Conhecimento epistemológico, fator vital para a administração de micro-empresas.



Sempre fui um grande admirador do espírito empreendedor do brasileiro. Sobressai à minha percepção um desejo intrínseco de significativa parcela dos trabalhadores em abandonar a vida de assalariado e se tornar dono do seu próprio negócio. Mesmo que não se saiba ao certo que segmento aderir, por onde e como começar, trata-se de uma questão de autonomia, que no fundo, seria uma pseudo-liberdade. E dados revelam que estes micro e pequenos empresários compõem mais de 90% das organizações no país. Praticamente todos os dias, passo em frente a micro-empresas, todas com apenas alguns funcionários, ou até mesmo nenhum, e com imensas dificuldades em honrar seus custos fixos no final de cada mês. E o que mais me impressiona é que na maioria dos casos, são pessoas que não cursaram o ensino superior, muitas vezes sequer o ensino fundamental, e consequentemente não possuem um conhecimento epistemológico para gerir uma empresa, mas ainda assim sonham em “abrir o próprio negócio”.
Mesmo sem estudos específicos em áreas da administração, vitais para a condução de uma empresa, como finanças, recursos humanos e marketing, uma grande parcela dos micro-empresários conduz seus negócios com uma maestria simétrica, incluindo na “gestão”, elementos empíricos como o de gerenciamento das relações com clientes. Entende-se por isso os famosos cases de CRM que aludem à questão do atendimento personalizado (1-to-1), fator este crucial no ambiente do micro-negócio. Ancorados na premissa da intuição e de seus históricos como empreendedores, os micro-empresários muitas vezes, considerando o cenário empresarial não favorável, são a exceção com suas maneiras genuínas de se conduzir negócios.
Contudo, feeling não garante um resultado operacional positivo. E neste sentido, critico duramente os órgãos estatais brasileiros responsáveis pelo empreendedorismo por sua atitude omissa frente às micro-empresas. O cidadão sem qualificação técnica acaba tendo enormes dificuldades em abrir um negócio. Não me refiro somente aos desafios financeiros, mas também com relação à obtenção de conhecimentos administrativos para o ideal funcionamento de um empreendimento. Os órgãos qualificados para tal função não foram criados para auxiliar este tipo de empreendedor, ou se foram, não demonstram através de suas políticas, real interesse neste porte de empresário. E isso vai desde o acesso a informações até as tarifas cobradas para serviços de consultoria na abertura e na condução de empresas, o que torna as entidades estatais de fomento ao empreendedorismo, inacessíveis para a maioria das pessoas que desejam abrir o seu negócio.
Desta forma, é mister atentar para a atual conjuntura, observando todos os elementos que englobam o meio empreendedor, uma vez que, os micro e pequenos empresários representam 20% do PIB brasileiro. Hoje há no país, 3.8 milhões de empresas nestes segmentos, o que reforça ainda mais a necessidade de se incluir políticas que facilitem o desenvolvimento de micro-negócios, proporcionando assim menos intuição e mais embasamento epistemológico aos seus administradores.
Autor: Felipe Silveira Ramos


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