Produção Orgânica: uma alternativa de saúde e renda!



Hoje parte da sociedade passou a ter uma preocupação crescente com a saúde e isso envolve principalmente a alimentação. Há um velho ditado que fiz: “somos aquilo que comemos” e em razão disso temos que nos alimentar com produtos saudáveis.

No entanto, para isso ocorrer, tem que haver a produção dos mesmos. Produzir alimentos de forma natural como era feito pelas gerações passadas, ou seja, alimentos isentos de agrotóxicos, sem fertilizantes químicos, sem transmutações genéticas e adubados com “restos” orgânicos é uma alternativa na busca de saúde e, claro de renda. Os números referentes a esse mercado de produtos orgânicos são fascinantes.

Tomamos por base as cifras da matéria de capa do informe Comércio Exterior elaborado pelo Banco do Brasil (edição no. 67), intitulada “Nem só de soja e café vive o agronegócio brasileiro de exportação” e a mesma traz uma parte destinada à produção de alimentos orgânicos.

Essa matéria aponta que há uma tendência crescente (em nível mundial) de alerta sobre segurança alimentar. No entanto, não basta produzir alimentos, mas sim alimentos saudáveis, ou seja, orgânicos.

Apresenta também a definição de produtos orgânicos elaborada em 1990 pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO): “Sistema de produção holística, que promove a melhoria da saúde do ecossistema agrícola, ao fomentar a biodiversidade, os ciclos biológicos e a atividade biológica do solo; privilegia o uso de boas práticas de gestão de exploração agrícola, em lugar dos recursos de produção externos, tendo em conta que os sistemas de produção devem ser adaptados às condições regionais – isto é conseguido, sempre que possível, através do uso de métodos culturais, biológicos e mecânicos em detrimento da utilização de materiais sintéticos”.

Ainda, o mesmo texto informa que a regulamentação brasileira ocorreu em 1990, com a Instrução Normativa n. 7, porém o marco legal só foi constituído em dezembro de 2003 (Lei n. 10.831).

Um produto orgânico para ser aceito no mercado nacional e internacional tem que estar dentro das normas e ser certificado. “[...] as certificadoras, organizações privadas, acreditadas por organismos apropriados delegados pelo poder público para inspecionar e certificar os produtos para garantir sua origem orgânica.

O papel das certificadoras é fundamental para que os produtos orgânicos brasileiros possam ingressar com credibilidade em mercados com regulamentação alfandegária rígida, como o europeu e o norte-americano”.

No Brasil há sete certificadoras para inspecionar os mercados nacional e internacional. Hoje há 6,4 mil produtores já certificados. Para quem quiser investir nessa área o crescimento médio anual é instigante, pois chega aos 30%.

A maior feira do mundo de produtos orgânicos é a Biofach que acontece em Nuremberg (Alemanha) e o Brasil tem marcado a sua participação. Na edição de 2006 estiveram participando da feira expositores de 73 países. Segundo informações obtidas na feira há hoje no mundo, aproximadamente, 31 milhões de hectares sob o manejo orgânico e só a China possui quase três milhões de hectares certificados recentemente.

O mercado de produtos orgânicos é tão promissor para o Brasil que em outubro de 2006, a cidade de São Paulo sediou a Biofath América Latina e foram fechados negócios com as cifras de R$ 60 milhões tendo uma média de quatro mil visitantes diários. Diante disso, vem a pergunta: a produção orgânica é ou não um bom negócio?

O que tem dificultado a produção de orgânicos são os mitos existentes, pois há um preconceito com os mesmos. Grande parte dos produtores pensa em volume de produção, em produtividade e não em produzir menos, mas ter um mercado que absorva seus produtos com uma maior rentabilidade.

Para que as cifras desse mercado melhorem ainda mais o governo brasileiro precisa traçar um plano que impulsione o cultivo, o comércio e as exportações de produtos orgânicos, especialmente para as pequenas e médias propriedades. Temos que dar condições de vida e de renda para nossos produtores e mais uma dessas alternativas viáveis são os produtos orgânicos.

Porém, parece que estamos sendo governados por políticos “míopes” que chamam usineiros de “heróis”, mas na verdade “heróis” são os pequenos e médios produtores que sobrevivem quase da subsistência, sem uma política adequada. Seria muito saudável para a agricultura brasileira se os nossos políticos fossem até a China tomar uma lição, pois parece que os chineses estão com os olhos mais abertos que os brasileiros, isso em todos os setores. Para terminar, até o Ministério da Agricultura que deveria ser usado de forma estratégica foi usado como moeda de troca com um partido político que não tem votos pra governar, mas é ele quem governa o Brasil.

Infelizmente, o Brasil é um país de “faz de conta”! “Faz de conta” que os ministérios servem para elaborar políticas públicas e não “balcão de negócios” de poucos, ou então, para atender o narcisismo de políticos incompetentes! Esse país está uma vergonha!

Marçal Rogério Rizzo: Economista, professor universitário, especialista em Economia do Trabalho pela Unicamp, especialista em Gerenciamento de Micro e Pequenas Empresas pela Universidade Federal de Lavras, mestre em Desenvolvimento Econômico pelo Instituto de Economia da Unicamp e doutorando em Dinâmica e Meio Ambiente pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP de Presidente Prudente - SP).
Autor: Marçal Rogério Rizzo


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