Educador: Ser ou não ser, eis a questão?!



É interessante repensarmos os vários tipos de dogmas que recebemos desde pequeninos sobre o perfil do educador perante o aluno, ou seria melhor dizer, o perfil do mestre perante seu discípulo?

E-du-ca-dor...! Quem é esse cidadão?

Durante toda nossa vida, aprendemos que o educador é um ser inigualável, que tem respostas para tudo, que é a autoridade máxima dentro da sala de aula, que é ele o grande mago do conhecimento. Aprendemos que é importante ouvir o educador para sermos alguém na vida e constituirmos nossa vida social.

Só não aprendemos que o educador, além de ser educador, é gente, que lida com gente para reconstruir a sociedade em prol de dias melhores. Quando Rubem Alves (1986) dizia: “educadores, onde estarão?” acredito que sua intenção era dar um acorde em todos os envolvidos no processo educacional, para uma descrição mais humana do educador, não deixando de lado o papel racional e pedagógico do mesmo na sociedade, mas, além disso, pensarmos no lado humano desse Ser importantíssimo na construção da identidade do indivíduo e de toda a sua vida social.

É emocionante analisarmos o contexto socioeducacional e percebemos a grande importância do educador na formação e reconstrução da sociedade. Ele tem em suas mãos a oportunidade de mudar, criar, disciplinar e reconstruir a vida de um ser humano.

Infelizmente, ainda temos uma concepção de educador do século XIX. Aquele que se escondia atrás dos livros, de sua bravura e avaliações de causar tremor em qualquer um. Que confundia o sentimento de medo com respeito, que dizia: “- Comigo, ninguém pode!”, que esquecia a sua principal função na vida daquele ser humano, que era a de mediar o conhecimento transformando um simples ato de educar num ato de construção de vínculos, para o momento mágico do processo ensino-aprendizagem.

É necessário discutir a reformulação da visão de educação de todos aqueles personagens comprometidos com o ato de ensinar e o ato de aprender.(SOARES, 2003). Precisamos entender que o educador, além de todo seu compromisso didático-pedagógico, deve educar os seus alunos para o mundo, para que tenham autonomia e possam lutar com consciência por sua liberdade social.

Precisamos educar as crianças para serem críticas hoje, enquanto crianças, com o objetivo de termos um adulto mais humano e consciente no futuro. É inegável que o ser humano é passível de influências, que apesar de todo fator genético envolvido no processo de criação e/ou construção humana somos seres influenciáveis. É neste ponto que podemos analisar a importância do educador na vida desse ser humano que chega num espaço pedagógico chamado escola desprendido de qualquer filosofia, dando a oportunidade do educador desenvolver um trabalho de construção do saber e do conhecimento sócio-politico-cultural.

Muitos podem achar utopia essa busca pelo educador ideal, realmente muitas das vezes, devido à desvalorização do educador como agente e mediador de conhecimento, somos levados a pensar que isso pode ser uma utopia mesmo, mas quando Paulo Freire (1996) diz: “Me movo como educador, porque primeiro me movo como gente”, nos faz acreditar que ainda é possível, que ainda está em tempo de nos desprendermos de todo tradicionalismo arcaico e de toda quantificação da educação, conseguindo assim fazer com que os alunos não sejam meros espectadores do processo ensino-aprendizagem, mas também valiosos protagonistas, implantando-se verdadeiramente o construtivismo na educação.

Bibliografia:

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. SP, 1996, Paz e Terra Coleção Leitura, 27ª ed. p.94.

SOARES, Dulce Consuelo R., 2003, Os vínculos como passaporte da aprendizagem: Um encontro D’EUS, RJ, Caravansarai, p.19.

ALVES, R. O educador: Vida e morte, RJ, 1986, Edições Graal, 7ª ed., p. 16
Autor: Alexsandro Rosa Soares


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