobre, estes que a polícia prende diariamente, estes que lotam os presídios, estes que desembarcam aos montes de carros do estado que os levam para a cadeia diariamente. Estes criminosos que segundo a lei deveriam ser ressocializados e novamente reintegrados a sociedade depois de cumprida a pena. Alguém acredita que isso aconteça? Mas o artigo 1º da lei de Execuções Penai, positiva que a Execução Penal tem por objetivo proporcionar condições para a harmônica integração social de condenado e do internado, porém nossos presídios estão longe de cumprir o preceito legal.
Antes disso, Presídios no Brasil são locais onde se guardam em condições desumanas e cruéis os pobres, negros, e outros marginalizados historicamente pela nossa sociedade que é injusta e completamente imperfeita, como dizia o inglês Thomas Hobbes, o homem é o lobo do próprio homem, temos então um abismo entre os mais pobres e os mais ricos, nem diria mais pobres, diria mais miseráveis e é isso que vivemos, o próprio homem criou antagonismos sociais que estão explodindo em uma guerra de classes, entre os ricos e os miseráveis. É guerra por que é violenta e deixa vítimas, muitas fatais.
Podemos buscar em Karl Marx a teoria perfeita para descrever nossa realidade e social, ele dizia que o capitalismo (nosso sistema político monetário) contém o germe da sua própria destruição, que seria uma exploração do povo em busca do lucro para poucos. Ele também previu um colapso do capitalismo que muitos acreditam que nunca ocorrerá, porém podemos afirmar que estamos diante de tal colapso.
A problemática e grave e delicada, e se chegou neste ponto por conta de séculos de evolução desregrada. Não estamos defendendo criminosos, a Polícia continuara a prender quem cometer crimes e contravenções pois essa é a sua função, e o faz para manter a ordem pública, porém é importante compreender que só prender não é a solução, a solução deve partir da própria sociedade, com ações que venham da comunidade sociedade como um todo – acho muito bonito passeatas pedindo paz – mas elas tem pouca influência para mudar. Acredito em ações mais concretas.
Para finalizar apontamos uma sugestão para minimizar a discriminação contra ex-presidiários, qual seja, a reservas de vagas em empresas, concursos públicos e universidades púbicas e privadas para ex-presidiários e ex-menores infratores. Sabemos que é difícil pensar desse modo, mas devemos pensar nisso para o bem dos nossos descendentes.
Autor: Geverson Aparicio Ferrari


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