A Formação de Grupos Populares de Teatro



Os registros mais remotos que se tem da história da humanidade sempre identificam os homens vivendo em grupos, prova de que os mais antigos ancestrais já percebiam a importância e a necessidade da convivência mútua para garantir a sobrevivência.
Claro que antigamente as formas de se conviver eram mais rudimentares e a história ficou marcada por períodos de conflitos sangrentos, resultado dos problemas de relações sociais, dentro e fora dos grupos, já que os homens sempre foram seus maiores aliados e ao mesmo tempo seus maiores algozes.
Com o passar do tempo, o homem foi buscando maneiras para compreender melhor essas relações sociais e assim melhorar a convivência, pois haviam percebido que era vital para a própria sobrevivência e das gerações futuras que essa cooperação desse certo.
A sociedade então procurou se estabelecer através da formação de grupos, enfocando as relações interpessoais na família, na comunidade, na escola, no trabalho, nas igrejas, nos partidos políticos, nos grupos artísticos, entre outros. Cada uma dessas instituições tem suas regras e seus valores próprios que contribuem para a formação do cidadão, levando-nos às primeiras experiências de conflitos entre grupos, auxiliando na nossa socialização, enfim, contribuindo de alguma forma para nosso crescimento pessoal e social.
Esses agrupamentos acontecem pelas afinidades e/ou pelas diferenças apresentadas por um número de pessoas que se reúnem, onde cada indivíduo dentro do seu grupo ocupa uma função, seja ela explícita ou não.
As pessoas se agrupam com um objetivo comum, mesmo que elas estejam ali por vários outros motivos, há algum ponto de identificação que as faça pertencer ao mesmo grupo. E essa unidade se fortalece pelas diferentes características que cada uma apresenta. O grupo apega-se pela necessidade de proximidade e para dar solução a problemas que são pessoais, mas, inevitavelmente socializados, tornam-se problemas coletivos.
Se o objetivo é reivindicar sobre um problema que atinge a todos os integrantes, eles devem mostrar as diversas formas para enfrentar essa situação, porque cada um ali envolvido é atingido de uma forma diferente por esse mesmo conflito.
Dessa forma, as características pessoais acabam servindo como elementos formadores da força desse grupo, com cada um apresentando características que sozinhas poderiam não surtir efeito, mas unidas conseguem agregar valores que ajudam na coesão do grupo tornando-o mais forte para entrar em cena e combater a sua opressão.
Essa necessidade de se unir em busca de um ideal comum facilita a formação dos grupos populares que ao descobrir que através do teatro podem se juntar e tornar esse enfrentamento possível, já dão o primeiro passo para a criação do mesmo.
Esse papel que os grupos ganham dentro das suas comunidades é fortalecido a partir do momento em que o trabalho é desenvolvido pelos integrantes das mesmas e não feito por outras pessoas para os moradores dessas comunidades. É através de representações da própria realidade que tentam construir seu discurso e sua memória.
O teatro comunitário pode ser utilizado para representar os problemas locais penetrando no universo cultural dos grupos populares, intensificando a troca de informações e discussões no interior das comunidades, enfatizando a expressão e participação de seus membros.
Inserir o teatro nas comunidades funciona como agente motivador de uma nova consciência e cultura participativa, quando se trabalha coletivamente, buscando forjar um espaço de convivência mais democrática e horizontal no grupo, para se alcançar novas possibilidades de diálogo.
Acredito que os grupos populares de teatro devem ser feitos pela comunidade e para a comunidade, na qual sua origem, evolução e destino estão indissoluvelmente vinculados à vida e luta comunitária, pelos seus interesses e desejos. É a expressão dramática da população e dos grupos.
Autor: Felipe Dall'Orto


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